OMI: Explorando oportunidades de sustentabilidade no transporte marítimo na América Latina

A Conferência da OMI (Organização Marítima Internacional) sobre transporte marítimo sustentável na América Latina, realizada nos dias 28 e 29 de agosto na sede da CEPAL em Santiago, Chile, teve como foco central o alto potencial de energia renovável nos países latino-americanos, a importância de estabelecer sinergias entre os setores marítimo e energético e as oportunidades de investimento na produção e futura oferta de combustíveis sustentáveis para o transporte marítimo.

Na abertura da conferência, o Sr. Arsenio Domínguez, Diretor da Divisão do Meio Marinho da OMI, destacou a significativa contribuição dos países latino-americanos durante as negociações para a adoção da Estratégia revisada da OMI para a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEI) dos navios, em julho de 2023.

Durante o evento, o Sr. Domínguez ressaltou que “Dentro da Estratégia, onde vemos a necessidade de descarbonizar e realizar a transição, e, acima de tudo, explorar oportunidades que podem surgir a partir da Estratégia, sem dúvida, a região latino-americana desempenha um papel crucial nesse contexto, como vimos durante as duas semanas de negociações que culminaram na adoção da Estratégia. Durante aqueles dois semanas, vimos muita unidade e reconhecimento da necessidade de ser proativo.”

A importância da unidade e colaboração para a descarbonização do transporte marítimo nos países latino-americanos também foi enfatizada pela Sra. Claudia Sanhueza, Subsecretária de Relações Econômicas Internacionais do Chile. Ela declarou que “O setor exportador chileno tem interesse em chegar aos mercados com produtos sustentáveis. Mas não podem fazer isso sozinhos. É necessário que o transporte marítimo tenha uma pegada de carbono baixa (…). Nesse contexto, valorizamos a Estratégia adotada em julho passado para reduzir a pegada de carbono do transporte marítimo.”

O Almirante Juan Andrés De La Maza Larraín, Comandante em Chefe da Armada do Chile, destacou a importância do quadro jurídico nacional e afirmou: “Desde a adoção da estratégia da OMI para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, a Autoridade Marítima do Chile tem implementado várias iniciativas para cumprir essa estratégia. A incorporação de medidas técnicas e operacionais nas embarcações chilenas permite conciliar os objetivos de combate às mudanças climáticas com um transporte marítimo eficiente que mantém a cadeia de suprimentos ativa, em uma economia altamente dependente do mar para o comércio internacional.”

A Conferência sobre transporte marítimo sustentável na América Latina da OMI focou na “Implementação da Estratégia 2023 da OMI referente à redução de gases de efeito estufa, por meio da identificação e promoção de oportunidades de investimento”. O evento incluiu painéis de discussão sobre:

1. Preparação de uma rota climática: Ação climática regional e os esforços da OMI para reduzir as emissões de GEI no transporte marítimo.
2. O transporte marítimo como facilitador da ação climática e transição energética.
3. Descarbonização do setor marítimo ao longo de sua cadeia de valor.
4. Perspectivas nacionais sobre as oportunidades da descarbonização do transporte marítimo.
5. Financiamento da descarbonização do setor de transporte marítimo e promoção da produção de combustíveis renováveis na América Latina.
6. Criação de capacidades e parcerias da OMI para impulsionar a descarbonização do setor marítimo.

Os temas comuns abordados nos painéis incluíram as oportunidades para a América Latina na produção e comercialização de futuros combustíveis alternativos com baixas ou zero emissões, bem como os desafios nacionais e soluções tecnológicas para alcançar uma descarbonização justa e equitativa.

A conferência contou com a participação de representantes de 18 países (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Costa Rica, Cuba, Ecuador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicaragua, Panamá, República Dominicana, Uruguai, Venezuela) e de organizações internacionais como a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Organização Latino-Americana de Energia (OLADE) e o Sistema de Integração da América Central (SICA). Além disso, organizações sem fins lucrativos como CECACIER, Mærsk Mc-Kinney Møller Center for Zero Carbon Shipping e RMI, juntamente com empresas do setor, como a Maersk, participaram do evento.

Os países participantes compartilharam suas iniciativas nacionais em andamento para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. No discurso de encerramento, o Sr. Domínguez destacou que “A descarbonização exigirá medidas de médio e longo prazo, tanto técnicas quanto econômicas, para alcançar os objetivos que adotamos na Estratégia de 2023. Não é uma tarefa fácil, mas estou confiante de que, juntos, poderemos realizá-la de maneira justa.”

A conferência foi organizada pela OMI, por meio do Programa Integrado de Cooperação Técnica (PICT) da OMI, em colaboração com o Governo do Chile.

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