Operadoras de porta-veículos passam a rejeitar carros elétricos usados após uma série de incêndios graves
abr, 05, 2022 Postado porGabriel MalheirosSemana202214
Agentes de transporte marítimo estão se recusando a transportar veículos elétricos usados em grandes números devido ao risco potencialmente maior que eles representam. A Mitsui OSK Lines (MOL) está entre essas empresas que estão se afastando do transporte de carros movidos a bateria.
A MOL, que opera uma das maiores frotas de porta-veículos do mundo, protagonizou há cinco semanas o maior acidente de navegação deste ano em termos de perda financeira quando o navio Felicity Ace de 6.400 CEUs pegou fogo e afundou nos Açores. As perdas, de acordo com a consultoria jurídica Vinson & Elkins, foram contabilizadas em cerca de US$ 500 milhões. O incidente do Felicity Ace foi o quarto grande incêndio envolvendo veículos elétricos desde 2019.
Embora nem todos os incêndios tenham necessariamente se originado através de um veículo elétrico, uma vez que estes entram em contato com as chamas, eles agem de forma a acelerar a propagação do fogo. As baterias de íons de lítio que pegam fogo podem atingir temperaturas de mais de 2.700 graus Celsius.
Um porta-voz da MOL disse ao Splash247 hoje, dia 05 de abril, que sua nova política se aplica apenas a veículos elétricos usados movidos a bateria e não a veículos híbridos.
A MOL disse que realiza verificações de segurança em carros convencionais a gasolina e diesel antes de embarcar, garantindo que eles possam se mover por conta própria e inspecionando visualmente se há vazamentos. Tais procedimentos são difíceis de realizar com veículos elétricos usados, disse o porta-voz.
Na semana passada, a sul-coreana Hyundai Glovis anunciou que está trabalhando com a Korean Register para desenvolver um novo sistema de resposta a incêndios que inclui o uso de mais sprinklers e cobertores resistentes ao fogo durante o tráfego.
Consciente dos riscos crescentes de incêndios propagados por veículos elétricos, a Organização Marítima Internacional (IMO) publicou um documento em junho do ano passado no qual dizia que os equipamentos e medidas de combate a incêndios atualmente aplicadas nos navios que transportam carros precisavam ser reavaliados.
O escritório de advocacia Watson Farley & Williams, com sede em Londres, disse em um relatório recente que, embora não esteja claro se os veículos elétricos são mais propensos do que os veículos convencionais a pegar fogo, é consenso que as consequências são potencialmente mais desastrosas e mais difíceis de lidar.
“Se as equipes não estiverem cientes de que combater um incêndio de veículos elétricos requer uma técnica diferente daquela empregada no combate a um incêndio convencional a bordo, é fácil ver como um incidente pode levar a parda total. As evidências indicam que os atuais sistemas de supressão de focos de incêndio e encharcamento não são suficientes para lidar com o novo risco representado pelos carros elétricos. Por isso, novos sistemas precisarão ser concebidos e incorporados ao projeto do navio”, afirmou o escritório de advocacia.
Fonte: Splash247
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