Produção de estaleiros aumenta após década de declínio, revelam dados

Após uma década de declínio na produção, os estaleiros testemunharam um aumento nos encomendas nos últimos anos, com entregas no primeiro trimestre alcançando a maior alta trimestral em sete anos, totalizando 10,1 milhões de arqueação bruta compensada (cgt), conforme revelam novos dados da Clarksons Research. A projeção da Clarksons aponta para um crescimento de 15% na produção de estaleiros para o ano completo de 2024, chegando a 40,6 milhões de cgt.

“Aumento de preços, forte carteira de pedidos futuros e demanda consistente em vários setores têm limitado a capacidade dos estaleiros na produção”, observou a Clarksons em seu relatório semanal mais recente.

O número total de estaleiros ativos diminuiu dois terços desde 2010, de acordo com a corretora britânica.

Analistas da Danish Ship Finance estão otimistas quanto às perspectivas da indústria naval, mas apenas a curto prazo, com as taxas de utilização global previstas para atingir o pico em 2024 antes de possivelmente suavizarem nos dois anos seguintes.

“A atividade contínua de contratação e a disponibilidade limitada de estaleiros estão levando os preços de novos navios cada vez mais próximos de uma alta histórica”, observou a Danish Ship Finance em um relatório emitido na semana passada.

Desde o início de 2023, a capacidade anual global dos estaleiros aumentou em 6 milhões de cgt para 59 milhões de cgt, de acordo com a Danish Ship Finance.

“Estaleiros de segundo nível ativos adicionais na China têm sido os principais contribuintes para esse crescimento”, observou o relatório.

O Splash tem relatado bastante sobre a nova capacidade de estaleiros que está entrando no mercado.

Por exemplo, o Estaleiro New Times, sediado em Jiangsu, um dos maiores estaleiros privados da China, está aguardando aprovação do governo para uma nova doca seca, com a corretora Gibson relatando que as entregas do primeiro trimestre de 2027 serão abertas assim que o estaleiro receber a luz verde.

Depois de vários anos de redução de capacidade, no ano passado houve várias tentativas de reabrir algumas instalações chinesas.

O Grupo Hengli Heavy Industries, uma subsidiária do Grupo Hengli, está operando os ativos da STX Dalian. O estaleiro reiniciou as operações em janeiro de 2023.

Em agosto de 2023, o Estaleiro Wuhu assumiu a terra e as instalações da antiga Indústria de Construção Naval Samjin, parte do grupo automobilístico Chery.

O Estaleiro Kouan está passando por um processo de reorganização desde 2019 e atualmente está construindo blocos e navios para terceiros, incluindo os construtores de navios Dajin, Taizhou Changqin e Taizhou Changyue.

A Indústria de Construção Naval Jiangxi New Jiangzhou foi estabelecida em 31 de março de 2023. Os principais investidores são a Qinshi (Xiamen) Trading e a Jiangsu Yangchuan Investment Development. A Qinshi (Xiamen) é a empresa-mãe de uma empresa listada, a Bestway Marine & Energy Technology, enquanto a Jiangsu Yangchuan é uma subsidiária do Grupo Yangzijiang Shipbuilding. O estaleiro assinou contratos para petroleiros de aço inoxidável com compradores chineses.

A empresa privada Fujian Guanhai Shipbuilding, que parou a produção em 2013 e faliu em 2019, foi assumida pelo gigante do aço privado de Fujian, o Grupo Jinshenglan, e renomeada como Grupo Fujian Songmin.

O Estaleiro Quanzhou, estabelecido em 2004 e declarado falido em 2019, chegou a um acordo com uma empresa do governo local para investir e reorganizar o estaleiro. Em setembro de 2023, foi realizada uma cerimônia para a retomada do trabalho e produção.

O Relatório sobre Transporte Marítimo de 2023, publicado em setembro pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), instou os estaleiros a expandirem rapidamente para auxiliar na transição verde do transporte marítimo.

“A capacidade dos estaleiros está atualmente enfrentando restrições. Proprietários de petroleiros e graneleiros estão antecipando longos tempos de espera e preços elevados de construção. Aumentar a capacidade de construção naval é crucial para garantir que o transporte marítimo atenda à demanda global e seus objetivos de sustentabilidade”, afirmou o relatório da UNCTAD.

Enquanto muitos outros analistas estão prevendo gargalos nos estaleiros, com executivos da construção naval considerando planos de expansão pela primeira vez desde a crise financeira global, o relatório da Danish Ship Finance adota uma visão contrária, baseada em como vê os volumes de comércio marítimo declinando nas próximas décadas. A demanda por capacidade de estaleiro pode diminuir 25% até 2040, previu o relatório dinamarquês.

Fonte: Splash 247