Restrição à exportação atinge 17% do comércio global de alimentos
jul, 07, 2022 Postado porSylvia SchandertSemana202227
As restrições à exportação foram impostas a quase um quinto do comércio global de alimentos, de acordo com os números mais recentes, à medida que os países respondem à crise de segurança alimentar exacerbada pela invasão da Ucrânia pela Rússia.
Proibições de exportação, tarifas mais altas e outras barreiras foram impostas a 17% do mercado internacional de alimentos, em base calórica, em 28 de junho, de acordo com um rastreador mantido pelo Instituto Internacional de Políticas Alimentares, com sede em Washington.
As restrições a exportação de alimentos tornou-se especialmente proeminente para categorias produzidas em grandes quantidades pela Rússia e pela Ucrânia. O trigo está sujeito a restrições por 13 países, a contagem mais alta para um único produto agrícola. O milho é o próximo item mais restrito, em 10 países.
O mundo viu duas outras crises de segurança alimentar nos últimos 14 anos. A pandemia causou uma em 2020, enquanto um aumento acentuado na demanda de países emergentes com crescimento econômico dramático causou outro episódio em 2008.
Esta crise atual, no entanto, se prolongou com impacto de maior alcance. Os preços dos alimentos já estavam em tendência ascendente devido a problemas na cadeia de suprimentos induzidos pela pandemia. A guerra na Ucrânia abriu outra frente na disparada dos preços.
Em uma base calórica, o trigo e o óleo de palma representam, cada um, cerca de 30% dos produtos agrícolas restritos. O óleo de palma, em particular, não é usado apenas na alimentação, é também um ingrediente em produtos de beleza. Os preços subiram porque a commodity é vista como um substituto do óleo de girassol, um produto básico da Ucrânia.
O governo indonésio proibiu as exportações de óleo de palma em abril, o que provocou uma onda de oposição em todo o mundo. A proibição foi suspensa em maio, mas a Indonésia continua priorizando a demanda doméstica.
Outro fator é a mudança da Indonésia em direção aos biocombustíveis, com o óleo de palma visto como uma importante fonte de energia.
O fornecimento problemático de fertilizantes químicos está aumentando a pressão da crise alimentar. Além da interrupção no fornecimento russo, a China impôs no outono passado uma proibição de exportação de ureia, um componente de fertilizantes, com o objetivo de priorizar a distribuição interna.
O Vietnã está considerando aumentar as tarifas de exportação de fertilizantes em resposta às preocupações com a escassez doméstica, decorrentes de preços altos e interrupções na cadeia de suprimentos.
Os preços do ácido fosfórico e do cloreto de potássio – dois ingredientes encontrados em fertilizantes – triplicaram a partir de 2021, segundo o Banco Mundial.
Em crises alimentares passadas, alimentos básicos como arroz, trigo e trigo sarraceno estavam sujeitos a amplos controles. No futuro, pode haver uma reação em cadeia de países limitando as exportações de arroz como alternativa, de acordo com David Kleimann, membro do centro de estudos Bruegel, com sede em Bruxelas.
Os preços do trigo subiram 20% desde o início do ano, enquanto os preços do milho aumentaram 30%. O arroz também enfrenta pressão de alta, e muitos outros produtos estão alcançando preços históricos.
A atual situação alimentar corre o risco de se transformar em fome e distúrbios que afetam regiões inteiras, disse Kleimann.
O Haiti registrou tumultos violentos em 2008 depois que os preços dos alimentos subiram em espiral. A violência deu início a uma mudança de governo. Os altos preços dos alimentos também foram vistos como um fator que contribuiu para desencadear a Primavera Árabe em 2011.
Fonte: Valor Econômico
Para ler o texto original completo acesse: https://valor.globo.com/mundo/noticia/2022/07/07/restrio-exportao-atinge-17-pontos-percentuais-do-comrcio-global-de-alimentos.ghtml
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