Petrobras avalia rotas para trazer gás argentino
maio, 10, 2024 Postado porGabriel MalheirosSemana202418
Uma comitiva da gestão de parcerias e processos de exploração e produção da Petrobras viajou para a Argentina para acompanhar a produção de gás natural de Vaca Muerta, em meio a tratativas para viabilizar rotas para importar gás natural dessa reserva, apurou o Valor.
O megacampo de Vaca Muerta é uma área com gás de xisto (“shale gas”) e petróleo na Província de Neuquén, na Patagonia argentina, com campos produtores e contratos de diferentes operadoras. A Petrobras é uma das empresas que atuam na região, com 30% de participação em um dos campos.
Com a produção do gás da Bolívia em declínio, fontes apontam um possível interesse da petroleira brasileira em acessar fontes de suprimento de gás mais competitivas para gerir o portfólio da companhia.
As alternativas de envio do gás para o Brasil são parte de um memorando de entendimentos que envolve a Petrobras e a empresa argentina Enarsa, cujos termos estão sob confidencialidade, de acordo com o diretor-executivo de exploração e produção da companhia, Joelson Mendes, em entrevista coletiva, em Houston, no Texas, onde participa da Offshore Technology Conference (OTC). Ele salientou que a viagem da comitiva é uma tarefa de rotina, de acompanhamento de produção.
Em paralelo, segundo o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, a Bolívia está precisando de novas reservas para estabilizar a produção, o que demandaria investimentos e tempo.
Uma das saídas é usar a capacidade ociosa do gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol), revertendo o fluxo atual do gasoduto Norte, na Argentina.
Outra opção é trazer o energético via gasoduto Néstor Kirchner, que liga a região de Vaca Muerta, a partir de Buenos Aires, até Uruguaiana (RS), mas a infraestrutura não está totalmente concluída. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou defender o crédito do BNDES para o projeto na época do ex-presidente Alberto Fernandez. Esse projeto sozinho, entretanto, ainda não garante a integração. Seria necessário fazer mais investimentos, em dutos de transporte no Brasil, para fazer o gás chegar ao mercado consumidor.
Outra alternativa é enviar o gás natural liquefeito (GNL) por navio até terminais na costa brasileira. Especialistas acreditam que isso deve acontecer tendo o Brasil como cliente ou não, já que os “players” certamente vão querer acessar o mercado internacional.
O presidente da consultoria Gas Energy, Rivaldo Moreira Neto, disse que a Argentina já está investindo na reversão dos dutos do seu lado da fronteira com a Bolívia. “A Argentina tem o que precisamos, que é novas entradas de gás e novas fontes de competição e o Brasil aparece como um mercado interessante.”
A Argentina tem o que precisamos, que é novas entradas de gás”
Ele afirmou que, no atual contexto, a tratativa não deve ocorrer apenas pela tradicional negociação entre as estatais Petrobras e YPF, já que o novo presidente argentino, Javier Milei, não está alinhado politicamente com o Brasil, e o país vizinho tem uma pluralidade maior de empresas na produção, o que pode favorecer a competição de mercado.
Como o gás está associado às reservas de petróleo, a reinjeção não é uma opção e os argentinos vêm buscando mercado para o energético. Na outra ponta, a indústria brasileira acredita que o Brasil pode criar uma demanda firme em contratos de suprimento, que seria um mercado adicional aos intercâmbios ocasionais. Mas para isso, precisaria haver mais concorrência no mercado.
A estatal já foi monopolista no mercado de gás no Brasil, mas nos últimos anos passou por um processo de desconcentração de mercado, mas ainda detém uma fatia de 75% do mercado. O movimento foi parecido na Bolívia, quando o Brasil passou a importar o insumo e a relação praticamente se deu entre estatais, com alguns pequenos contratos para empresas privadas.
O vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendem publicamente a importação do gás argentino para suprir a indústria nacional. Para o diretor de gás natural da Abrace, associação que representa os grandes consumidores de energia, Adriano Lorenzon, em um possível negócio entre países, o governo deveria desincentivar a Petrobras a fim de promover a desconcentração do mercado e fomentar isso entre entes privados.
“Na medida em que a Petrobras se coloca como intermediária, seguindo a mesma lógica histórica que fez na Bolívia, isso é ruim para uma incipiente abertura do mercado brasileiro. O Brasil deveria seguir no caminho de contribuir para novos entrantes”, diz Lorenzon.
Fonte: Valor Econômico
Para ler a matéria original, clique: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/05/08/petrobras-avalia-rotas-para-trazer-gas-argentino.ghtml
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