Porto de Rio Grande, portos públicos brasileiros
Portos e Terminais

Novo calado do Porto do Rio Grande é homologado

out, 27, 2020 Postado porSylvia Schandert

Semana202044

Depois de dois anos de obras de dragagem com investimento federal de R$ 500 milhões, o Porto do Rio Grande –  principal porto gaúcho – poderá receber embarcações de até 366 metros de comprimento. Isso porque, no último dia 26 de outubro, foi homologado o novo calado do porto.

Graças à remoção de mais de 16 milhões de metros cúbicos de sedimentos, o calado operacional do chamado canal interno, onde estão os terminais portuários mais importantes e com o maior fluxo de cargas, passou de 12,8 para 15 metros. A profundidade, que era de 14,2, agora é de 16,5 metros. Com isso, a capacidade de movimentação passa a atender aos padrões internacionais de navegação, podendo receber embarcações de até 366 metros  –  uma diferença de 29 metros em relação à capacidade anterior, de 337 metros.

“Já estamos trabalhando para evitar que aconteça o assoreamento do canal, regredindo na capacidade de cargas, para então gastar centenas de milhões de reais para recuperar o calado. Estamos montando um termo de referência para que, no primeiro semestre do ano que vem, possamos começar a fazer um investimento de R$ 30 a R$ 40 milhões anuais em dragagem no porto, garantindo permanentemente as cargas dos navios que chegam e saem do nosso RS”, afirmou  governador do estado, Eduardo Leite.

“A homologação do novo calado representa muito para o nosso Estado. É a primeira vez que ele é homologado, isso quer dizer que, com a certificação da Marinha, que é a autoridade portuária, nós conseguimos garantir fretes mais baratos e seguros. Isso atrairá armadores internacionais e mais cargas. O porto do Rio Grande se reposiciona como um dos principais portos do Brasil, não só pela infraestrutura que construiu, mas agora pela certificação que ganha com a homologação”, afirmou o superintendente dos Portos do Rio Grande do Sul, Fernando Estima.

Atualmente, passam pelos terminais privados que operam contêineres, granéis agrícolas, fertilizantes, cargas petrolíferas e petroquímicas no porto do Rio Grande mais de 25% do PIB do RS, o equivalente a mais de 40 milhões de toneladas por ano, sendo que a capacidade instalada é de 50 milhões.

Vale destacar que junho foi o melhor mês da história do Porto do Rio Grande. Pela primeira vez, movimentou mais de 4,4 milhões de toneladas em 30 dias. Além disso, mesmo com a pandemia, o primeiro semestre foi o segundo melhor em total de cargas, chegando a 19,9 milhões de toneladas, valor 6,97% superior ao mesmo período de 2019.

Confira no gráfico a seguir a movimentação de cargas no Porto do Rio Grande no período de janeiro de 2017 a agosto de 2020:

Movimentação de cargas no Porto do  Rio Grande | Jan 2017 a Ago 2020 | WTMT

Histórico do novo calado

O contrato original da dragagem foi assinado em julho de 2015 pela União e, a partir daí, mobilizou o governo do Estado, a então Secretaria dos Transportes e a antiga Superintendência do Porto do Rio Grande (SUPRG) para a obtenção da licença do Ibama. Um grupo de trabalho foi criado para atender os critérios técnicos e ambientais. O apoio da Marinha do Brasil foi fundamental ao longo do processo.

O consórcio vencedor da disputa para realizar o serviço foi formado pelas empresas Jan de Nul do Brasil e Dragabrás, que fecharam na época o acordo por R$ 368,6 milhões. Durante o processo, houve judicialização, e o período de obra parada gerou um aumento significativo no custo da obra. Ao final, com todos os aditivos realizados, totalizou R$ 500 milhões de recursos do governo federal.

A obra foi iniciada em agosto de 2018 e, desde então, foram removidos mais de 16 milhões de metros cúbicos de sedimentos do canal de acesso. A homologação do novo calado do porto gaúcho passou oficialmente de 12,8 metros para 15 metros –  mais do que a previsão inicial, que era de 14 metros –  no dia 26 de outubro.

Dessa forma, pode receber navios de maior porte e com maior capacidade do que os limites atuais. O novo calado vai permitir que navios cheguem e saiam com maior carregamento de carga, levando ao barateamento do frete e melhores condições para os contratos de seguro.

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