Economia

Presidente da AEB tem visão pessimista sobre futuro das relações Brasil-Argentina

maio, 23, 2024 Postado porGabriel Malheiros

Semana202421

O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, fez um prognóstico inusitado e pouco animador sobre o futuro das relações comerciais entre o Brasil e a Argentina. Segundo ele, “se a Argentina se recuperar {da grave crise econômica que atinge o país}, ninguém garante que ela vai se voltar para o Brasil. Poderá se voltar para a China, para os Estados Unidos ou para a Europa. Apesar de ser o país mais próximo da Argentina, talvez o Brasil possa não merecer a atenção que todos nós achamos que deveria ter da Argentina”.

Muito mais que retórica ou figuras de linguagem, a afirmação do executivo da AEB é baseada em números. E os números do comércio bilateral no primeiro quadrimestre de 2024 não são nada alentadores. Pelo contrário. As exportações brasileiras que em 2023 cresceram 8,9% para US$ 16,612 bilhões, recuaram 29,9% no quadrimestre janeiro-abril deste ano e somaram US$ 3,908 bilhões.

Na outra ponta do comércio bilateral, as exportações argentinas que caíram 8,4% e somaram US$ 11,998 bilhões em 2023, nos quatro primeiros meses deste ano tiveram uma leve recuperação de 2,9% para US$ 3,948 bilhões

A queda nas exportações brasileiras puxou para baixo a corrente de comércio (soma das exportações e importações), que tinham subido 0,9% no ano passado, neste início de ano desabaram 16,5% e somaram US$ 7,856 bilhões.

Outro reflexo de quatro meses de intercâmbio fraco se fez sentir no superávit em favor do Brasil. Ano passado, a balança bilateral proporcionou ao país um saldo de US$ 4,715 bilhões. De janeiro a abril deste ano, o país superavitário nesse intercâmbio foi a Argentina, com um saldo de US$ 40,3 milhões.

O gráfico abaixo analisa o comércio de contêineres marítimos entre Argentina e Brasil (exportações e importações) entre janeiro de 2021 e março de 2024. Os dados foram derivados do DataLiner.

Comércio de Contêineres Brasil-Argentina | Jan 2021 – Mar 2024 | TEUs

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração) 

“A Argentina está passando por um spa”

Em sua análise da situação econômica da Argentina, José Augusto de Castro, afirmou que “se eu fosse um empresário {brasileiro} com presença no país vizinho, eu resistiria por pelo menos seis meses, porque o país está passando pela pior fase. A Argentina precisa de capital, mas ninguém vai investir no país sabendo que ele enfrenta uma série de problemas. A Argentina sempre dependeu de supersafras de soja e de milho, principalmente. Com supersafras desses dois produtos terá condições de resolver seu problema econômico e poderá pensar novamente em atrair capitais produtivos para a geração de empregos e novos produtos.”

Para José Augusto de Castro, “a Argentina tem que contar com a sorte. Terá que fazer o que o Brasil fez no ano 2000. Naquele ano houve uma explosão nas cotações e na produção das commodities. Com isso, o Brasil gerou um superávit comercial fantástico, o que fez com que o país pagasse a sua dívida {externa} e deixasse de ser um grande devedor mundial. A Argentina terá que passar por isso também. Vai depender de supersafras agrícolas para que possa pagar sua dívida externa e não depender de financiamentos internacionais. Ou, pelo menos, ter a liberdade de tomar os financiamentos quando achar melhor. É um cenário difícil”.

Fonte: Comex do Brasil

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