
Medidas comerciais dos EUA podem impactar a indústria automotiva do Brasil
mar, 28, 2025 Postado porDenise VileraSemana202512
As tarifas de importação no setor automotivo, já em vigor ou em discussão pelo governo de Donald Trump, devem impactar também o Brasil. Os Estados Unidos e o México são o segundo e o terceiro maiores mercados de exportação da indústria brasileira de autopeças, respectivamente. Juntos, eles representaram US$ 2,29 bilhões em 2024, o equivalente a 29,2% da receita total de exportação do setor no Brasil.
A tarifa de 25% imposta sobre veículos importados pelos EUA já está causando efeitos, uma vez que o Brasil fornece componentes para abastecer as linhas de montagem mexicanas. Com US$ 923 milhões em exportações, o México representou 11,8% da receita brasileira com exportação de autopeças em 2024.
A situação tende a se agravar assim que o governo dos EUA definir as tarifas para autopeças importadas, conforme já sinalizado. Caso sejam implementadas, essas novas tarifas tornarão as peças brasileiras mais caras no mercado americano.
Em 2024, o Brasil exportou US$ 1,37 bilhão em autopeças para os EUA, o que representou 17,5% da receita do setor naquele ano. Os Estados Unidos ficaram atrás apenas da Argentina, que gerou 34,6% da receita de exportação brasileira de autopeças.
O setor se prepara para novas dificuldades. Em comunicado, o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (SINDIPEÇAS) afirmou que vê as medidas “com preocupação”. A entidade destacou que, após as tarifas sobre carros, “algumas autopeças também enfrentarão tarifas adicionais semanas depois, com a possibilidade de mais itens serem incluídos na lista inicial.” A liderança do SINDIPEÇAS disse estar “aguardando os detalhes completos da legislação para avaliar melhor os impactos potenciais.”
Os efeitos das novas tarifas para o Brasil não se limitam ao setor de autopeças. Embora as montadoras no Brasil não exportem veículos para os EUA — o segundo maior mercado automotivo do mundo — as novas medidas devem ter um impacto financeiro significativo sobre as fabricantes, afetando potencialmente sua capacidade de investimento globalmente, incluindo no Brasil.
Além disso, a necessidade de alterar estratégias de fabricação para aumentar a produção nos EUA, como pretende Trump, pode levar as montadoras a direcionar mais investimentos para fábricas americanas, reduzindo o fluxo de recursos para outros países com forte indústria automotiva, como o Brasil.
Um alto executivo de uma grande montadora com operações no Brasil afirmou que não há dúvidas de que o impacto será significativo, especialmente no México. Cerca de 80% dos veículos produzidos nas fábricas mexicanas são destinados ao mercado americano. Em 2024, 2,8 milhões de veículos cruzaram a fronteira — mais do que toda a produção brasileira de 2,54 milhões de unidades no mesmo ano.
Muitos dos veículos fabricados no México são projetados para atender às preferências e ao poder de compra dos consumidores dos EUA. Portanto, são maiores e mais luxuosos do que os modelos exportados para o Brasil. Sob um acordo de livre comércio, 10% dos veículos importados pelo Brasil em 2024 vieram do México.
Com quase 4 milhões de veículos produzidos em 2024, o México foi o quinto maior produtor de veículos do mundo, atrás da China, Estados Unidos, Japão e Índia. O Brasil ficou na oitava posição. O México também é o quinto maior exportador de veículos do mundo, ficando atrás da Alemanha, Japão, EUA e Coreia do Sul.
Aço brasileiro
Segundo dados da Associação Mexicana da Indústria Automobilística (AMIA), o México conta com 37 fábricas de veículos, motores e transmissões. A maioria pertence a empresas que também operam nos EUA e no Brasil, incluindo fabricantes americanas, europeias e asiáticas, empregando um total de 84 mil trabalhadores.
As preocupações da indústria não se limitam às possíveis tarifas sobre autopeças e às tarifas já existentes sobre veículos. Há poucos dias, Márcio de Lima Leite, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), afirmou estar preocupado também com possíveis tarifas adicionais sobre o aço brasileiro.
“As montadoras só podem ser fortes se cada elo da cadeia for forte. Uma indústria siderúrgica forte garante maior volume e menores custos”, disse ele.
Alguns, no entanto, ainda mantêm um certo otimismo. Um analista do setor, que preferiu não se identificar, acredita que ainda há espaço para negociação entre as montadoras e o governo Trump. Nesse cenário, as fabricantes poderiam se comprometer a aumentar a produção em fábricas nos EUA em troca de um compromisso do governo em reduzir ou adiar as tarifas.
No início de março, Trump concordou em adiar as tarifas sobre veículos por um mês após receber um telefonema que incluiu os CEOs da General Motors, Ford e Stellantis.
Fonte: Valor International
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