Milho safrinha deve ter produtividade recorde

A colheita deve atingir 102,4 milhões de toneladas, alta de 10% na comparação com o ciclo anterior, segundo estimativas divulgadas ontem pelo Rally da Safra, expedição que percorre as principais áreas produtoras do Brasil, organizada pela Agroconsult. Na estimativa anterior, feita em março, a projeção era de uma colheita de 97,2 milhões de toneladas.

Segundo André Debastiani, coordenador do Rally da Safra, a produtividade das lavouras também será recorde, alcançando 102,1 sacas por hectare. O aumento em relação à safra anterior será de 11%.

O rendimento das lavouras de Mato Grosso e Goiás puxou para cima o resultado nacional. A produtividade nos dois Estados será de 116 e 114 sacas por hectare, respectivamente. Em ambos os casos, o desempenho será recorde.

A Agroconsult também estimou um volume inédito de exportações de milho. O Brasil deve embarcar 54,1 milhões de toneladas do cereal, ou 11,3% a mais do que no último ciclo, quando foi recorde.

Confira a seguir um histórico das exportações brasileiras de milho a partir de janeiro de 2019. Os dados são do DataLiner:

Exportações brasileiras de milho | janeiro 2019 – março 2023 | WTMT

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)

Apesar das perspectivas favoráveis para os embarques, o país deve ter desafios para alcançar os números. André Pessôa, CEO da Agroconsult, diz que haverá uma “grande pressão no sistema logístico brasileiro até o fim do ano”, com a colheita do milho safrinha, que deve ganhar corpo em junho.

“Além dos armazéns cheios de soja e do volume que ainda será exportado, os preços dos fretes neste ano serão maiores para o milho. Nós temos oferta e demanda para atender as 54 milhões de toneladas, mas os problemas logísticos decorrentes de uma safra robusta podem prejudicar a estimativa de exportação, que ainda acredito que ficará acima das 50 milhões de toneladas”, disse Pessôa em entrevista a jornalistas.

Mesmo que o atraso no plantio não tenha afetado as estimativas de produção, a área do milho safrinha será menor do que as projeções iniciais. Em janeiro deste ano, a Agroconsult estimou que a cultura ocuparia 17,4 milhões de hectares; agora, a consultoria projeta uma área de 16,7 milhões de hectares, praticamente a mesma do ciclo 2021/22.

Segundo a empresa, o alongamento da safra de soja afetou a semeadura do milho de segunda safra. Em algumas regiões, como no Paraná, o segundo maior produtor de milho do país, o plantio foi o mais lento da história. Como consequência, a Agroconsult estima que 6 milhões de hectares do milho da segunda safra foram semeados fora do período considerado ideal.