Manga e uva representam mais de 32% das frutas exportadas em 2020
dez, 16, 2020 Postado porSylvia SchandertSemana202052
A manga e a uva são duas frutas que, por sua sazonalidade, remetem às festas de final de ano, estando presentes na ceia da maioria das famílias. Mas essas frutas não agradam somente o paladar brasileiro. Por isso, a demanda no exterior por manga e uva é crescente.
Dados do DataLiner apontam que, nos primeiros dez meses de 2020, a manga representou 24,1% das frutas exportadas pelo Brasil. Em igual período no ano passado, a representatividade era um pouco menor, 22%. Já a uva teve sua representatividade estável entre as frutas exportadas pelo país de janeiro a outubro de 2020: 8,6% contra 8,7% nestes meses de 2019.
As uvas têm seu pico de exportação entre setembro e novembro, com um maior volume exportado em outubro. Já as mangas são exportadas praticamente o ano todo mas com volumes irregulares, já que 58% dos embarques estão concentrados nos meses de setembro, outubro e novembro.
Logística de exportação
Como era de se esperar, os portos do Nordeste lideram as exportações das duas frutas, já que elas são, em sua maioria, produzidas na região do Vale do São Francisco. Confira a seguir a participação de cada porto nas exportações das duas frutas:
Fonte: DataLiner
Entre os armadores, a CMA CGM lidera as atividades de exportação, com 41% do volume exportado no período de janeiro de 2017 a dezembro de 2019, seguida pela Hapag Lloyd (22%), Hamburg-Sud (18%), MSC (12%), Marfret (5%) e Maersk Line (2%).
Vale apontar, também, que no início da temporada de frutas, em setembro, pelo segundo ano seguido, o Porto do Pecém passou a receber a linha de navegação que conecta o Porto do Pecém com portos do Mar Mediterrâneo com o objetivo exclusivo de fazer a exportação de frutas. A linha faz parte do serviço WMED, operado desde o ano passado pela MSC – Mediterranean Shipping Company, com a seguinte rota:
Espanha: Valência (9 dias); Barcelona (11 dias);
Itália: Genova (13 dias); Livorno (14 dias) e Gioia Tauro (16 dias).
Segundo a MSC, esse é também o único serviço com escala direta entre um porto do nordeste brasileiro e a Itália. A rota atende, especialmente, a demanda crescente dos fruticultores que exportam parte da produção para países da Europa. Principalmente o melão, produzido no Ceará e no Rio Grande do Norte; e a manga e a uva, produzidas no Vale do Rio São Francisco.
Destinos
A Europa é o principal destino das mangas e uvas brasileiras, com 80% do volume, seguida dos Estados Unidos, com 19% e Ásia com 1%. Entre os países, a liderança é da Holanda, que em 2020 recebu um volume 10% superior ao de 2019 (Janeiro a Outubro) Confira a seguir:
wdt_ID | País | 2019 | 2020 | Diff. % |
---|---|---|---|---|
1 | NETHERLANDS | 8196 | 9.030 | 10% |
2 | UNITED STATES | 4136 | 4.871 | 18% |
3 | SPAIN | 2298 | 2.910 | 27% |
4 | UNITED KINGDOM | 2136 | 2.788 | 31% |
5 | RUSSIAN FEDERATION | 292 | 332 | 14% |
6 | GERMANY, FEDERAL REPUBLIC | 142 | 180 | 27% |
7 | IRELAND | 74 | 110 | 49% |
8 | NORWAY | 42 | 22 | -48% |
9 | UNITED ARAB EMIRATES | 32 | 26 | -19% |
10 | ITALY | 46 | 8 | -82% |
11 | OTHERS | 77 | 50 | -35% |
Fonte: DataLiner (Para solicitar um demo do DataLiner clique aqui)
Perspectivas
De acordo com o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, apesar dos temores iniciais, a pandemia de covid-19 trouxe poucos impactos negativos às exportações de frutas do Brasil. Em volume, todas as principais frutas exportadas superaram os envios médios dos últimos cinco anos – e a maioria, inclusive, registra performance superior à observada em 2019, que já havia sido considerado um bom ano.
Para o órgão, as exportações foram beneficiadas pela demanda aquecida (tendo em vista o apelo da alimentação saudável) e por problemas em alguns países relacionados à pandemia e a questões produtivas. Além disso, o dólar valorizado frente ao Real também favoreceu bastante os embarques, já que torna produtos brasileiros mais atrativos no mercado externo. A moeda norte-americana elevada permitiu que exportadores baixassem o preço médio (em dólar), sem deixar de ter boa rentabilidade em Real, mesmo em períodos pouco usuais de embarques. O Brasil, no geral, conseguiu manter sua oferta de frutas, o que estimulou as exportações à União Europeia, a qual, por sua vez, manteve firme a demanda por frutas e vegetais frescos durante a pandemia.
Segundo o diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Eduardo Brandão, no próximo ano as frutas brasileiras deverão ser mais exportadas para os países árabes. As principais frutas embarcadas ao Oriente Médio e Ásia costumam ser o melão, a uva, a manga e o limão-taiti, apontam os dados da associação.
“Há uma grande expectativa de crescimento nas exportações de frutas para o bloco do Oriente Médio (Arábia Saudita, Bahrein e Emirados Árabes Unidos). E para o continente asiático, especialmente China e Coreia do Sul. Nossas frutas têm qualidade e são muito apreciadas por esses países”, ressaltou Brandão, em nota.
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