Produtor e importador de fios têxteis travam queda de braço
jul, 05, 2022 Postado porSylvia SchandertSemana202227
Produtores de fios texturizados de poliéster no país e importadores estão travando uma intensa queda de braço, em meio à investigação de defesa comercial aberta no ano passado pela Subsecretaria de Defesa Comercial e Interesse Público (SDCOM) sobre as importações do material, usado na confecção de roupas, provenientes da China e da Índia.
Em fase de avaliação de interesse público, o processo deve ser decidido em agosto e opôs nomes como Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (Citepe), Unifi do Brasil, Dini Têxtil e Antex, reunidos na Associação Brasileira de Produtores de Fibras Artificiais e Sintéticas (Abrafas), e importadores de fios, fornecedores de tecidos e associações que, juntas, representam mais de 40 mil postos de trabalho, e receberam o apoio de grandes marcas de roupas esportivas, incluindo Nike, Adidas e Puma.
Indícios de dumping foram constatados e as margens apuradas pela SDCOM, inicialmente, foram de 40% no caso do fio indiano e de 42,5%, no do produto chinês, obtidos a partir do ácido tereftálico purificado (PTA) e do monoetilenoglicol (MEG).
Um parecer anexado ao processo pela Associação Brasileira de Matérias-Primas Têxteis (Abratex) indica que o aumento das tarifas de importação, em um cenário conservador, poderia resultar em choque inflacionário de 18,7% nos itens de vestuário, elevando em 0,8 ponto percentual o IPCA médio em 12 meses.
Elaborado pela GPM Consultoria Econômica, sob liderança do professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Sergio Goldbaum, o estudo indica que a adoção de medidas antidumping estimularia a importação de produtos acabados e implicaria em aumento da produção doméstica de fios texturizados de apenas 9%, contra preços 19% mais altos para o consumidor final. “Não haverá ganho com antidumping”, defende a advogada Fernanda Manzano Sayeg, da firma ASRM Advogados, que representa a Abratex e uma série de importadores na investigação.
De acordo com o diretor de importação de fios da distribuidora Rocabella Têxtil, Fernando Menezes, a produção nacional de fios texturizados de poliéster, cujo preço é tradicionalmente mais elevado porque usa matéria-prima importada, é capaz de atender a cerca de 25% da demanda brasileira. Além disso, observa o executivo, nem todo tipo de fio texturizado tem produção local. “Ao sobretaxar todas as NCMs de fios de poliéster, há risco de desabastecimento porque a importação será desestimulada”, afirma.
A Abrafas também anexou um parecer ao processo, elaborado pela Tendências Consultoria, que vai no sentido oposto. Conforme o estudo, a adoção de tarifas antidumping vai estimular novos investimentos no país, ampliando o atendimento da demanda brasileira com produto nacional, diz o diretor executivo da entidade, José Eduardo Cintra de Oliveira. “O parecer da Tendências conclui que a aplicação da medida é benéfica para a cadeia de valor e para os consumidores”, afirma.
Segundo o executivo, em nota técnica recente, a SDCOM trouxe margens atualizadas de dumping, de 5% para o fio chinês e de 8%, para o indiano. “É um aumento de custo justificado, porque há prática desleal de comércio. O produtor local não quer proteção”, diz.
Fonte: Valor Econômico
Para ler o texto original completo acesse: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/07/05/produtor-e-importador-de-fios-texteis-travam-queda-de-braco.ghtml
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