Seca provoca congestionamento de navio no Canal do Panamá
ago, 21, 2023 Postado porGabriel MalheirosSemana202335
Frotas de navios estão presas nos dois lados do Canal do Panamá, aguardando semanas para atravessá-lo depois que as autoridades da hidrovia reduziram o trânsito para economizar água, em meio a uma grave seca, causando grande congestionamento.
Dados sobre o rastreamento de embarcações mostram que mais de 200 navios esperam no momento para transitar, um número que vem aumentando desde que o canal limitou as travessias diárias a 32 no mês passado. Esse número em condições normais é de 36.
As entradas da hidrovia nos oceanos Pacífico e Atlântico estão pontilhadas de embarcações retidas há mais de 20 dias. A maioria é formada por transportadoras de cargas a granel ou de gás que geralmente são encomendados em cima da hora. Alguns armadores estão redirecionando o tráfego para evitar atrasos.
“Os atrasos estão aumentando a cada dia. Uma vez que você toma uma decisão de ir, não há como retornar ou desviar, e então você fica preso”, diz Tim Hansen, diretor comercial da Dorian LPG, que opera mais de 20 grandes navios transportadores de gás.
O canal, que usa três vezes mais água que a cidade de Nova York todos os dias, depende da chuva para ser reabastecido. Se não há chuva suficiente, a passagem de navios é reduzida e aqueles que o atravessam pagam altos prêmios que aumentam os custos do transporte para os proprietários de carga, como os exportadores americanos de petróleo e gás e os importadores asiáticos.
O administrador do canal, Ricaurte Vásquez Morales, disse no fim de julho que as restrições poderiam permanecer pelo resto do ano. Ele afirmou que a seca deverá eliminar cerca de US$ 200 milhões em receita do canal no ano que vem se os baixos níveis de chuva persistirem no quarto trimestre deste ano e primeiro trimestre do ano que vem.
Ele disse que as condições extremas de chuva ou seca são ocorrências mais frequentes hoje do que nos primeiros anos de operação do canal. O problema é um desafio para a Panama Canal Authority, que também fornece água para cerca de 2,5 milhões de pessoas, cerca de metade da população do Panamá.
O canal contratou o Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA, seu construtor original, e reservou US$ 2 bilhões nos próximos dez anos para desviar até quatro rios para a hidrovia, além dos três que já a alimentam.
O congestionamento no Canal do Panamá não causou grandes transtornos para os navios de contêineres, os maiores usuários do canal em termos de trânsito. A maioria desses navios recebe um status preferencial porque eles operam com agendas estabelecidas e agendam a travessia com um ano de antecedência. Mas alguns são pegos no labirinto e precisam pagar preços muito maiores que o do pedágio médio.
“Tivemos dois navios que não pudemos agendar e isso custou muito caro”, diz Lars Oestergaard, chefe de entregas aos clientes da A.P. Moller-Maersk para as Américas. “Fomos a um leilão e pagamos US$ 900 mil além da taxa normal de pedágio de US$ 400 mil para cada um dos navios atravessar.”
Normalmente os navios atravessam o canal com um calado médio de 50 pés, que foi reduzido para 44 pés. Para corresponder à menor profundidade da água, os grandes navios precisam atravessar com um número menor de contêineres a bordo. Navios menores são usados para transportar o restante da carga.
As embarcações que não estão em rotas fixas, como graneleiros e transportadores de gás que são reservados para transportar cargas em cima da hora, estão enfrentando os maiores atrasos.
Navios graneleiros que transportam commodities como carvão e minério de ferro também estão parados às dezenas. Essas embarcações são em sua maioria propriedade de médias ou pequenas operadoras, que não têm prioridade nos portos.
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