Portos e Terminais

Movimentação portuária em alta

nov, 14, 2024 Postado porSylvia Schandert

Semana202425

A expansão do Produto Interno Bruto (PIB), as safras agrícolas recordes e os primeiros sinais de recuperação da indústria têm alavancado a movimentação portuária e colocado pressão na já deficitária infraestrutura brasileira. No primeiro semestre, o setor movimentou 646 milhões de toneladas, sendo 64% em terminais privados, segundo estatísticas da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).

O segmento de contêineres, que transporta a carga industrial e agroindustrial,cresceu quase 20%. Até agosto, a Datamar apurou alta de 18,8% nas importações,somando 2,1 milhões de TEUS (medida de um contêiner de 20 pés), e de 14,3% nas exportações, para 2 milhões de TEUs. Vinícius Estrela, diretor-executivo da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), diz que há cargas esperando até dois meses para o embarque, o que pode eliminar o ganho do café especial – que sofre deságio se não chegar ao comprador em três a seis meses.

O gráfico a seguir usa dados extraídos do DataLiner para comparar as exportações de contêineres nos portos brasileiros de janeiro a setembro nos últimos três anos.

Exportações brasileiras em contêineres | Jan-Set 2021 vs. Jan-Set 2024 | TEUs

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

O gráfico a seguir utiliza dados extraídos do DataLiner, produto mestre da Datamar, para comparar as importações de contêineres registradas nos portos brasileiros de janeiro a setembro, desde 2021.

Importações Brasileiras em Contêineres | Jan-Set 2021 vs. Jan-Set 2024 | TEUs

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

Gustavo Bonini, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), defende a ampliação dos terminais de veículos, que estão congestionados com 90 mil automóveis importados da Ásia – a média é de 13 mil. Ele lembra que o atraso no descarregamento de autopeças, quando o navio pula um porto, causa desarranjo logístico e pode até paralisar a produção.

Mas portos públicos e privados têm em execução um volume expressivo de investimentos. Eduardo Nery, diretor-geral da Antaq, informa que os arrendamentos licitados em 2024 (cinco em agosto e três previstos para dezembro) vão requerer R$ 3,7 bilhões. “Para 2025, serão licitadas 19 áreas, somando R$ 6,8 bilhões, incluindo o canal de acesso do porto de Paranaguá e a concessão do porto de Itajaí.”

O porto de Santos (SP) tem um plano de investimentos de R$ 21 bilhões, incluindo expansão de terminais, dragagem e um novo túnel. E voltou à agenda o polêmico STS-10, o quarto terminal de contêineres. A grande discussão é se Santos está ou não no limite de sua capacidade. A Autoridade Portuária de Santos (APS) considera que não e havia desistido de licitar o terminal, optando por adensar os terminais da Santos Brasil e da BTP. “Devido a muita pressão envolvendo Antaq e Tribunal de Contas da União (TCU), a Casa Civil pediu reestudos para a retomada do STS-10”, diz Anderson Pomini, presidente da APS.

Em nota, o ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, informou que, em alinhamento com a Casa Civil, serão quatro berços de atracação (o projeto original previa três), o que ampliará em 50% a capacidade de contêineres de Santos. O projeto está sendo atualizado pela Infra S.A., e o estudo será encaminhado ao TCU ainda este ano para que o leilão ocorra em 2025.

A Santos Brasil conduz investimentos de R$ 2,6 bilhões para ampliar a capacidade do terminal de 2,4 milhões para 3 milhões de TEUs já em 2026. “A Santos Brasil passa a fazer parte de um grupo internacional presente no mundo inteiro. Isso abre oportunidade para muitos projetos”, diz Antônio Carlos Sepúlveda, presidente da empresa, que foi aquirida em setembro pela francesa CMA CGM.

Fabio Siccherino, CEO da DP World, ressalta o acerto da decisão, em 2018, de incluir infraestrutura para celulose no terminal em Santos, num investimento inicial de R$ 700 milhões e contrato de 25 anos com a Suzano para uma capacidade de 5 milhões de toneladas. Com a Rumo, a DP World fechou em maio um contrato de 30 anos e investimento de R$ 2,5 bilhões para movimentar 9 milhões de toneladas de grãos e 3,5 milhões de toneladas de fertilizantes. “Essa diversificação é fundamental para enfrentarmos o que acontece hoje. Mas também estamos investindo R$ 450 milhões em contêiner para elevar a capacidade de 1,3 milhão para 1,7 milhão de TEUs em dois anos”, diz Siccherino.

Outro projeto de celulose é da Bracell, do grupo Royal Golden Eagle (RGE). Patrick Silva, vice-presidente de cadeia de suprimentos e logística da Bracell, diz que o terminal em Santos consumiu cerca de R$ 500 milhões para movimentar 3 milhões de toneladas da planta de Lençóis Paulista (SP). Já a BTP investirá cerca de R$ 2 bilhões,nos próximos anos, para aumentar em 40% a capacidade do seu terminal.

Não falta apetite dos grandes investidores. A MSC, por meio da Terminal Investment Limited (TIL), tem interesse em todas as oportunidades no país, segundo Patricio Junior, diretor de investimento da TIL. A empresa fechou um acordo para a comprado controle (56,5% pertencentes à Ocean Wilsons) da operadora portuária Wilson Sons por R$ 4,35 bilhões. “Se, quando foi anunciado há quatro anos, o STS-10 tivesse sido efetivado, hoje teríamos um grande terminal e mais capacidade em Santos”, diz Junior.

Para Ricardo Rocha, presidente da Maersk para a Costa Leste da América do Sul, eficiência não evolui sem expansão. Para ele, com 92% de utilização, Santos está próximo de atingir sua capacidade máxima. “Terminais em todo o mundo com utilização superior a 80% apresentam queda na eficiência.”

A Maersk, por meio da APM Terminals, controla 50% da BTP e 30% do terminal Itapoá (SC) e está investindo R$ 1,6 bilhão no segundo terminal de contêineres de Suape (PE), o Tecom II, com capacidade de 400 mil TEUs e operação prevista para 2026. “O STS-10 deve tratar a falta de capacidade e permitir que o Brasil consiga trazer a carga de transbordo para a costa leste do continente, com economia de R$ 600 milhões”, diz Leonardo Levy, diretor de investimento para Américas.

Ricardo Arten, presidente do porto de Itapoá, diz que o terminal é o único que pode crescer de forma rápida. “Além dos investimentos já aprovados de R$ 500 milhões, queremos investir antes que a demanda chegue, para ser o maior e mais eficiente porto da América do Sul em dez anos.”

Já Suape está investindo R$ 344 milhões em dragagem para elevar o calado a 17metros. “Serão investidos mais R$ 123 milhões na recuperação do molhe do atracadouro, para atração de novos negócios e rotas de longo curso”, diz o presidente Márcio Guiot.

Luiz Fernando Garcia, presidente da Portos do Paraná, informa que Paranaguá já licitou cinco arrendamentos nos últimos dois anos e prepara-se para os três últimos leilões. “Entre eles, estão o Par-15, terminal de granéis sólidos vegetais com investimentos de R$ 500 milhões, e a inédita concessão do canal.”

A TCP, terminal de contêineres de Paranaguá, ainda precisa investir R$ 620 milhões da contrapartida da renovação antecipada do contrato, mas também pensa em mais expansão.

Fonte: Valor Econômico

Clique aqui para ler o texto original: https://valor.globo.com/publicacoes/especiais/revista-infraestrutura-e-logistica/noticia/2024/11/14/movimentacao-portuaria-em-alta.ghtml

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