Peso uruguaio supera o real e é a moeda mais forte da América do Sul em 2022

O peso uruguaio se valorizou de forma consistente este ano, a ponto de ultrapassar o real como a moeda de melhor desempenho na América do Sul, segundo dados compilados pela Bloomberg. O dólar caiu 10,4% até o último dia 14, em 2022. Neste dia, o dólar fechou  em  40,04 pesos, tendo iniciado o ano em 44,61 pesos.

No Brasil, que também é o mercado cambial de referência em nível regional para o Uruguai, o real valorizou até agora este ano 8,3% em relação ao dólar até o último dia 13.

Moeda uruguaia tem agora o melhor desempenho da região em 2022

A maior oferta de dólares no mercado local devido às receitas em moeda estrangeira é um dos fatores que explica a valorização do peso uruguaio, disse à Bloomberg Linea Nicolás Cichevski, gerente de Análise Econômica da CPA Ferrere Consulting. Espera-se que isso continue, pois não se planeja, pelo menos no curto prazo, que os preços internacionais se revertam.

“O fator por trás do dólar estar bastante estável no Uruguai é que os preços e volumes de exportação continuam em níveis recordes. Isso acaba gerando uma pressão sobre o dólar aqui”, disse o economista.

O aumento do preço das commodities que ocorreu este ano também arrasta preços já em alta no final de 2021. As exportações uruguaias de mercadorias atingiram US$ 5,5 bilhões no acumulado janeiro-maio, um aumento de 40% em relação aos US$ 3,9 bilhões do mesmo período do ano anterior.

De acordo com o gerente da CPA Ferrere, o tamanho do mercado, “menor” que o do vizinho, evita oscilações em nível dos que ocorreram no Brasil nos últimos dias após a incerteza gerada pelos dados de inflação dos Estados Unidos, que atingiu 8,6% e superou as expectativas.

“No Brasil, com um mercado muito mais amplo, você tem fluxos de capital muito maiores e o que isso faz é que tem um pouco mais de volatilidade, porque quando o capital entra, o dólar cai e quando sai, ele sobe. É aí que o Uruguai nesses processos custa um pouco mais. Quando o dólar cai no resto do mundo, cai no Uruguai, mas a recuperação é muito mais progressiva”, explicou Cichevski.

Marcelo Sibille, gerente de Consultoria Econômica da KPMG Uruguai, disse à Bloomberg Linea que há um aumento na receita de dólares devido ao aumento do preço dos grãos, embora tenha afirmado que também há uma maior produção devido à importação de matérias-primas como Petróleo. “Na conta corrente não vejo a migração do fluxo de dólares tão intensa”, disse. “O que pode haver é uma mudança de portfólio. Imagino que seja isso que mais influencia o aumento da demanda por pesos dos agentes residentes”, acrescentou.

Por sua vez, Cichevski também incluiu a estabilidade política como fator que confere ao peso uruguaio menor volatilidade em relação aos seus vizinhos. “É muito difícil determinar o que se deve a quê, mas também é verdade que o Brasil tem eleições pela frente, a Colômbia a votação, o Chile a Constituinte, a Argentina está um caos. Então, em termos gerais, se você olhar para a região do Uruguai, há uma certa estabilidade à frente em termos políticos e econômicos que acaba por dar um pouco mais de solidez”.

O futuro e as taxas

As questões a manter no radar para o futuro do preço são o andamento da economia chinesa, principal destino das exportações uruguaias, e a resposta que o FED dará à alta inflação nos Estados Unidos. É que uma alta mais profunda pode gerar uma reversão de capital dos mercados emergentes para os Estados Unidos.

O gerente da KPMG Uruguai disse que do seu ponto de vista “não está tão claro” o que acontecerá entre agora e o final do ano, já que tanto o Federal Reserve dos Estados Unidos quanto o Banco Central Europeu vão aumentar as taxas de juros, de modo que o diferencial de taxas vai se encurtar e “isso pode gerar uma certa reversão no comportamento das taxas de câmbio”. “A tendência do peso foi muito acentuada e também não é sustentável do ponto de vista macroeconômico e de competitividade. Cinco meses atrás, estávamos em 44 pesos. Caiu um peso por mês”, concluiu.

Fonte: Bloomberg Linea

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