Problemas na produção de soja dos EUA devem impulsionar exportações brasileiras em 2023-24
set, 19, 2023 Postado porGabriel MalheirosSemana202338
A previsão de produção de soja dos Estados Unidos para o ano comercial 2023-24 (setembro a agosto) foi significativamente reduzida comparado com as projeções lançadas antes do inicio da temporada, devido à queda significativa na área cultivada e condições climáticas desfavoráveis. Isso provavelmente beneficiará as exportações de oleaginosas do Brasil no início do próximo ano, informaram analistas e observadores de mercado à S&P Global Commodity Insights.
Pouco antes do início do plantio da soja para a temporada de 2023-24 em meados de maio, acreditava-se que produção dos EUA iria alcançar o valor recorde de 122,74 milhões de toneladas, com um rendimento de 52 bushels por acre, um aumento de 5% em relação ao ano anterior. Foi prevista também uma área de 87,5 milhões de acres, mantendo-se estável em relação ao ano anterior, conforme o relatório de Estimativas de Oferta e Demanda Agrícola Mundial do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) de 12 de maio.
Com os preços das oleaginosas em constante alta devido à forte demanda global e problemas de oferta no Mar Negro, tudo indicava que os agricultores de soja dos EUA finalmente teriam um alívio após um ano morno em 2022.
No entanto, o sentimento de euforia durou pouco tempo, já que – apenas um mês depois – as projeções do USDA mudaram drasticamente em 30 de junho. A área plantada de soja dos EUA para a temporada de 2023-24 foi estimada em 83,5 milhões de acres, uma queda de 4,6% em relação à previsão de maio e 5% a menos em relação ao ano anterior. Em comparação com o ano anterior, a área plantada de soja foi reduzida nos importantes estados produtores de Illinois, Iowa, Ohio, Indiana, Kansas, Missouri, Dakota do Norte e Nebraska, em vista que os agricultores optaram por mais área de milho, o que pegou o mercado de surpresa.
Para piorar a situação dos agricultores de soja americanos, maio e junho foram meses de calor extremo e tempo seco no Meio-Oeste americano. Em um momento em que a cultura de oleaginosas precisava de umidade para o seu desenvolvimento, o calor e a seca causaram um grande impacto nas estimativas de rendimento, que caíram 3,7% em relação às estimativas de maio, para 49,1 bushels por acre em setembro, mostraram os dados do USDA.
A previsão de produção de soja dos EUA para 2023-24 agora é de 112,84 milhões de toneladas métricas, uma queda de 8% em relação às projeções de maio e 3% a menos em relação ao ano anterior, de acordo com os dados do USDA. Mas muitos analistas de mercado preveem cortes adicionais nas estimativas de produção, já que o agosto quente e seco prejudicou a cultura de oleaginosas do Meio-Oeste.
“As exportações dos EUA terão que ser reduzidas devido ao preço interno mais alto e à menor produção”, disse Sherman Newlin, analista da Risk Management Commodities.
Vantagem para o Brasil
O maior beneficiário das dificuldades dos agricultores de soja dos EUA para 2023-24 provavelmente será o Brasil – o maior produtor e exportador mundial de soja.
“A perda dos EUA é o ganho do Brasil”, disse Peter Meyer, economista de cultivos e matérias-primas da S&P Global. De acordo com as estimativas da S&P Global, as exportações de soja dos EUA no ano comercial 2023-24 serão limitadas a 49,5 milhões de toneladas métricas, o que está bem abaixo das estimativas iniciais, segundo ele.
A produção de soja dos EUA permaneceu estagnada nos últimos 10 anos, com uma média de 113 milhões de toneladas métricas, devido à expansão limitada da área cultivável e condições climáticas na maioria das vezes desfavoráveis. O Brasil ultrapassou rapidamente seu concorrente norte-americano nesse período.
Enquanto na temporada 2014-15, a produção de soja do Brasil era de 97,1 milhões de toneladas métricas em uma área de 79 milhões de acres, a previsão é de crescimento de 68% para 163 milhões de toneladas métricas em 2023-24 produzidas ao longo de 112,7 milhões de acres, mostraram os dados do USDA.
As exportações de soja do Brasil devem continuar a crescer em 2024 com base na produção recorde, problemas de cultivo nos EUA, taxa de câmbio favorável e demanda global robusta contínua, informou o Serviço de Agricultura Estrangeira.
Portanto, não surpreendeu muitos quando as estimativas mais recentes da Conab colocaram a produção de soja do Brasil entre janeiro de 2023 a dezembro de 2023 em uma alta histórica de 97 milhões de toneladas métricas. Para o biênio 2023-24, consultorias locais veem o país ultrapassando facilmente 100 milhões de toneladas em exportações de soja. Na verdade, uma delas, a Datagro, projeta que as exportações de oleaginosas chegarão a 103 milhões de toneladas métricas.
O surgimento do Brasil como um fornecedor confiável de soja de alta qualidade em grandes volumes provavelmente impactará as vendas de exportação de soja dos EUA, disseram analistas de mercado.
Preferência da China pela Safra Brasileira
A China, maior importadora mundial de soja e o maior comprador de soja dos EUA, deverá importar 100 milhões de toneladas métricas de oleaginosas no ano de marketing 2023-24, uma redução de 2% em relação ao ano anterior. No entanto, a China provavelmente obterá quase três quartos de suas oleaginosas do Brasil, que oferece soja a preços mais baratos e de melhor qualidade na maior parte do ano.
Veja abaixo as exportações de soja do Brasil para a China entre janeiro de 2019 e janeiro de 2023. Os dados são do DataLiner.
Exportações brasileiras de soja para a China | Jan 2019 – Jan 2023 | WTMT
Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)
De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior, o Brasil exportou um recorde de 81 milhões de toneladas de soja entre janeiro e agosto, um aumento de 21,6% em relação ao ano anterior. A China comprou 70% das oleaginosas brasileiras mais baratas neste período, mostraram os dados.
Fonte: S&P Global Insights
Para ler a matéria original, acesse: https://www.spglobal.com/commodityinsights/en/market-insights/latest-news/agriculture/091423-feature-us-soybean-2023-24-production-woes-likely-to-boost-brazilian-exports-in-2024
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