Queda de 42% na Reciclagem de Navios: Mercado de Granel Seco e Desafios na Indústria Marítima
set, 18, 2024 Postado porSylvia SchandertSemana202438
Até agora, neste ano, apenas 45 navios foram reciclados, totalizando 2,5 milhões de toneladas de porte bruto (DWT) ou 0,2% da frota. A reciclagem caiu em todos os segmentos, com os navios Capesize e Supramax apresentando a maior queda, com quase metade dos números do ano passado.
Nos últimos três anos, choques na demanda contribuíram para um aumento maior do que o esperado. Sanções ao carvão russo e o redirecionamento de rotas longe do Mar Vermelho e do Canal do Panamá contribuíram para o aumento das distâncias de navegação, mantendo os navios no mar por mais tempo.
“Entre janeiro e agosto de 2024, o número de navios reciclados caiu 42% ano a ano, o segundo menor nível em 16 anos. O mercado viu altas tarifas de frete e forte demanda, adiando a reciclagem de navios mais antigos. Do lado da oferta, a frota continuou a crescer lentamente, limitando a renovação da frota,” mencionou Filipe Gouveia, Analista Marítimo da BIMCO.
Do lado da oferta, o setor de granel seco teve entregas baixas e um pequeno livro de pedidos em meio à limitação de contratos de novos navios, altos preços de novos projetos e incerteza em relação a novos combustíveis.
Desde 2021, a competição por vagas nos estaleiros aumentou, primeiro devido a um boom nos pedidos de contêineres e GNL e, desde 2023, um aumento nos contratos para petroleiros e navios de produtos.
“No curto prazo, a renovação da frota não será um desafio significativo para o setor. A frota atual está a mais antiga desde 2011, mas apenas 9% da capacidade tem 20 anos ou mais. Além disso, isso ainda é mais jovem do que as frotas de petroleiros e de contêineres,” afirmou Gouveia.
Os graneleiros são projetados para operar por cerca de 25 anos e apenas 3% da capacidade atualmente tem 25 anos ou mais. Esses navios mais antigos são particularmente prevalentes no segmento handysize, representando 8% da capacidade desse segmento, enquanto os navios do segmento Capesize raramente atingem a idade de 25 anos antes da reciclagem.
Mais navios serão substituídos no futuro para cumprir as futuras regulamentações climáticas, uma vez que a eficiência energética e de combustível será fundamental para a descarbonização. Embora o design dos navios não tenha mudado radicalmente nos últimos vinte anos, navios mais novos são marginalmente mais eficientes e representam melhores candidatos a investimentos em tecnologia de economia de combustível devido à sua vida útil mais longa.
“Nos próximos anos, a reciclagem de navios deve gradualmente se recuperar quando as travessias pelo Canal do Panamá e pelo Mar Vermelho retornarem ao normal em algum momento, e o mercado se adaptar a outros choques de demanda. Em um mercado mais fraco, navios mais antigos e menos competitivos que teriam sido reciclados nos últimos três anos provavelmente serão desativados. No médio prazo, políticas climáticas mais rigorosas incentivarão ainda mais a reciclagem,” comentou Gouveia.
Fonte: Container News
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