Relatório X-Press Pearl classifica pellets de plástico como substâncias perigosas
fev, 11, 2022 Postado porGabriel MalheirosSemana202206
Os riscos associados ao transporte de produtos químicos e plásticos em contêineres precisam ser abordados, dizem os autores do primeiro estudo sobre o maior derramamento de pellets de plástico já registrado que investigou os impacto da liberação de produtos químicos tóxicos nas pessoas e no meio ambiente.
O relatório “X-Press Pearl: um ‘novo tipo de derramamento de óleo‘” foi publicado esta semana pela International Pollutants Elimination Network (IPEN) e The Center for Environmental Justice (CEJ). Este relatório inclui os resultados da análise dos detritos plásticos que chegaram às praias do Sri Lanka, assim como testemunhos de comunidades devastadas pela poluição, após o incidente com o navio X-Press Pearl, que afundou no porto de Colombo em maio do ano passado.
Mais de 80 dos 1.486 contêineres a bordo do navio continham mercadorias perigosas. O navio transportava 1.680 toneladas de pellets de plástico. Após o incidente, peixes mortos, tartarugas, golfinhos e baleias apareceram nas praias locais, juntamente com enormes quantidades de pellets de plástico. Proibições de pesca foram impostas e as operações de limpeza começaram.
O caso do X-Press Pearl é um dos muitos incidentes de transporte que ocasionaram poluição por meio de plásticos detalhados no relatório de 37 páginas, onde os autores admitiram que a quantidade real de poluição vinda de contêineres perdidos é atualmente impossível de se rastrear.
Para entender melhor a toxicidade potencial da poluição plástica, a CEJ coletou amostras de pellets e detritos plásticos de quatro pontos ao longo da costa. As amostras foram analisadas quanto a metais pesados, estabilizadores UV de benzotriazol (BUV), polifluoroalquil (PFAS), bisfenóis e hidrocarbonetos poliaromáticos (PAHs).
Os resultados confirmam que as consequências do derramamento não são apenas físicas, mas também de natureza química. Os efeitos sobre a saúde e o meio ambiente causados pelos diferentes produtos químicos, metais e plásticos incluem corrosão, câncer e desregulação endócrina.
Além de avaliar os poluentes químicos e suas potenciais consequências, o IPEN e o CEJ se reuniram com comunidades em três áreas costeiras afetadas e realizaram uma pesquisa com mais de 100 participantes. As comunidades relataram perda de rendimentos, redes destruídas, diminuição das capturas, alterações no mar e, em alguns casos, sintomas alérgicos após o acidente.
Therese Karlsson, assessora científica e técnica do IPEN, defendeu que “esse incidente deve ser considerado o maior derramamento de óleo do nosso tempo. Para proteger as comunidades costeiras, é, portanto, crucial que medidas de prevenção, mitigação e regulamentação sejam adaptadas para enfrentar os riscos associados aos padrões de navegação atuais.”
O IPEN e o CEJ sugerem que a legislação e as práticas atuais são insuficientes para mitigar os riscos de produtos químicos mal embalados, assim como o risco associado ao grande número de produtos químicos diferentes transportados por navios porta-contêineres.
A Organização Marítima Internacional está atualmente discutindo como lidar com a perda de pellets de plástico no mar e rastrear melhor os contêineres perdidos no mar. Atualmente, cerca de 1.000 contêineres são perdidos a cada ano. O Sri Lanka apresentou uma proposta para classificar os pellets de plástico como substâncias perigosas, e Vanuatu apresentou uma sobre a denúncia de contêineres perdidos no mar.
Fonte: Splash247
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