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Portos e Terminais

Modal ferroviário tem como desafio atrair mais cargas no Porto de Santos

set, 14, 2023 Postado porSylvia Schandert

Semana202338

O modal rodoviário segue como campeão quando o assunto é o transporte de cargas para o Porto de Santos. De acordo com dados da Autoridade Portuária de Santos (APS), 101,8 milhões de toneladas foram trazidas desta forma em 2022 e, de janeiro a julho deste ano, o total por este modal chegou a 60,4 milhões de toneladas. A realidade é bem diferente quando as ferrovias entram em cena: 40,6 milhões de toneladas ao longo de 2022 e 25,5 milhões de toneladas nos sete primeiros meses de 2023.

A discrepância nos números é histórica e não acontece apenas no complexo portuário santista: é refletida em todo o País, em razão da prioridade dada ao longo de décadas às rodovias. Mas há vantagens em se optar pelas ferrovias. “Isso representa diminuição de custo, maior competitividade na nossa economia, segurança viária, diminuição de acidentes, redução da emissão de gases de efeito estufa, além de outros benefícios”, lista o consultor portuário Ivam Jardim.

O Governo Federal tem como objetivo ampliar o escoamento de cargas de exportação, especialmente grãos, pelo modal ferroviário. A meta é que a participação na matriz de transporte nacional salte de 17% para 40%, de acordo com o ministro dos Transportes, Renan Filho.

O equacionamento dos pedidos de revisão de contratos e a devolução de concessões para destravar R$ 80 bilhões em investimentos são fundamentais para alavancar as estradas de ferro. No início de agosto, o Tribunal de Contas da União (TCU) autorizou que concessionárias de infraestruturas públicas renegociem seus contratos de concessão com o Governo Federal.

“É esperado que a nova pera ferroviária anunciada para a Margem Direita ajude no processo da busca de maior equilíbrio e maior eficiência no transporte ferroviário para o Porto. Somente a melhoria das condições operacionais e do acesso ferroviário irá levar ao aumento da participação do modal na matriz de transporte do Porto. Investimentos em terminais multimodais no interior, para captação de cargas, e foco além do granel sólido também podem alterar o quadro atual”, afirma o especialista em infraestrutura e consultor portuário Rodrigo Paiva.

Contêineres

Engenheiro civil e mestre em Engenharia de Transportes pelo Instituto Militar de Engenharia, Luis Claudio Santana Montenegro recomenda que se aumente o transporte ferroviário de contêineres. “Para isso, é preciso estimular o chamado trem expresso de cargas, com horários e frequências bem definidas e confiaveis, já que a logística de cargas de maior valor agregado é do tipo just-in-time (na hora certa)”, explica.

Na visão de Montenegro, é preciso desenvolver um terminal ferroviário de contêineres na Margem Direita. A definição do planejamento do Saboó permitirá o desenvolvimento desse projeto, ressalta. “Há interesses dos terminais de contêineres de desenvolverem terminais cada vez mais integrados e eficientes. É preciso aproximar os concessionários e operadores ferroviários independentes dos operadores portuários de contêineres”, completa.

Tudo isso passa, segundo Montenegro, por áreas de apoio logístico, para coordenar o acesso de trens e para montagem e desmontagem das composições, liberando espaço para a integração com as operações em navios nas áreas portuárias.

Já Ivam Jardim acredita que o Porto de Santos, que opera cargas de alto valor agregado, não tem como vocacionar majoritariamente ao modal ferroviário, pois o transporte de contêineres requer mais agilidade, sendo o transporte rodoviário ideal para isso.

“Além disso, para que a operação de contêineres seja eficiente no modal ferroviário, seria necessário a realização de complexas obras na Serra do Mar, o que não se mostra viável financeiramente justamente pela baixa capacidade de captura dessa carga ante a concorrência do modal rodoviário”, argumenta.

Já as commodities, lembra Jardim, têm vocação natural de serem transportadas por ferrovia. “Exemplo disso é o setor de celulose, cuja implantação de uma nova indústria só é viável se os custos logísticos de escoamento aos portos forem competitivos em grande escala, sendo então a localização dessa planta industrial definida tendo como um dos critérios a necessidade de operação ferroviária”.

Fonte: A Tribuna

Para ler a reportagem original, acesse: https://www.atribuna.com.br/noticias/portomar/modal-ferroviario-tem-como-desafio-atrair-mais-cargas-no-porto-de-santos

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