Primeira rede privada para portos vai agilizar embarques
out, 27, 2022 Postado porSylvia SchandertSemana202243
A BTP contratou a TIM e a Nokia para a instalação da primeira rede privativa industrial 5G da América Latina no setor portuário. Movimentando, por ano, 2 milhões de TEUs, a BTP é um dos maiores terminais de contêineres do Porto de Santos. A empresa é uma joint-venture entre a APM Terminals e a Terminal Investment Limited (TIL), líderes do mercado mundial de contêineres, pertencentes aos dois maiores grupos de armadores globais – Maersk e MSC, respectivamente.
O mercado B2B é a principal aposta das operadoras e fabricantes para monetizar as redes 5G, tema que dominou debates no Futurecom. Alberto Griselli, CEO da TIM Brasil, destaca a menor latência do 5G para aplicações como câmeras inteligentes, que serão instaladas no terminal para acompanhar, em tempo real, a movimentação de contêineres. O objetivo é gerir a produtividade a partir de um centro de monitoramento.
“A baixa latência e as altas velocidade e capacidade vão contribuir para aumentar a produtividade e a eficiência logística da BTP. Será uma rede dedicada na frequência de 3,5 GHz da TIM, mas isolada e exclusiva, com ‘core’ específico para a BTP. Além disso, estamos fortalecendo a rede 4G no entorno para dar melhor cobertura a todos os trabalhadores do terminal”, esclarece Griselli.
A nova rede sem fio da BTP vai cobrir uma área de 470 mil m2 e será composta por oito células 5G em substituição a 60 hot spots de uma rede wi-fi. A proposta é que funcione de forma redundante para garantir alta disponibilidade e resiliência, conforme explica Marcelo Entreconti, diretor da Nokia Enterprise para América Latina.
Ricardo Arten, presidente da BTP, informa que a rede será utilizada para conectar equipamentos de movimentação portuária que serão eletrificados e ganharão sensores para automação remota. Isso também dará segurança aos trabalhadores, reduzindo o trânsito de pessoas na área portuária.
Ele diz que os caminhões têm um tablet, mas, quando saem da área de alcance de um hot spot wi-fi para outro, o sinal cai. Mesmo sendo por poucos segundos, impacta na eficiência operacional. “No 5G, isso vai ser eliminado. Nossas transações vão passar de 50 para 3 milissegundos. Hoje nossa comunicação é via rádio, vai passar para voz sobre IP. Estamos pensando em desenvolver startups e criar aplicações, como precificação dinâmica e buscar sinergias com outras verticais como ferrovias e o agronegócio. Nossa expectativa é iniciar a operação da nova rede em março de 2023”, anuncia Arten.
O projeto é parte do plano de investimento de R$ 3 bilhões que a empresa vai realizar como compromisso para a renovação antecipada de sua concessão, que vence em 2027 e será estendida por mais 20 anos. “Queremos aumentar nossa capacidade operacional dentro dos limites atuais do nosso terminal, que não tem mais área de expansão. A tecnologia é fundamental nesse compromisso: não temos como aumentar a capacidade a não ser com maior eficiência”, justifica o presidente da BTP.
Ele explica que a rede 5G é apenas uma pequena parte dos investimentos que incluem reforço dos berços de atracação, extensão do cais, aumento de 40% na base de equipamentos portuários e compromissos ambientais para o terminal ser livre de emissões de carbono a partir de 2032.
“Essa rede 5G privada vai aumentar a velocidade de nossas informações. Cada segundo conta muito em nossa operação. Um navio parado custa US$ 60 mil ao armador. Navio não foi feito para ficar parado, tem de sair e conectar países. Quanto mais rápida é a operação, mais eficientes somos para nossos armadores”, diz Arten.
A Nokia tem foco em refino, mineração, manufatura, portos e energia com mais de 1.500 redes de missão crítica e cerca de 500 redes privativas 4G e 5G implementadas no mundo. Para Entreconti, a tecnologia é só um habilitador; é preciso desenvolver os casos de uso. “O 5G é a quinta geração para nós, mas a primeira para a BTP, pioneira em rede privativa 5G da América Latina. Além da segurança e da redução do tempo do navio parado no porto, o projeto vai contribuir para redução do consumo energético”, diz o diretor da Nokia.
Já a TIM elegeu os setores de agronegócio e de logística e, em breve, serão anunciadas outros projetos para monetizar o 5G com conectividade e criação de um ecossistema de inovação. Griselli diz que há muito interesse no mercado. “Cada setor exige, inicialmente, a cobertura, depois desenvolvemos casos de uso e monetizamos a rede com a combinação desses dois elementos. O projeto com a BTP pode evoluir para coinovação e codesenvolvimento de soluções”, projeta o CEO da TIM.
Fonte: Valor Econômico
Para ler o artigo original completo, acesse: https://valor.globo.com/publicacoes/suplementos/noticia/2022/10/25/primeira-rede-privada-para-portos-vai-agilizar-embarques.ghtml
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