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Milho brasileiro destaca disparidade nas previsões do USDA e da Conab

out, 17, 2024 Postado porSylvia Schandert

Semana202441

A controvérsia sobre as estimativas de safra do Brasil dominou a atenção do mercado no início deste ano, à medida que o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) e seu equivalente brasileiro, a Conab, estabeleceram visões drasticamente diferentes sobre as colheitas de milho e soja.

As disparidades nas safras de 2023-24 foram incomumente grandes e envolveram volumes significativos o suficiente para impactar o comércio global, considerando que o Brasil é o principal exportador de soja e o segundo em milho.

Essa discussão pode ressurgir este ano, pois as previsões para a safra de 2024-25 entre o USDA e a Conab estão novamente desalinhadas. Felizmente para a soja, as perspectivas iniciais de 2024-25 das duas agências representam a menor disparidade em quatro anos.

No entanto, suas estimativas para a safra de milho 2024-25 estão ainda mais distantes do que nas temporadas anteriores, e essa margem de discrepância só aumentou nos últimos três anos.

Analisando mais a fundo, é possível identificar algumas diferenças explicáveis nas previsões de cada agência, sugerindo que as suposições gerais podem ser mais semelhantes do que parecem. No entanto, é importante entender o que está impulsionando essas divergências.

DESTAQUES DO MILHO

Em sua primeira perspectiva oficial publicada na terça-feira, a Conab estimou a produção total de milho do Brasil para 2024-25 em 119,74 milhões de toneladas, um aumento de 3,5% em relação a 2023-24. O USDA, desde maio, manteve uma previsão de 127 milhões de toneladas, cerca de 6% superior à da Conab.

Essa disparidade de 7,3 milhões de toneladas (286 milhões de bushels) representa mais de um quarto de todas as exportações de milho do Brasil até agora em 2024.

A estimativa do USDA para a safra de milho 2023-24 é mais de 5% superior à da Conab, impulsionada por números maiores tanto na área plantada quanto no rendimento. Em relação ao ano anterior, no entanto, o USDA projeta um aumento de 4,1% na safra de 2024-25, algo que está relativamente alinhado com a visão da Conab.

A tendência da área é onde as agências discordam. A Conab vê as plantações de milho em 2024-25 caindo fracamente em relação ao ano anterior, enquanto o USDA projeta um aumento de 3,7% na área colhida. Essa diferença é de 1,3 milhão de hectares (3,2 milhões de acres).

Quase 80% da produção total de milho do Brasil vem da segunda safra, plantada imediatamente após a colheita da soja. A Conab, na verdade, projeta um aumento de 1% na área da segunda safra de milho em 2024-25, embora o USDA não detalhe suas estimativas além do nível total da safra.

Isso é importante porque a segunda safra de milho do Brasil é a principal utilizada para exportações, portanto, uma área maior, combinada com altos rendimentos, poderia manter ou aumentar sua presença no mercado mundial, pressionando os exportadores dos EUA.

Em sua reunião semestral com usuários de dados na quarta-feira, oficiais do USDA disseram que as diferenças nas estimativas de milho com a Conab são atribuídas a suposições de demanda variadas. Uma análise dos números mostra que as disparidades na safra de milho são amplamente compensadas pelas exportações e uso interno.

O USDA projeta um aumento de 6% nas exportações de milho do Brasil em 2024-25, enquanto a Conab prevê uma queda de 5%, colocando mais ênfase no uso interno.

DISPARIDADE MENOR NA SOJA

As estimativas de soja foram o que inicialmente chamou a atenção do mercado no início deste ano, uma vez que a projeção do USDA para a safra de soja do Brasil em 2023-24 estava mais de 8 milhões de toneladas (5% ou 294 milhões de bushels) acima da da Conab.

Esses números se aproximaram desde então, mas em média, ao longo das três temporadas anteriores, as visões de safra de soja do USDA são mais de 4% maiores do que as da Conab.

O gráfico abaixo usa dados derivados do DataLiner para comparar o volume de exportação de soja de cada mês nos portos marítimos brasileiros no período que compreende os primeiros oito meses do ano entre 2021 e 2024.

Exportações de soja do Brasil | Jan 2021-Ago 2024 | WTMT

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

A previsão do USDA para 2024-25 de 169 milhões de toneladas é apenas 1,8% maior do que a da Conab, que é de 166 milhões, o que representa uma maior divergência do que na maioria dos anos, mas menor do que as observadas recentemente. Este ano, a diferença é enraizada em suposições de rendimento.

Ambas as agências são otimistas em relação a exportações recordes de soja brasileira em 2024-25, impulsionadas pela forte demanda do principal comprador, a China, e uma safra recorde ajudaria a facilitar isso.

No entanto, se o Brasil experimentar principalmente condições climáticas favoráveis nos próximos meses, ambas as agências podem estar subestimando o potencial da safra de soja, como costumam fazer em anos de bom tempo.

Texto de Karen Braun

Fonte: Reuters

Clique aqui para ler o texto original: https://www.reuters.com/markets/commodities/brazilian-corn-heads-up-latest-usda-conab-forecast-disparity-2024-10-17/

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