Refinarias latino-americanas entram em terreno incerto com retorno russo ao mercado
jan, 11, 2023 Postado porGabriel MalheirosSemana202302
Ao contrário do resto do mundo, apesar dos preços recordes, a demanda por produtos refinados na América Latina parece crescer em 2023. No entanto, a oferta permanece incerta por causa de novas sanções à Rússia.
A invasão russa na Ucrânia esteve no centro do que foi um ano incomum na América Latina para o mercado de commodities, assim como em outras partes do mundo. Outros fatores regionais também entraram em jogo, como por exemplo o aumento da demanda agrícola, a fraca oferta de energia hidrelétrica e a mudança de governo. Países do México à Argentina mantiveram os preços nas bombas baixos e a demanda alta, em parte por meio de subsídios que podem acabar em qualquer momento.
A América Latina atingiu preços recordes de diesel e gasolina em junho. A demanda da região responde por metade de todas as exportações de produtos refinados dos EUA, que se aproximaram de 200 milhões de barris/mês em 2022, mostram dados da US Energy Information Administration.
Os analistas da S&P Global Commodity Insights disseram que a demanda geral por diesel na América Latina aumentou 8% em 2022 e as importações líquidas aumentaram 22% em 2022. Eles citaram um aumento nas atividades econômicas, como agricultura, mineração, produção industrial e consumo de diesel.
Fontes ativas no mercado latino-americano esperam que a demanda caia em 2023 devido à esperada recessão nos EUA. Mas os analistas da S&P Global disseram que uma possível recessão nos EUA não necessariamente terá repercussões globais e as economias da América Latina não são muito afetadas pela economia dos EUA, com exceção do México.
A demanda na América Latina permaneceu em seu nível mais alto nos últimos cinco anos e deve continuar forte, mas não crescerá tanto em 2023, dependendo do país.
“O grande debate é como todos esses governos poderão manter a abordagem atual sobre os altos preços dos combustíveis”, disse Felipe Perez, analista da S&P Global.
Abordagem cautelosa
Após a invasão russa em 24 de fevereiro, o mercado global passou por períodos de baixa demanda, principalmente de março a julho. Isso foi consequência da instabilidade política global e das sanções impostas pelos EUA à Rússia. Isso fez com que a América Latina se tornasse um mercado atraente para a Rússia.
A América Latina não sancionou os barris russos, mas abordou sua importação com cautela por medo de reação ou de ser incluída na lista negra de países mais poderosos como os EUA. Mas se o preço do barril baixar o suficiente, a tentação será grande e muitos deverão deixar o medo de lado, segundo Perez.
Empresas menores no Brasil compraram produtos russos, o que fez com que o Brasil tivesse um excesso de oferta em setembro. Caribe, Equador, Venezuela e Cuba também receberam produtos russos devido aos vínculos políticos com o país.
Os dados da Kpler mostraram 14,28 milhões de barris de produtos russos entrando na América Latina de janeiro a dezembro de 2022, em comparação com 4,56 milhões nos EUA, que chegaram principalmente antes das sanções aplicadas em março.
“Nunca tínhamos visto movimentos tão expressivos de produtos russos na América Latina por causa da distância, mas o mercado fez isso acontecer”, disse uma segunda fonte.
Os dados da Kpler já mostram que 1,43 milhão de barris de produtos refinados devem chegar da Rússia à América Latina em janeiro.
“Os Estados Unidos e a Europa estão realmente enfrentando um mercado pressionado sem o abastecimento da Rússia, o que afeta indiretamente também o mercado latino-americano”, disse a fonte.
A principal dúvida é se o México aceitará o produto russo, apesar de seus laços estreitos com os EUA. Os EUA são a principal fonte de importações latino-americanas, embora o petróleo seja extraído em outros países, incluindo aqueles que se beneficiam do petróleo russo barato.
Incertezas à frente
A Europa começou a impor sanções contra a Rússia em fevereiro de 2023. Os EUA não terão muito produto para dispor e podem preferir a Europa à América Latina. Isso pode levar a América Latina a receber produtos russos como resultado, de acordo com Perez.
A Europa pode se voltar para a África e até mesmo para os poucos exportadores latino-americanos para abastecimento no momento, disseram fontes, deixando o cenário incerto para 2023 se a guerra Rússia-Ucrânia não for resolvida.
Fonte: S&P Global
Para ler o artigo original completo, acesse: https://www.spglobal.com/commodityinsights/en/market-insights/latest-news/oil/010923-latin-america-2023-refined-products-market-cloudy-on-possible-russian-supplies
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