Produtor americano pede sobretaxa contra suco de limão do Brasil

A Ventura Coastal, uma produtora de suco de limão nos Estados Unidos, apresentou petição ao Departamento de Comércio e à US International Trade Commission para imposição de taxas antidumping nas importações do produto procedente do Brasil e da África do Sul. A empresa alega concorrência desleal.

A petição apresentada no dia 29 de dezembro pela companhia sediada na Califórnia reclama que os produtores brasileiros venderam ou se ofereceram para vender seu suco de limão nos EUA a preços inferiores ao valor de mercado, resultando em margem de dumping de 555,22%. É quase cinco vezes mais que o dumping sul-africano, calculado em 128,61%.

Com isso, a Ventura Coastal pede às autoridades americanas uma taxa antidumping sobre o suco de limão do Brasil “em quantidades suficientes para compensar os preços injustos” – e na prática, reduzir a concorrência.

“O governo de Joe Biden continua recorrendo de forma bastante intensiva a medidas de defesa comercial, produtores brasileiros continuam sendo alvos dessas investigações e isso afeta a competitividade de exportações brasileiras no mercado americano”, nota Lucas Queiroz Pires, advogado especializado em comércio internacional do escritório Alston & Bird, em Washington. “Elas deixam as exportações brasileiras mais caras e na prática podem inviabilizar a entrada de determinados produtos, abrindo espaço para o produto americano e muitas vezes para de outras origens”.

No ano passado, o mel brasileiro sofreu denúncia de dumping nos Estados Unidos, seu principal mercado no exterior, apresentada por duas associações americanas de produtores. A margem de dumping identificada pelos peticionários foi de 114,5%. Após investigação, a sobretaxa provisória aplicada em 18 de novembro sobre o mel brasileiro varia de 7,89% a 29,61%.

Dessa vez, os exportadores brasileiros alvejados são Louis Dreyfus Company Brazil e Citrus Juice Eireli, sediadas em São Paulo. As exportações brasileiras de suco de limão para os EUA, que foram de 23,6 milhões de litros em 2020, cresceram para estimados 66,9 milhões de litros em 2021. O faturamento teria aumentado de US$ 11,8 milhões em 2020 para US$ 36,7 milhões no ano passado.

As investigações vão começar agora. As autoridades americanas poderão apontar determinação preliminar de dumping no começo de junho e taxa final em outubro.

A nova queixa coincide com uma expansão do volume de exportações de limão brasileiro. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que o Brasil embarcou 126,4 mil toneladas de limões e limas entre janeiro e outubro, faturando US$ 108,1 milhões. Volume e receita cresceram 6% em relação a 2020.

Confira no gráfico abaixo um histórico das exportações brasileiras de melão a partir de 2020. Os dados são do DataLiner:

Exportações Brasileiras de Limão | Jan 2020 a Novembro de 2021 | TEU

Fonte: DataLiner (clique aqui para solicitar uma demonstração)

Em dezembro, a expectativa de produtores brasileiros era de aumentar as exportações para atender sobretudo à demanda da Europa. Globalmente, a demanda pelo produto tem crescido, e a expectativa é de aumento médio de 1,2% ao ano até 2030.

Em 2019, os maiores produtores de limão foram Índia, México e China, com 42% do total mundial. Recentemente, o crescimento da produção mais acelerado tem ocorrido na África do Sul.

Os EUA são o maior importador mundial, com 793 mil toneladas em 2019. Os americanos gastaram US$ 692 milhões nas compras do produto naquele ano, ou 18% das importações globais de suco de limão.

Fonte: Valor Econômico

Para ler a matéria original completa acesse:

https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2022/01/04/produtor-americano-pede-sobretaxa-contra-suco-de-limao-do-brasil.ghtml

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