Quais os riscos do coronavírus chegarem ao país pelos portos brasileiros?
jan, 28, 2020 Postado porSylvia SchandertSemana202006
Na noite do último sábado, 25 de janeiro, um navio atracado no Porto de Santos levantou suspeitas de que sua tripulação não estava saudável. Segundo o Sindicato dos Estivadores de Santos (Sidestiva), os estivadores levantaram a suspeita de que os tripulantes estariam contaminados pelo coronavírus já que sua tripulação estava com tosse, espirros e os operadores responsáveis pelo Terminal Exportador do Guarujá (TEG) subiram no navio com luvas e máscaras.
O navio KM Singapore, de bandeira liberiana, é procedente da China e fez suas últimas escalas nos portos da África do Sul, Índia e Singapura e aguarda o embarque de soja a granel.
Apesar disso, a Anvisa informou que não há quaisquer elementos que justifiquem preocupações em relação ao coronavírus e que o uso de máscaras e luvas pelos tripulantes chineses deve-se às condições de trabalho exigidas haja vista tratar-se de navio transportador de grãos.
Porto de Paranaguá
Outra suspeita foi levantada nas redes sociais em relação ao Porto de Paranaguá. A empresa pública Portos do Paraná divulgou uma nota oficial na qual esclarece que não há nenhum relato de tripulante com suspeita de coronavírus no Porto de Paranaguá.
De acordo com a entidade, a guarda portuária e a equipe médica do OGMO Paranaguá foram a bordo do navio Great Praise, que está atracado no berço 208, depois de boatos espalhados em redes sociais. O órgão reforçou que está em contato com a Anvisa e demais órgãos de saúde e que todas as medidas necessárias já foram adotadas, pedindo cautela aos veículos de imprensa para evitar desinformação.
Porto do Itaqui tem protocolo para controle de epidemias
Já o Porto do Itaqui divulgou que atua de acordo com protocolos internacionais de saúde e segurança, mantendo atualizado o seu Plano de Contingência para Assuntos de Interesse Internacional em Saúde Pública e um posto permanente da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária na área portuária.
De acordo com a empresa, o plano é testado anualmente por meio de exercícios presenciais simulados e conta com participação da Anvisa, secretarias de Saúde estadual e municipal, Marinha do Brasil e Polícia Federal. Todos os navios que chegam ao porto são monitorados pela Anvisa e só atracam se a Declaração Marítima de Saúde estiver de acordo com o protocolo vigente.
Anvisa
De acordo com a Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o Ministério da Saúde instalou, no último dia 22 de janeiro, um comitê que tem como objetivo preparar a rede pública de saúde para o atendimento de possíveis casos no Brasil, a fim de responder a eventuais ocorrências de forma unificada e imediata. A Anvisa integra esse Centro de Operações de Emergência (COE) – Coronavírus.
Nota do Ministério da Infraestrutura
Com o aparecimento dos casos de doença respiratória causada pelo coronavírus na China, o Ministério da Infraestrutura – na condição de coordenador da Comissão Nacional das Autoridades nos Portos (Conaportos) e da Comissão Nacional de Autoridades Aeroportuárias (Conaero) –, informou que está atuando em consonância com Ministério da Saúde e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no sentido de manter em alerta os portos e aeroportos brasileiros sobre medidas preventivas e procedimentos relacionados à movimentação de passageiros oriundos daquele país. Num eventual relato de caso suspeito a bordo, a Anvisa adotará o protocolo para tal situação, contando com o apoio das demais autoridades e dos operadores portuários e aeroportuários.
Como é e como se comporta o coronavírus
Identificado na cidade chinesa de Wuhan, em dezembro, o coronavírus tem como características:
– Os coronavírus são uma família de vírus que recebem esse nome por sua aparência ao microscópio – são esféricos e suas superfícies são cobertas com estacas em forma de “coroa”.
– As infecções por coronavírus apresentam uma ampla gama de sintomas, incluindo febre, tosse, falta de ar e dificuldades respiratórias. Casos leves podem causar sintomas semelhantes ao resfriado, enquanto casos graves podem causar pneumonia, síndrome respiratória aguda grave (Sars), insuficiência renal e morte.
– Como outros coronavírus, o recém-identificado coronavírus da China está sendo transmitido de pessoa para pessoa por meio de gotículas quando uma pessoa infectada respira, tosse ou espirra. Também pode se espalhar por superfícies contaminadas, como maçanetas ou corrimão.
– A infecção pelo vírus recém-identificado tem um período de incubação entre 1 e 14 dias e há relatos limitados de que ele também pode estar se espalhando antes que os sintomas apareçam.
– Especialistas em doenças infecciosas e vírus dizem que a escala do surto atual aponta agora para a transmissão “autossustentada” de humano para humano. Eles estimam que cada pessoa infectada está infectando, em média, mais duas a três pessoas.
– Os testes para o novo vírus da China envolvem o uso de uma reação em cadeia da polimerase (PCR) em tempo real, que identifica o RNA viral em uma amostra. Essas amostras podem ser de swabs (procedimento de coleta de material) na garganta, amostras de tosse ou amostras de sangue de pacientes muito doentes.
Casos pelo mundo
O coronavírus originário em Wuhan já tem 4.583 casos confirmados no mundo, com 106 mortes, relata a rede CNN. A maioria dos casos confirmados está na China, 4.515, enquanto todas as mortes decorrentes da patologia foram registradas no território chinês.
O segundo país com mais casos de infecção é a Tailândia, com 14. Na sequência, aparece Hong Kong, com oito casos.
No mundo, são 18 países com casos confirmados de infecção pelo coronavírus. Fora da Ásia, são cinco casos nos EUA; um no Canadá; três na França; e um na Alemanha.
No Brasil, o Ministério da Saúde confirmou um caso suspeito em Minas Gerais, uma mulher de 22 anos que esteve recentemente na cidade de Wuhan, na China. Ela está hospitalizada em Belo Horizonte com sintomas que levantam suspeita sobre uma possível contaminação já que ela veio da cidade que é considerada o epicentro no surto do vírus na China.
Fontes: G1, Valor, Anvisa. Portos do Paraná, Porto de Itaqui, Ministério da Infraestrutura e Reuters
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