Maersk disputa área do EAS para terminal de R$ 2,6 bi
jul, 01, 2022 Postado porSylvia SchandertSemana202226
A Maersk, por meio de sua subsidiária APM Terminals, está na disputa para adquirir uma área do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), no Porto de Suape, em Pernambuco. O grupo planeja investir até R$ 2,6 bilhões em um novo terminal de contêineres no local. Porém, para isso, a empresa ainda terá que vencer o leilão de venda do ativo, que ocorre no âmbito da recuperação judicial do estaleiro.
Além da Maersk, estão na disputa outros dois grupos: o filipino ICTSI e a Conepar. Ambos já atuam em Suape. A entrega de ofertas está marcada para quarta-feira (6), e o leilão, na quinta (7).
O grupo global de navegação, porém, já saiu à frente, porque apresentou previamente uma oferta vinculante de R$ 300 milhões por um lote do terreno (a UPI-B Cais Sul). Com isso, entrará no leilão como “stalking horse”. Ou seja, caso surjam propostas superiores, poderá exercer direito de preferência e cobrir a oferta.
A Conepar e a ICTSI chegaram a tentar impugnar o edital de alienação da área, sob argumento de que o estaleiro não fez processo competitivo para escolher a APM como “stalking horse”, o que teria prejudicado a concorrência. A juíza, porém, rejeitou os pedidos.
O modelo de “stalking horse” tem se tornado comum em recuperações judiciais. A lógica é que, por um lado, a empresa vendedora consegue a segurança de que haverá uma proposta mínima – o que também eleva o interesse pelo ativo. Em troca, o comprador que oferece essa garantia recebe o direito de preferência.
“A Maersk fez uma proposta firme, que foi levada pelo EAS aos credores da recuperação judicial, e aceita por eles para atuar como ‘stalking horse’. O leilão está aberto para a concorrência de todos os participantes. Para o estaleiro, o importante é obter o melhor valor global possível, para pagar os credores”, afirma Felipe Camara, sócio de Reestruturação e Insolvência do Lefosse, que representa o estaleiro na venda desse ativo.
A Maersk vem conversando com o EAS desde o início da recuperação judicial, em fevereiro de 2020. Porém, o interesse em entrar no mercado de Suape vem de muito antes, segundo Santi Simone Casciano, líder de Desenvolvimento Comercial da APM Terminals na América Latina. Hoje, o grupo já opera em Itajaí (SC), Itapoá (SC), Pecém (CE) e Santos (SP, em parceria com a TIL, da MSC).
“Vemos muito potencial em Suape. Além da possibilidade de agregar mais serviços de longa distância, há espaço para converter mais carga de caminhões à cabotagem, que é muito forte no porto, mas ainda sofre com preços altos. Queremos trazer mais competição a esse mercado”, diz Leonardo Levy, gerente de Desenvolvimento Corporativo da APM Terminals na América Latina.
O plano da empresa é começar a operação com uma capacidade inicial de 400 mil TEUs. “Este seria o ponto de partida. A partir daí, esperamos que o mercado reaja aos menores preços e que possamos expandir a capacidade, potencialmente fazendo de Suape um ‘hub’ para o Nordeste”, afirma Levy.
A previsão é que o desenvolvimento completo do empreendimento demandaria um investimento de até R$ 2,6 bilhões.
Questionados sobre as críticas dos concorrentes, os executivos afirmam que não há motivo para controvérsia. “O mecanismo do ‘stalking horse’ já foi usado em outras recuperações judiciais no Brasil, então não é algo novo. Além disso, o leilão está em aberto, há outros grupos qualificados para a disputa”, diz Casciano.
A alienação de ativos é uma parte importante do plano de recuperação judicial do EAS, controlado pela Queiroz Galvão e Mover (Camargo Corrêa). O grupo pediu recuperação judicial em janeiro de 2020, para reestruturar uma dívida de R$ 1,4 bilhão – o maior credor é o BNDES.
Além da área desejada pela Maersk (a UPI-B Cais Sul), o leilão marcado para a próxima semana tenta encontrar um comprador para um segundo terreno, o UPI-B Central, avaliado em R$ 595 milhões. Uma fonte próxima à empresa acredita ser pouco provável uma oferta pela área completa. Em outubro de 2021, o estaleiro chegou a fazer um leilão dos dois lotes juntos, por R$ 895 milhões, mas não houve interesse. Depois, veio a ideia de dividir o bloco.
Há ainda uma terceira área à venda (a UPI-A). O estaleiro firmou um memorando de entendimentos com um grupo brasileiro para negociar a venda do lote, que poderá ser feita de forma direta. As conversas, porém, seguem em curso, segundo fonte.
Fonte: Valor Econômico
Para ler o artigo original completo: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/07/01/maersk-disputa-area-do-eas-para-terminal-de-r-26-bi.ghtml
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