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Mercado de carros cresce e chineses se beneficiam de estoque preparado antes de volta do imposto

set, 12, 2024 Postado porSylvia Schandert

Semana202437

Desde que o governo anunciou a volta gradativa do Imposto de Importação em carros elétricos e híbridos, o tributo já foi elevado duas vezes, em janeiro e julho. Mas, até agora, as marcas chinesas, principais importadoras desses veículos, não elevaram os preços. Para evitar o repasse imediato, essas empresas se prepararam. Anteciparam a importação de altos volumes de veículos e hoje contam com estoque suficiente para manter preços por mais algum tempo.

A Anfavea, associação que representa os fabricantes já instalados no Brasil, se queixa da situação. Na semana passada, o presidente da entidade, Márcio de Lima Leite, disse que o nível de estoques dos elétricos e híbridos chineses chegou a mais de 86 mil em junho, véspera da segunda etapa do aumento do imposto. Segundo o dirigente, a quantidade estocada era suficiente para nove meses de vendas. Esse estoque estaria, no fim de agosto, em mais de 81 mil, segundo Leite.

Desde 2016, carros 100% elétricos estavam isentos do Imposto de Importação e nos híbridos incidia alíquota reduzida. No fim de 2023, o governo anunciou que retomaria a tributação de forma gradual. As duas primeiras fases do ajuste foram em janeiro e julho. As alíquotas agora estão em 18% para 100% elétricos, 25% para híbridos e 20% para híbridos “plug-in”. O cronograma de elevação do tributo seguirá gradativamente até alcançar, em julho de 2026, a alíquota máxima, de 35%, permitida pela Organização Mundial do Comércio (OMC).

Ao perceber que a concorrência chinesa ainda está forte, a Anfavea se espelhou em decisões tomadas por outros países, como os Estados Unidos, que elevou de 25% para 100%, a alíquota do Imposto de Importação para produtos chineses. E decidiu, então, encaminhar ao Ministério da Fazenda pedido para que a alíquota do Imposto de Importação nos chamados eletrificados aumente para 35% imediatamente.

Até agora, o governo não se pronunciou a respeito. Na semana passada, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, desconversou ao ser questionado sobre isso enquanto participava de uma entrevista promovida pela própria Anfavea.

A entrevista prosseguiu depois que o ministro já havia deixado a sede da Anfavea, em Brasília. A mesma repórter que o havia indagado a respeito do imposto, dirigiu, então, pergunta semelhante ao presidente da entidade. Leite disse que o pedido para que o tributo seja elevado para a alíquota máxima será, agora, encaminhado à Câmara de Comércio Exterior (Camex).

O episódio da semana passada acirrou ainda mais a disputa, pelo mercado brasileiro, entre as marcas com fábricas no país e as chinesas, que também têm planos de produzir no país, mas, por enquanto, ainda importam. Enquanto a Anfavea representa um lado, as chinesas são associadas à ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico).

Ao comentar sobre os dados de estoques dos concorrentes apresentados pela Anfavea, o presidente da ABVE, Ricardo Bastos, disse que a entidade não têm o número porque seus representantes “têm mais o que fazer, além de contar carros”.

Ao mesmo tempo, Bastos não refutou a informação. Calculou que o número não deve estar errado e considerou “natural” as empresas fazerem estoque num momento em que foi anunciado que o imposto ia subir.

O mercado dos chamados eletrificados – híbridos e elétricos – segue em expansão. Com 14,6 mil unidades, incluindo os fabricados no Brasil, como a linha Toyota, o volume vendido em agosto representou um crescimento de 57% na comparação com o mesmo mês do ano passado.

A fatia dos híbridos e elétricos ainda é pequena quando comparada ao mercado total. No mês passado foi equivalente a 6,6%. Mas o ritmo de expansão segue acelerado.

Os altos estoques ajudam as marcas a se tornarem mais conhecidas do brasileiro enquanto preparam a produção no país. A BYD planeja começar a montar veículos ainda este ano, com peças importadas, em fábrica que está sendo construída em Camaçari (BA), onde funcionou a Ford. A GWA (Great Wall Motor) prepara a fábrica que adquiriu da Mercedes-Benz em Iracemápolis, no interior de São Paulo, para operar na primeira metade de 2025.

A disputa pelo mercado brasileiro de veículos tende a continuar acirrada, principalmente num momento em que a maior oferta de crédito provoca aumento da demanda.

Em agosto, a média diária de emplacamentos somou 10,8 mil unidades, a melhor do ano e 19,5% maior do que a de agosto de agosto de 2023, segundo a Anfavea. As vendas internas alcançaram 237,4 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus. Isso representou um avanço de 14,3% na comparação com o mesmo mês do ano passado

No acumulado de janeiro a agosto, o crescimento do mercado total foi de 13,3%, num total de 1,62 milhão de unidades. Já no caso dos híbridos e elétricos, no mesmo período, foram vendidos 109,2 mil veículos, um aumento de 123% em comparação com o acumulado de janeiro a agosto de 2023.

Fonte: Valor Econômico

Clique aqui para ler o texto original: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/09/10/mercado-de-carros-cresce-e-chineses-se-beneficiam-de-estoque-preparado-antes-de-volta-do-imposto.ghtml

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