
Recuperação do suco de laranja no Brasil faz preços despencarem 50% em 2025
mar, 31, 2025 Postado porDenise VileraSemana202512
Como maior exportador mundial de suco de laranja, o Brasil provocou uma forte queda nos preços da commodity—derrubando os contratos futuros em 50% apenas neste ano. No início de janeiro, os contratos de suco de laranja concentrado congelado (FCOJ) atingiram um recorde de US$ 5,1465 por libra na bolsa de Nova York. Nesta quarta-feira, foram negociados a US$ 2,6210, após chegarem ao patamar mais baixo de US$ 2,4290 em 18 de março. Nos últimos 12 meses, os preços acumulam uma queda de 28,7%, segundo dados do Valor Data.
A queda acentuada é resultado das expectativas de recuperação da safra brasileira de laranja para o ciclo 2025/26, que começa em maio. A temporada anterior rendeu 228,52 milhões de caixas, impactada significativamente pela seca.
“Muitos no mercado trabalham com uma estimativa entre 260 milhões e 300 milhões de caixas. No melhor cenário, isso representaria um aumento de 30%, nos aproximando dos níveis de 2023, quando o Brasil colheu 307 milhões de caixas”, disse Andrés Padilha, analista sênior do Rabobank Brasil.
Em fevereiro, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) projetou um número ainda maior: 320 milhões de caixas para o novo ciclo.
Embora Padilha considere essa previsão a mais otimista, ele reconhece que é plausível. No entanto, outros fatores podem influenciar o resultado.
“Com os preços elevados recentemente, os produtores estão investindo mais no manejo dos pomares. Por outro lado, a área total plantada está estagnada há anos, e os casos de greening estão aumentando”, afirmou o analista. “As temperaturas sobem a cada ano e, embora as chuvas tenham melhorado recentemente, ainda tenho dúvidas de que chegaremos a 320 milhões de caixas.”
As expectativas de um clima mais ameno neste ano sustentam as projeções de uma safra melhor. Padilha acredita que os preços futuros do suco de laranja em Nova York oscilarão conforme as estimativas oficiais de colheita, sendo a primeira divulgada em maio pelo Fundecitrus, órgão de defesa da citricultura no Brasil.
“Se o número for mais próximo de 260 milhões de caixas, os preços podem subir. Mas, se ultrapassar 300 milhões, podemos ver novas quedas”, disse ele, observando que o otimismo inicial já levou alguns investidores a desfazerem posições compradas.
Apesar da queda dos preços, há poucos sinais de que a demanda global por suco de laranja se recupere no curto prazo—um ponto reconhecido até mesmo pela CitrusBR, entidade que representa os maiores exportadores brasileiros de suco.
“A transição dos preços futuros para o mercado consumidor não acontece rapidamente”, explicou Padilha. “Grandes compradores, como fabricantes de suco, fixaram preços antes da disparada, o que atrasou o repasse para os consumidores. O mesmo acontece agora com a queda nos preços—não significa que o consumo aumentará imediatamente.”
Um relatório recente do Financial Times destacou que consumidores na Europa e nos EUA vêm comprando menos suco de laranja não apenas por causa do preço, mas também devido à queda na qualidade. Árvores doentes produziram frutos mais amargos, e a escassez obrigou os fabricantes a serem menos seletivos nas misturas.
O diretor executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto, disse ao Valor que a entidade alertou os clientes no ano passado de que as primeiras entregas da temporada seriam “mais heterogêneas”. A colheita da laranja ocorre em três fases: início, meio e fim da safra. Os frutos colhidos no início chegam primeiro às fábricas, mas tendem a ter maior acidez—geralmente equilibrada com suco da safra anterior. “No entanto, não tínhamos estoque remanescente, então não conseguimos entregar o produto ideal”, afirmou Netto.
A demanda no varejo pelo suco de laranja reconstituído—feito a partir do concentrado congelado—caiu 24,5% nos EUA no período de quatro semanas encerrado em 1º de novembro de 2024 (últimos dados disponíveis), segundo a Nielsen. O consumo de suco fresco caiu 0,9% no mesmo período.
“Quando os consumidores enfrentam preços altos, acabam escolhendo produtos que percebem como de maior qualidade e mais saudáveis”, disse Netto.
Ele acredita que a queda nos preços e o retorno da melhor qualidade do suco podem ajudar a reverter a queda na demanda. “Mas isso é mais um desejo do que uma previsão real”, concluiu.
Fonte: Valor International
-
Portos e Terminais
dez, 15, 2022
0
Grãos: Porto de Odesa retoma operações
-
DW 2021 PT
jan, 25, 2021
0
DatamarWeek 26 de janeiro de 2021
-
Portos e Terminais
jul, 17, 2023
0
Complexo Portuário de Itajaí movimenta 1,4 milhão de toneladas em junho
-
Grãos
out, 13, 2022
0
Governo da Argentina se reúne com setor de trigo em meio a preocupações com safra