Fonte: André Coelho / Instituto Mamirauá
Navegação

Níveis dos rios amazônicos caem devido à falta de chuva, prejudicando a navegação

set, 03, 2024 Postado porSylvia Schandert

Semana202436

A seca recorde do ano passado e a menor quantidade de chuva desde então fizeram os níveis dos rios da Amazônia caírem rapidamente. Isso está dificultando a navegação de barcaças que transportam grãos para exportação e isolando comunidades que dependem do transporte fluvial.

O Serviço Geológico Brasileiro (SGB) alertou que os níveis das águas vêm caindo desde junho e que todos os rios da bacia amazônica devem ficar abaixo dos níveis históricos.

Em Manaus, o rio Negro está com 21 metros de profundidade, comparado a 24 metros no mesmo período do ano passado. Isso está preocupando as indústrias da Zona Franca, que pediram o início da dragagem do rio para evitar os problemas de transporte do ano passado.

A dragagem já começou em pontos críticos do rio Madeira, onde só embarcações de calado raso conseguem passar, segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). O DNIT também está contratando dragagem para os principais rios da Amazônia e Solimões.

Após a seca do ano passado, as barcaças foram impedidas de usar alguns portos no rio Amazonas. E a previsão para este ano é ainda pior, de acordo com a consultoria ARGUS.

“Isto pode levar ao redirecionamento das cargas de grãos e fertilizantes para portos no sul e sudeste do Brasil, como Itaqui,” afirmou a ARGUS em um estudo que prevê aumento dos custos de transporte para os produtores.

Em Porto Velho, estado de Rondônia, o rio Madeira está abaixo de dois metros desde julho, quando a profundidade normal é de 5,3 metros. O rio possui duas hidrelétricas, Jirau e Santo Antônio, e o transporte é afetado em uma das principais vias navegáveis do norte do Brasil.

Em toda a região amazônica, as comunidades estão enfrentando isolamento devido à menor navegabilidade dos rios. Os moradores não conseguem viajar para comprar alimentos, e as culturas estão sendo prejudicadas, além dos peixes que morrem quando os riachos secam, afetando as comunidades ribeirinhas que vivem da pesca.

“Em secas normais, os rios têm volume suficiente para transportar alimentos e pequenas embarcações. Mas agora, eles secaram e as pessoas estão sendo isoladas,” disse o climatologista José Marengo.

Esperava-se mais chuva na segunda metade deste ano devido ao fenômeno La Niña, que esfria as águas do Pacífico perto do Equador, trazendo mais umidade ao norte do Brasil e tempo seco ao sul.

No entanto, este ano, as águas do Pacífico não esfriaram como esperado. Combinado com a falta de chuva em 2023, isso levou a uma situação catastrófica na Amazônia, segundo Marengo, coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

A falta de chuva na Amazônia está prejudicando a umidade que os “rios voadores” transportam da floresta para a região de savana e para o sul do Brasil, explicou Marengo, que ajudou a criar o termo para essas correntes invisíveis de ar úmido.

Fonte: Reuters

Clique aqui para ler o texto original: https://www.reuters.com/business/environment/amazon-river-levels-fall-due-lack-rain-hurting-navigation-2024-09-02/

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