Portos e Terminais

Porto de Santos não será impactado por nova rota marítima entre China e Peru, afirmam especialistas

dez, 18, 2024 Postado porDenise Vilera

Semana202448

A recente inauguração do Porto de Chancay, no Peru, marcando uma nova rota marítima direta entre a China e a América Latina, não deve trazer impactos ao Porto de Santos. Apesar de ser um empreendimento estratégico para a logística regional, especialistas garantem que o complexo peruano, operado pela estatal chinesa Cosco Shipping, não representa concorrência direta para o principal terminal brasileiro.

O Porto de Chancay, inaugurado em novembro, foi projetado para movimentar inicialmente 1 milhão de TEU (unidade equivalente a contêineres de 20 pés) por ano. Graças à sua localização no Oceano Pacífico, ele reduzirá o tempo de transporte marítimo entre a China e o Peru de 40 para 28 dias. O novo terminal fortalecerá a capacidade da China de importar recursos estratégicos da América do Sul, como minérios (lítio e cobre) e produtos agrícolas, como soja.

O gráfico abaixo compara as exportações e importações de contêineres no Porto de Santos entre janeiro de 2021 e outubro de 2024. Os dados são derivados do DataLiner, um produto de inteligência alimentado pelo Datamar.

Porto de Santos | Exportações e Importações | Jan 2021 – Out 2024 | TEUs

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

Impacto em Santos: especialistas tranquilizam o setor

De acordo com Luis Claudio Montenegro, consultor portuário, o Porto de Santos tem preocupações mais urgentes relacionadas à ampliação de sua infraestrutura, redução de burocracias e maior segurança jurídica. “Novas alternativas, mesmo que em outros países, aumentam nosso potencial produtivo, de consumo e de crescimento da infraestrutura”, avalia ele.

Montenegro acredita que, caso os gargalos estruturais de Santos sejam resolvidos, o porto poderá atingir uma movimentação de 1 bilhão de toneladas até 2060, consolidando sua competitividade.

O ex-secretário nacional de Portos, Fabrizio Pierdomenico, reforça que Chancay não ameaça Santos, especialmente no que diz respeito às exportações de commodities agrícolas, como soja, milho e farelo. Ele explica que o transporte desses produtos no Brasil depende de uma logística eficiente e de baixo custo, que combina ferrovia e rodovia.

“É economicamente inviável transportar grãos de caminhão do Mato Grosso até o Peru, cruzando a Cordilheira dos Andes. O custo logístico superaria qualquer benefício”, analisa Pierdomenico. “Não há viabilidade para que cargas sejam desviadas do Porto de Santos, e isso vale para todo o Brasil.”

Chancay: uma infraestrutura robusta, mas localizada

O Porto de Chancay foi construído em uma pequena cidade homônima, a 78 km de Lima, com investimentos estimados em US$ 3,4 bilhões (cerca de R$ 20,7 bilhões). O complexo possui infraestrutura de ponta, incluindo 15 atracadouros e um túnel de 2 km para transporte de cargas. O canal de navegação foi dragado para 17 metros de profundidade, permitindo o acesso de navios pós-Panamax com capacidade para até 18 mil TEU.

A meta da Cosco Shipping é expandir a movimentação para 1,5 milhão de TEU por ano, posicionando Chancay como o maior porto comercial da América do Sul.

Apesar do potencial do porto peruano, especialistas destacam que ele é focado em atender demandas regionais e fortalecer o comércio bilateral com a China, sem interferir no protagonismo do Porto de Santos no Brasil.

Fonte: A Tribuna

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