Mercosul ainda tenta fechar contraproposta para a UE
ago, 07, 2023 Postado porSylvia SchandertSemana202333
Negociadores europeus sinalizaram ao Mercosul que estão dispostos a se deslocar a Brasília ainda neste mês de agosto, para retomar as negociações visando concluir o acordo comercial birregional neste ano, conforme relatos de setores do Mercosul.
A posição europeia não é trivial, considerando que significa interromper o tradicional período de férias do verão europeu, que deixa quase tudo parado no velho continente.
No primeiro semestre, a UE apresentou ao Mercosul uma ‘side lettter’ com novas exigências para concluir o acordo birregional, com enfase em compromissos ambientais, para superar oposição às negociações em setores da Europa.
O Brasil, sobretudo, reagiu duramente ao documento europeu. Depois de confrontos dentro do governo Lula, o Brasil formulou uma contraproposta que circulou aos sócios do Mercosul na primeira quinzena de julho. A próxima etapa é consolidar um documento final do bloco para apresentar aos europeus.
Mas, sem surpresa, a fase de negociação interna no âmbito do Mercosul não está sendo nada fácil.
Na semana passada, negociadores do bloco se reuniram em Brasília.
A Argentina, que viu boa parte de suas preocupações incorporadas na contraproposta brasileira, apareceu preparada e apresentou uma série de comentários adicionais bem detalhados.
O Paraguai foi mais genérico, até porque a dinâmica em Assunção é complicada, com um novo governo que toma posse no dia 15. Mesmo assim, os paraguaios demonstram disposição para avançar na consolidação da contraproposta para os europeus.
Já o Uruguai, que insiste no discurso que quer fechar o acordo com a UE, fica empurrando as discussões e nunca pode reagir a tempo, conforme reclamação de setores do bloco.
Os uruguaios dizem na verdade que o Brasil e a Argentina estão limitando muito a oferta na área de compras governamentais para os europeus. Ao mesmo tempo, ouvem que Montevidéu toma uma posição mais liberal que joga com os interesses das indústrias brasileiras e argentinas, porque tem pouco ou nada a perder em certas áreas da negociação.
A percepção em setores do Mercosul é de que o Uruguai ‘cria confusão’. E que, por razões políticas domésticas, gosta de reclamar do Brasil e da Argentina. Na semana passada, o chanceler uruguaio Francisco Bustillo disse no Parlamento que as negociações em geral do Mercosul ‘tem sido travadas’ por causa de assuntos internos do Brasil.
No começo de julho, o presidente Luis Lacalle Pou não assinou documento final de encontro de líderes do Mercosul. O texto mencionava dificuldades que os legisladores de países europeus estariam criando para o acordo entre o bloco do cone sul e a UE.
Ficou acertado em Brasilia um prazo de mais alguns dias para os sócios fazerem seus comentários sobre a contraproposta, para se tentar consolidar a posição do bloco.
No entanto, enquanto o Brasil coloca o pé no acelerador, um ‘plano B’ para uma próxima reunião com os europeus já entrou no radar – ou seja, reunião em agosto parece bem difícil.
Que o Mercosul dará is próximos passos, para a contraproposta final aos europeus, não há dúvida. A questão é de ritmo. Certas fontes no Mercosul notam que é fácil ser cético e apostar que de novo a negociação vai fracassar. Insistem, porém, que a situação agora é diferente e barganhas finais poderiam ocorrer em setembro e outubro, para assinatura do acordo até dezembro.
A avaliação em setores do bloco é de que será muito difícil a UE ‘bater’ na contraproposta que vai receber. Segundo uma fonte, inclui tudo o que os europeus querem, com exceção de porteira aberta para sanções comerciais, por exemplo.
Quanto à revisão da oferta brasileira de compras públicas, Brasília tem argumentado com o que acontece no mundo. Ou seja, com a pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia, e tendo em vista que tanto a Europa como os Estados Unidos incorporam nova política industrial e busca de autonomia estratégica, incluindo os enormes subsídios para a transição verde, o Brasil pode dizer que também quer ter espaço para políticas nessa direção.
Não é só a transição verde, mas a mudança do cenário internacional pós-pandemia e a sensação de que países industrializados vão na direção de legislações unilaterais, fazendo suas escolhas, e os parceiros não podem ficar só assistindo a isso.
Fonte: Valor Econômico
Para ler a reportagem original completa, acesse: https://valor.globo.com/opiniao/assis-moreira/coluna/mercosul-ainda-tenta-fechar-contraproposta-para-a-ue.ghtml
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