Porto de Rio Grande atrai operadores privados
ago, 23, 2024 Postado porSylvia SchandertSemana202434
Operadores privados que atuam no complexo portuário de Rio Grande (RS) estão apostando na modernização de estruturas. Empresas que movimentam granéis e contêineres têm feito investimentos com o objetivo de aumentar a capacidade de carga e descarga e a eficiência das operações.
Uma dessas companhias é a Wilson Sons, que opera o terminal de contêineres, o Tecon Rio Grande. O Tecon atende a mais de 3 mil clientes e tem a capacidade de operar 1,4 milhão de TEUs em seus 900 metros de cais.
Sua capacidade de armazenagem é de 25 mil TEUs. O terminal também pode receber embarcações New Panamax, a maior dimensão disponível na América Latina, com 366 metros de comprimento e largura de 52 metros.
Segundo Paulo Bertinetti, diretor-presidente do Tecon Rio Grande, as cargas do agronegócio representam 52% do volume total no terminal, que gira em torno de 800 mil TEUs por ano. Entre os principais produtos estão tabaco, arroz, madeira, carne de suínos e de frango. Esta última representou, sozinha, 11% das exportações no primeiro semestre, volume que caiu devido aos efeitos das chuvas no Rio Grande do Sul em abril e maio.
“A carne de frango costuma girar de 16% a 19% das exportações, mas sofremos os efeitos das dificuldades logísticas e de produção da indústria devido à tragédia climática”, explica.
Em relação à carne de suínos, o presidente do Tecon Rio Grande informa que há um projeto para retomar uma operação que envolvia o transporte da proteína até a Rússia, em contêineres que retornavam com fertilizantes.
“Era um projeto logístico bem interessante, que parou por causa da guerra com a Ucrânia. Mas agora existe a chance de ter um serviço novo com um armador que faria uma conexão no Marrocos para retomar esse comércio”, afirma Bertinetti.
Neste ano, foi feito um aporte de R$ 1,4 milhão para ampliar a eficiência operacional do Tecon Rio Grande. Entre as iniciativas, está o COT, ou Centro de Operação do Terminal, ação estratégica que cria uma célula de inteligência para, a partir de análise de dados, fazer um planejamento mais eficiente das movimentações de pátio e navio.
A infraestrutura tem um painel (“videowall”) em que são apresentados indicadores de performance (KPIs) e oferece uma visão das operações em tempo real e gestão da automação. A intenção é modernizar a área e favorecer uma governança unificada de todos os sistemas, com mais produtividade.
A criação do CCM, o Centro de Controle de Manutenção, também foi incluída no investimento. O objetivo é acelerar o monitoramento em tempo real dos ativos, utilizando tecnologias como Internet das Coisas (IoT) e aumentando a visibilidade de dados para a tomada de decisão.
A processadora de soja e produtora de biodiesel Bianchini está investindo R$ 100 milhões em suas estruturas em Rio Grande, onde possui um terminal portuário e uma fábrica. Com os aportes, serão construídas novas linhas de esteiras, balanças e estruturas, que devem possibilitar a duplicação da capacidade de carregamento de navios.
A previsão é que as obras estejam concluídas até a colheita da safra de verão 2024/25. Em Rio Grande, a capacidade estática da Bianchini é de 1,2 milhão de toneladas, e a empresa tem condições de embarcar cerca de 2,6 mil toneladas por hora. Com os investimentos, esse volume passará para 5 mil toneladas por hora.
“Hoje, nós enchemos um navio da categoria Panamax em 36 horas. Com as obras, vamos ganhar agilidade e conseguiremos fazer o trabalho em até 24 horas”, explica Antônio Carlos Bacchieri Duarte, coordenador das operações portuárias da Bianchini.
Durante as enchentes de maio, um armazém de grãos da Bianchini em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, teve sua estrutura comprometida. O local tem capacidade para 400 mil toneladas e mantinha 100 mil toneladas de soja. Parte desse volume foi salvo, e acabou transferido para a unidade da Bianchini em Rio Grande.
A Bianchini comercializa 2,5 milhões de toneladas de grãos por ano, o equivalente a 14% da safra do Rio Grande do Sul.
Além de ponto de embarque de grãos, o porto de Rio Grande é porta de entrada de fertilizantes para abastecer a produção agrícola gaúcha e de outros Estados. Entre os principais operadores do segmento no complexo está a Yara, que mantém um moderno parque de produção, mistura e expedição do insumo.
A Yara iniciou em 2023 as operações a plena capacidade no local, de 1,1 milhão de toneladas por ano de granulação e produção e 2,2 milhões de toneladas por ano de mistura e ensaque, após finalizar, em 2021, um investimento de R$ 2 bilhões na unidade em Rio Grande.
“Nessa unidade, temos capacidade para descarregar mais de 3 milhões de toneladas de ingredientes para fertilizantes e produzir mais de 1 milhão de toneladas de granulados, além de expedir 2 milhões de toneladas. A diferença entre o que fabricamos e o que conseguimos expedir são produtos importados de outras fábricas da Yara”, explica Lucas Elizalde, diretor de Operações da companhia para a região Sul.
Em 2022, a companhia fez outro aporte, de R$ 30 milhões, no seu primeiro sistema de “shiploader” no país. O equipamento permite o carregamento a granel dos fertilizantes diretamente para os navios, além de possibilitar o transbordo de produtos entre embarcações, tornando a operação de píer ainda mais ágil e ampliando o leque de localidades atendidas a partir da unidade.
“Conseguimos carregar 18 mil toneladas em cada navio, que são usados tanto para cabotagem, atendendo demandas de outros Estados, ou para exportações para a Argentina”, diz o diretor.
Elizalde conta que outros R$ 100 milhões foram investidos em 2023 em ações de melhoria e manutenção nas novas operações em Rio Grande. A mesma quantia será aportada neste ano.
A empresa tem mais duas unidades no Estado. Uma fica em Porto Alegre, e é praticamente 100% abastecida por insumos transportados de Rio Grande pela hidrovia da Lagoa dos Patos e Lago Guaíba. A outra fica em Cruz Alta, no norte gaúcho, para onde mais de 50% dos produtos são transportados por ferrovia.
“A partir de Rio Grande, conseguimos transportar, para nossas unidades, 350 mil toneladas no modal hidroviário e 150 mil no ferroviário”, comenta Elizalde.
Confira a seguir um histórico da movimentação de contêineres no Porto do Rio Grande. Os dados são do DataLiner, ferramenta de inteligência de mercaedo da Datamar:
Exportações e Importações de Contêineres via Porto do Rio Grande | Jan 2022 a Junho 2024 | TEU
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
Devido às enchentes em Porto Alegre, a unidade da capital gaúcha, às margens do Rio Gravataí, na divisa com Canoas, foi alagada e ficou fora de operação durante dois meses. “Começamos a retomada em julho, mas os trabalhos ainda não estão a 100%”, afirma o executivo.
Nesse período, a planta de Cruz Alta conseguiu aumentar a produção para compensar as perdas. No entanto, segundo o diretor de Operações da Yara para a região Sul, as entregas de fertilizantes foram afetadas pelas enchentes “em maio, em junho e, um pouco, em julho.”
Fonte: Valor Econômico
Clique aqui para ler o texto original: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/08/23/porto-de-rio-grande-atrai-operadores-privados.ghtml
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