Portos e Terminais

Novo ano começa com desafios no Porto de Santos; Márcio França assume ministério

jan, 02, 2023 Postado porSylvia Schandert

Semana202301

O novo ano chegou e, agora, as atenções se voltam para as composições do novo governo. Com a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), neste domingo (1º), o Ministério da Infraestrutura será extinto para a criação da pasta de Portos e Aeroportos, que ficará sob o comando de Márcio França. E, segundo especialistas do setor, serão grandes os desafios da nova gestão que deverá adotar uma posturá bem ativa em relação ao Porto de Santos.

O novo ministro foi anunciado na semana passada e tomou posse na segunda-feira (2). O nome foi bem recebido no setor portuário. Enquanto associações que representam empresas apostam na revisão do marco regulatório laboral e também na descentralização da gestão, trabalhadores temem a perda de direitos.

Mas, para o economista e especialista em comércio exterior Hélio Hallite, acelerar a construção de novos acessos ao Porto de Santos deve estar entre as prioridades do novo ministro. Isso inclui uma nova estrada exclusiva ao Porto e a ligação seca entre Santos e Guarujá.

“Nos próximos cinco anos, temos o desafio de fazer o que não fizemos em 40 anos. Se, por um lado avançamos na expansão ferroviária, por outro lado temos apenas uma pista no Sistema Anchieta-Imigrantes para que as cargas cheguem ao Porto. Ou seja, das 10 pistas, temos nove para usuários não exportadores e uma via ao Porto. Pergunto: somos mais turismo que porto?”, questiona o professor universitário.

A mesma opinião tem o engenheiro Marcos Vendramini. Segundo ele, França terá a missão de fomentar, junto ao Governo Estadual, o planejamento e a concessão de novos acessos ao planalto. “Aqui vale a nova rodovia entre Parelheiros e Itanhaém – predominantemente para veículos bem como um novo sistema Anchieta-Imigrantes que, quando concluída, possa acomodar o aumento da movimentação de cargas para o porto. Mais importante aqui é a duplicação do trecho da Anchieta que chega em Santos-São Vicente-Praia Grande. O trecho de Santos continua com as mesmas quatro faixas desde os anos 70”.

Além do gargalo terrestre, para Hallite, também há a questão aquaviária. “Sendo Santos o grande hubport da América do Sul, temos como missão ampliar as oportunidades para que navios atraquem. Isso não basta. É preciso ter a resposta exportadora e importadora a partir da eficiência da nossa hinterlândia. Palavras difíceis? Não. Precisamos atrair mais cargas. Simples assim”.

Túnel

Implantar o túnel entre Santos e Guarujá também é outro ponto levantado por Vendramini. Além disso, deverá atuar na manutenção do sistema rodoviário de acesso e circulação do Porto, “com a criação de novos pátios de estacionamento e implantação de novas vias e infraestruturas de circulação (viadutos etc.) de modo a distribuir o fluxo de forma eficaz, reduzindo os gargalos e congestionamentos”.

Missões

Segundo especialistas, o novo Governo Federal terá a missão de ampliar a capacidade de movimentação de cargas no Porto de Santos. Isto inclui novos arrendamentos, além de obras como a dragagem.

Veja abaixo um gráfico detalhando as exportações e importações de cargas conteinerizadas, em TEUs, no Porto de Santos no período de janeiro de 2019 a novembro de 2022. Os dados são do DataLiner.

Exportação e importação – Porto de Santos | jan 2019 – nov 2022 | TEUS

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

Sobre os arrendamentos, o economista Hélio Hallite considera que a solução do STS10 e do STS53 deve ser rápida. O primeiro será um terminal de contêineres no Saboó, enquanto o segundo tem como foco a operação de fertilizantes na região de Outeirinhos.

“Esperamos que ambos tenham solução no primeiro semestre. Porém, o mais importante investimento será a recuperação do Valongo-Paquetá, com o realocamento do Terminalde Passageiros e a revitalização do Centro Histórico”, afirmou o professor universitário.

Já o engenheiro Marcos Vendramini considera fundamental “a solução da dragagem, preferencialmente com fluxo de pagamentos e tarifas independente da Autoridade Portuária, através da concessão específica da mesma, de modo que as profundidades do canal de acesso e berços de atracação estejam sempre compatíveis com as demandas dos usuários”.

Vendramini também aponta a necessidade da manutenção e melhoria das condições operacionais dos navios de cruzeiro. “O plano é possibilitar a operação diária simultânea de três ou quatro navios com capacidade para 6.000 passageiros cada um, com todas as suas demandas de acesso rodoviário e integração com a cidade”.

Indicações

Para o diretor-executivo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque, existem muitas prioridades a serem implantadas nos portos. Porém, o novo ministro deverá se cercar de profissionais qualificados para a gestão dos complexos marítimos, especialmente o de Santos.

“Entendemos que o porto não ter deve ter a nomeação de indicados por políticos e sim de profissionais competentes que tenham expertise sobre o que é um porto e como deve funcionar interagindo com os seus usuários e com a cidade e não esquecendo das melhorias de infraestrutura aquaviária, ferroviária e terrestre”, destacou o executivo.

Roque ainda aponta que a atual gestão da Santos Port Authority (SPA) garantiu a realização de obras de infraestrutura e somou lucro. Tudo isso só foi possível graças ao perfil técnico dos gestores, segundo ele.

“A prioridade deve ser sempre a satisfação dos usuários do porto que trazem navios e investem em novas construções com tecnologias avançadas em detrimento de interesses políticos”.

Já Vendramini destaca que algo que é uma obrigação, mas não pode deixar de ser citado é a fiscalização e a garantia de que todos os contratos assinados serão cumpridos.

Fonte: A Tribuna

Para ler o artigo original completo, acesse: https://www.atribuna.com.br/noticias/portomar/novo-ano-comeca-com-desafios-no-porto-de-santos-marcio-franca-assume-ministerio

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