Maersk quer expandir serviços logísticos além da navegação
dez, 14, 2020 Postado porSylvia SchandertSemana202051
A Maersk planeja expandir a prestação de serviços logísticos no Brasil para além da cabotagem.A informação é do presidente do grupo no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, Julian Thomas.“Temos a vantagem de ter um tremendo portfólio de clientes que usam nossos navios. Com esses contatos, pretendemos aumentar a oferta de serviços prestados”,afirma o executivo.
De acordo com ele, a empresa planeja expandir a movimentação de cargas por via terrestre, aérea e por cabotagem, além de planejar investimentos em armazéns e gestão logística.Esse plano de ampliar a atuação na cadeia logística não é exclusivo ao Brasil. Faz parte de uma estratégia global do grupo, que atua em 130 países e opera 66 terminais portuários pelo mundo. No terceiro trimestre, a receita global foi de US$ 9,92 bilhões – apenas 1,37% abaixo de um ano atrás. Navegação marítima respondeu por 71%, mas o plano é que, no futuro, caia para 50%, com crescimento de serviços de operação logística.
Nos últimos meses, o grupo deu mais um passo na sua reformulação interna e incorporou mais dois negócios: a Damco, que faz transporte de carga fracionada e por via aérea, e a Safmarine, com forte atuação na África. A ideia é integrar melhor os serviços oferecidos.
Thomas vê um grande potencial de expansão na oferta de serviços de ponta a ponta – que, no caso da Maersk, podem ir desde o transporte por via oceânica até o consumidor final. Para completar a carteira de serviços no país, uma prioridade será investir em novos armazéns, afirma ele.
O grupo também estuda aquisições no Brasil, que poderão acelerar esse movimento. “Há um potencial de crescimento inorgânico, com oportunidades que possam nos ajudar a dar um salto. Mas, no momento, não há nada concreto nesse sentido, é uma intenção, estamos olhando”, diz.
A cabotagem também está entre os segmentos nos quais a empresa quer continuar crescendo. Porém, sobre a reformulação de regras do setor, em discussão no Congresso Nacional, a chamada “BR do Mar”, há uma preocupação. Isso porque grupos de caminhoneiros têm feito pressão para impedir que as empresas de navegação possam fazer também o transporte terrestre – o que inviabilizaria parte da operação atual da Maersk e todo seu plano de expansão. Essa proibição chegou a ser incluída no texto por meio de uma emenda, de autoria do deputado federal Fausto Pinato (PP-SP). No entanto, o artigo foi retirado do projeto de lei antes de ser aprovado e encaminhado à discussão do Senado. Ainda assim, trata-se de um ponto de atenção, avalia o presidente.
“A cabotagem nos últimos anos tem crescido de forma exponencial, e o problema não tem sido a falta de capacidade dos navios, que é o principal foco da BR do Mar. Obviamente vemos com bons olhos qualquer medida que reduza custos. Porém, aquilo que a cabotagem mais precisa é de uma redução na burocracia, que hoje é um entrave.Por exemplo: para fazer um transporte rodoviário de Manaus a São Paulo, você precisa de dois documentos. Por cabotagem, são necessários 12. É importante que haja uma simplificação”, afirma.
A expectativa da companhia para 2021 é de muito otimismo no Brasil, segundo o executivo. A meta é crescer cerca de 20%, em faturamento. Mesmo com todas as incertezas no cenário macroeconômico, Thomas vê essa expansão como possível devido aos planos de ampliação dos serviços logísticos no país.
Mas até mesmo a perspectiva para o comércio marítimo é positiva, diz ele. Após um 2020 fortemente impactado pela pandemia, principalmente no segundo trimestre, a Maersk já vê uma retomada nas importações – nos últimos meses, houve uma recuperação muito acima do esperado e, até o início de dezembro, os navios que vêm ao Brasil continuam lotados. No caso das exportações, o impacto foi praticamente nulo, afirma. “Ao longo do terceiro trimestre, houve uma retomada forte das importações. Não foi o suficiente para recuperar [a queda brusca dos meses anteriores], mas, no volume total, devemos terminar o ano quase empatados com 2019”, diz.
Para 2021, a projeção em movimentação é de um crescimento de 7% para as importações e entre 3% e 4% para as exportações. Em cabotagem, a perspectiva é uma alta entre 10% e 12% no próximo ano. “É claro que o cenário é ainda nebuloso, mas somos otimistas”, diz.
Fonte: Valor Econômico
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