Prolongamento de greve em portos da Argentina preocupa moinhos de trigo do Brasil
dez, 22, 2020 Postado porSylvia SchandertSemana202052
O prolongamento de uma greve de trabalhadores nos portos da Argentina tem gerado preocupação para moinhos de trigo do Brasil, especialmente se a paralisação não for encerrada até o final do ano.
O Brasil, que importa a maior parte de suas necessidades de trigo e tem na Argentina seu principal fornecedor, registrou uma desaceleração nos desembarques do cereal em dezembro, segundo dados do Ministério da Economia divulgados no último dia 21 de dezembro.
A situação só não é mais grave para o Brasil porque no final do ano muitas indústrias reduzem a demanda por trigo, por conta de paradas para recesso e ainda há oferta de cereal nacional, uma vez que a colheita foi encerrada há pouco.
“Nesta época do ano são poucos os que compram o trigo. Se acabar o greve, não tem problema nenhum. Se não acabar, aí sim vai ter, alguma coisa limitada para alguns”, afirmou o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Rubens Barbosa, que está em contato com a embaixada brasileira em Buenos Aires para acompanhar a situação.
Uma fonte do setor, por outro lado, indicou uma situação mais “dramática”.“Tudo parado. Vários navios esperando para carregar. Alguns moinhos podem ficar sem trigo”, disse a fonte que atua em uma empresa paulista, na condição de anonimato, por não ter autorização para falar com a imprensa.
As importações brasileiras de trigo e centeio caíram pela metade até a terceira semana de dezembro, para pouco mais de 14 mil toneladas/dia, na comparação com a média do mesmo mês do ano passado, segundo dados do governo brasileiro.
Em dezembro do ano passado, o Brasil importou 650 mil toneladas de trigo de todas as origens, sendo que no acumulado deste mês os desembarques somaram apenas cerca de 200 mil toneladas.
Do total de trigo importado pelo Brasil de janeiro a novembro, de 5,87 milhões de toneladas, a Argentina forneceu 4,33 milhões, enquanto os Estados Unidos ofertaram 733,8 mil toneladas, seguidos por Rússia (237,6 mil), Uruguai (235 mil) e Paraguai (218,5 mil), entre outros, conforme dados do Ministério da Agricultura.
Confira no gráfico a seguir um comparativo das origens do trigo importado pelo Brasil no período de janeiro a outubro de 2019 e o mesmo período de 2020:
Principais origens da Importação Brasileira de Trigo (HS 1001) | Comparação Jan a Out 2019-2020 | Porcentagem
Fonte: Reuters
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