O adubo ‘tóxico’ da China que causou problema diplomático na Ásia
nov, 18, 2021 Postado porSylvia SchandertSemana202144
Vinte mil toneladas de adubo orgânico estão gerando um impasse inédito na Ásia, tendo como resultado um conflito diplomático entre países aliados, um navio parado, a revolta de agricultores e o banimento de um banco.
O navio em questão, o Hippo Spirit, deixou a China em setembro carregando toneladas de fertilizante orgânico para Colombo, cidade no Sri Lanka.
A encomenda se tornou muito necessária uma vez que o governo do Sri Lanka decidiu em maio interromper imediatamente todas as importações de fertilizantes químicos, buscando tornar o país o primeiro no mundo a ter uma agricultura totalmente orgânica.
As 20 mil toneladas de adubo que partiram em setembro eram a primeira remessa da compra de um total de 99 mil toneladas do grupo Qingdao Seawin Biotech, uma empresa chinesa especializada em fertilizantes à base de algas marinhas. A encomenda custou US$ 49,7 milhões (cerca de R$ 274 milhões).
Mas ao chegar no Sri Lanka, técnicos e cientistas não aprovaram a entrada da carga.
“Nossos testes com amostras mostraram que o fertilizante (chinês) não era esterilizado”, explicou à BBC Ajantha de Silva, diretor-geral do Departamento de Agricultura do Sri Lanka. “Nós identificamos bactérias que são prejudiciais a plantas como cenouras e batatas.”
Técnicos e autoridades do Sri Lanka determinaram então que, se a carga representava riscos para a biossegurança do país, ela não poderia ser aceita.
A decisão gerou uma resposta furiosa da empresa Qingdao Seawin, que acusou a mídia do Sri Lanka de usar termos como “tóxico, lixo, poluição” e outras palavras depreciativas para “difamar a imagem das empresas chinesas e do governo chinês”.
Em um comunicado, a companhia chinesa escreveu que o “método não científico de detecção e deliberação do Serviço Nacional de Quarentena Vegetal do Sri Lanka obviamente não cumpre convenções internacionais”.
À medida que o conflito aumentou, um tribunal do Sri Lanka determinou que o Banco do Povo, de propriedade estatal do Sri Lanka, interrompesse o pagamento de US$ 9 milhões pela carga que aguardava entrada.
Fonte: G1
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