Rivalidade entre EUA e China divide economia global em dois centros de poder
nov, 08, 2023 Postado porSylvia SchandertSemana202342
A China ultrapassou um marco significativo no quarto trimestre do ano passado: pela primeira vez desde sua abertura econômica, há mais de quatro décadas, ela comercializou mais com países em desenvolvimento do que com os EUA, Europa e Japão juntos. É um dos sinais mais claros até agora de que China e Ocidente estão seguindo direções distintas, à medida que aumentam as tensões sobre comércio, tecnologia, segurança e outras questões espinhosas.
Por décadas, EUA e outros países ocidentais tentaram fazer da China um parceiro e cliente em uma economia global única liderada pelas nações mais ricas. Agora, fluxos comerciais e de investimentos estabelecem novos padrões construídos em torno dos dois centros de poder concorrentes.
Nessa economia mundial cada vez mais dividida, Washington continua aumentando a pressão sobre a China, com restrições de investimentos e proibição de exportações, enquanto a China reorienta grandes partes de sua economia para longe do Ocidente e em direção ao mundo em desenvolvimento.
Os benefícios para os EUA e a Europa incluem uma menor dependência das cadeias de abastecimento chinesas e mais empregos para americanos e europeus, que de outra forma poderiam ir para a China. Mas há grandes riscos, como o crescimento global mais lento – e muitos economistas temem que os custos para o Ocidente e a China superem as vantagens.
Está cada vez mais difícil desvendar as estratégias à medida que ambos os lados investem mais recursos nelas. As fábricas chinesas estão substituindo produtos químicos, peças e máquinas-ferramentas ocidentais por produtos nacionais ou provenientes de nações em desenvolvimento. O comércio da China com o Sudeste da Ásia superou seu comércio com os EUA em 2019. A China agora negocia mais com a Rússia do que com a Alemanha e em breve poderá dizer o mesmo sobre o Brasil.
Os investimentos externos da China hoje vão principalmente para locais ricos em recursos, como a Indonésia e o Oriente Médio, e não para os EUA.
Grandes companhias ocidentais como Apple, Stellantis e HP pretendem tirar sua produção da China. Empresas financeiras como a Sequoia Capital tomam medidas para imitar atividades na China.
Mais de um terço das empresas americanas consultadas pelo U.S. China Business Council, que representa companhias americanas na China, disseram ter reduzido ou interrompido investimentos planejados na China ao longo do último ano, um número recorde e bem acima dos 22% de 2022.
“O mundo está se dividindo em esferas rivais”, diz Noah Barkin, consultor da Rhodium Group de Nova York. “Há uma dinâmica que de certa forma se autoalimenta. Há o risco de ela acelerar com o tempo e os governos passarem a ter mais dificuldades para administrá-la.”
Crescimento Lento
O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse em outubro que a separação entre a China e o Ocidente está afetando a recuperação econômica mundial este ano. Uma fragmentação mais severa entre os blocos liderados pelos EUA e pela China poderia custar à economia mundial até 7% do PIB, algo avaliado em trilhões de dólares.
A divisão econômica priva as empresas de acesso a mercados vitais que geram lucros, e torna mais difícil o compartilhamento de tecnologia e capital, prejudicando o crescimento.
Os custos já estão aumentando para as grandes empresas, especialmente em países da Europa como a Alemanha, que prosperou nas últimas décadas vendendo automóveis e máquinas de ponta para a China. Montadoras alemãs e japonesas como Volkswagen e Toyota hoje respondem por cerca de 30% do mercado automobilístico da China, número que era de quase 50% há três anos, depois que as marcas chinesas cresceram, segundo a Associação dos Fabricantes de Automóveis da China.
Fonte: Valor Econômico
Para ler o texto original completo, acesse: https://valor.globo.com/mundo/noticia/2023/11/08/rivalidade-entre-eua-e-china-divide-economia-global-em-dois-centros-de-poder.ghtml
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