OMC reduz previsão de expansão do comércio global para 1% em 2023
out, 05, 2022 Postado porSylvia SchandertSemana202240
A Organização Mundial do Comércio (OMC) prevê uma forte desaceleração na expansão do volume do comércio internacional de mercadorias, de 3,5% neste ano para apenas 1% em 2023 na esteira de múltiplas crises na economia global, conforme divulgado nesta quarta-feira.
Para este ano, as trocas globais vão ser mesmo mais altas do que estimado inicialmente, com o crescimento agora esperado de 3,5% sendo melhor do que a projeção anterior de 3%. Mas, com as turbulências atuais, a baixa para 1% em 2023, comparada à estimativa de 3,4% feita em abril, mostra a dimensão da deterioração na cena global.
“Para 2023, [a projeção] é consideravelmente mais sombria”, afirmou a diretora-geral, Ngozi Okonjo-Iweala. Ela alertou, porém, que restrições comerciais só agravariam a situação já difícil. “O comércio pode ajudar a enfrentar os desafios de hoje e de amanhã”, defendeu.
A projeção da OMC leva em conta alta do Produto Interno Bruto (PIB) global de 2,8% em 2022 e de 2,3% em 2023, bem inferiores à previsão anterior de 3,2%.
O comércio e a produção continuam afetadas por crises como a guerra na Ucrânia, o nível do preço de energia, a inflação e o aumento dos juros nos países desenvolvidos. Em agosto, preços de energia eram 78% mais elevados do que o ano passado, de alimentos 11% mais caros, dos cereais mais 15% e dos insumos subiram 60%.
A demanda de importações deverá assim diminuir sob o efeito de uma desaceleração do crescimento provocado por diversos fatores nas grandes economias, diz a OMC.
Na Europa, a alta do custo da energia, causada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, resulta numa compressão das despesas das famílias e um aumento dos custos no setor industrial.
Nos Estados Unidos, o aperto na política monetária terá impacto nas despesas mais sensíveis às taxas de juros, como em habitação, setor automotivo e no investimento em capital fixo.
A China continua enfrentando novas ondas de covid-19 e perturbações na produção causadas por uma fraca demanda externa.
Sem surpresa, o Oriente Médio será a região com maior crescimento em volume no comércio, tanto em exportações (14,6%) como em importações (11,1%) em 2022.
Segundo a entidade, as exportações da América do Sul e da África também superaram as expectativas na primeira metade do ano. As importações de América do Sul, África e Oriente Médio também foram mais importantes do que o previsto, pois as altas de preços das commodities turbinaram as receitas de exportações e isso permitiu aos países dessas regiões importar mais.
Para a América do Sul, a OMC projeta que o crescimento das exportações cairá de 1,6% neste ano para 0,3% no ano que vem, em volume. No caso das importações, passa de 5,9% neste ano para contração de 1% no ano que vem – o que reflete uma desaceleração significativa na economia da região.
A OMC prevê também que o aumento da fatura de importações de combustiveis, de produtos alimentares e de insumos poderá resultar numa insegurança alimentar e super endividamento nos países em desenvolvimento. A estimativa é de que o PIB real da América do Sul terá uma degringolada de 3,7% neste ano (metade dos 7,2% de 2021) para 1,6% em 2023.
Alguns países afetados pelos altos preços internacionais têm reduzido o consumo e nas importações. Por exemplo, desde março, as quantidades de trigo importadas diminuíram na Bolívia (-69%), Jordânia (-41%), Equador (-30%).
A OMC coloca ênfase na evolução do comércio em volume. Mas, em valor, a constatação é de que o comércio total de mercadorias cresceu 17% em base anual no segundo trimestre, comparado a 22% no último trimestre de 2021. Ou seja, em valor, o comércio aumenta em duas cifras, em razão da alta dos preços, enquanto em volume a expansão continua em uma cifra.
As projeções da OMC estão em linha com as de outras organizações internacionais. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê que em 2023 a renda global real poderá ser cerca de US$ 2,8 trilhões mais baixa do que o esperado há um ano (uma queda de pouco mais de 2% do PIB em termos de paridade de poder de compra).
Por sua vez, a Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) aponta riscos de uma “recessão global induzida” na esteira de aumentos de juros nos países em desenvolvimento, que os deixam “expostos a crises em cascata de dívida, saúde e clima”.
Fonte: Valor Econômico
Para ler o artigo original completo, acesse: https://valor.globo.com/mundo/noticia/2022/10/05/omc-prev-queda-em-expanso-do-comrcio-global-para-1-pontos-percentuais-em-2023.ghtml
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