Sanção da UE pressiona mercado global de carvão
abr, 07, 2022 Postado porSylvia SchandertSemana202214
A Europa está fazendo uma grande aposta ao se movimentar para proibir o carvão russo, o que poderá lhe deixar vulnerável à escassez e riscos de blecautes enquanto o resto do mundo enfrentará aumento nos preços.
A Rússia é o principal fornecedor de carvão térmico da Europa. Com a União Europeia (UE) unindo-se aos EUA na adoção de uma posição mais dura contra a guerra na Ucrânia do presidente Vladimir Putin, o continente pretende eliminar gradualmente as importações de carvão da Rússia.
No último dia 06 os Estados membros da UE apoiaram a proposta apresentada pela Comissão Europeia, para proibir as importações de carvão russo. A aprovação formal do bloco é esperada até dia 08. Até o ano passado, as importações da UE do carvão russo somavam cerca de 4 bilhões por ano.
O problema é que não há uma alternativa clara para o carvão russo e a busca dos europeus por outras fontes arrisca provocar um efeito dominó, criando uma frenética corrida mundial pelo combustível sujo.
Os preços estão em níveis recordes em um mercado já apertado há meses. O preço do carvão na Europa subiu 14% na terça-feira, o maior patamar em três semanas, depois da notícia da proposta de proibição, com os preços dos contratos futuros dobrando desde o começo do ano. O referencial asiático atingiu uma alta histórica em março, enquanto que na semana passada nos EUA o preço superou os US$ 100 a tonelada pela primeira vez em 13 anos.
“As sanções proposta seriam devastadoras para as importações europeias de carvão”, disse Fabian Ronningen, analista da consultoria norueguesa Rystad Energy. “Parte do carvão pode ser obtida em outros mercados, mas no geral o mercado global de carvão também e está muito apertado.”
E não se trata apenas do fato de a oferta estar limitada. Há também complicações logísticas quando se trata de mudar rapidamente para novas fontes. A proximidade da Rússia com a Europa há muito é uma das vantagens num mercado que depende de embarques de cargas pesadas que duram dias. Agora, os compradores europeus terão de buscar em outros lugares distantes como África do Sul, Austrália e Indonésia.
Mineradoras da Indonésia, o maior exportador mundial de carvão para usinas de geração de energia, foram procuradas por compradores da Itália, Espanha, Polônia e Alemanha, segundo Hendra Sinadia, diretor executivo da Associação das Mineradoras de Carvão da Indonésia. A possibilidade do aumento da demanda por carvão fora da Rússia, deu impulso às ações das companhias mineradoras de carvão australianas.
No longo prazo, as perspectivas não são boas para o carvão, considerado o mais sujo dos combustíveis fósseis. Mas neste momento o mercado está em expansão, com a Europa enfrentando uma crise no fornecimento de gás natural e com a disparada do consumo de combustíveis por causa da recuperação da pandemia. De acordo com o think-tank Ember, as emissões mundiais de carbono do setor de energia saltaram para um recorde em 2021, em parte por causa do aumento na queima de carvão.
Aumentar a produção de carvão para atender à demanda tem sido um desafio. O mercado foi prejudicado por problemas no transporte ferroviário, surtos de covid-19 e até uma proibição temporária ao carvão da Indonésia, o maior exportador do mundo da commodity.
“A interrupção do fornecimento de carvão russo é apenas o capítulo mais recente de uma onda de problemas de oferta que assola o mercado desde o início do ano passado”, segundo analistas do Bank of America.
Fonte: Valor Econômico
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