Segunda onda de Covid-19 na Europa pode prejudicar recuperação da economia brasileira?
out, 30, 2020 Postado porSylvia SchandertSemana202045
Os dados do DataLiner para setembro divulgados hoje mostram claramente as importações do Brasil em uma recuperação em forma de V depois de atingir o fundo do poço em junho. As importações brasileiras em contêiner por via marítima começaram o ano bem, com crescimento de 15% em janeiro e 13% em fevereiro em relação a iguais meses de 2019 e começaram a cair a partir de março – uma discreta queda de 1%. O pico do desempenho negativo foi em junho: -40% em relação a igual período de 2019. Os meses seguintes ainda foram de queda em relação a igual período de 2019 mas mostram uma recuperação mês a mês.
Importações Brasileiras via contêiner | Jan a Set 2019-2020 TEU
No comparativo janeiro a setembro de 2016 a 2020, o volume das importações brasileiras estão praticamente no mesmo nível de 2017 e 12,16% menor que em 2019.
Fonte: DataLiner
Já as exportações sofreram menos, ajudadas pelo bom desempenho da agricultura e da pecuária brasileira e do alto preço do dólar, que deixou o produto brasileiro mais competitivo no exterior.
Exportações Brasileiras via contêiner | Jan a Set 2019-2020 | TEU
As exportações vêm crescendo ano a ano no comparativo janeiro a setembro de 2016 a 2020. Os primeiros meses de 2020 tiveram volume 4,25% maior que 2019. Em comparação com 2016, o crescimento em volume foi de quase 11%.
Comparativo das Exportações Brasileiras | Jan a Set 2016-2020 | TEU
Outro dado positivo é a balança comercial brasileira. “O resultado da balança comercial de setembro apresentou o maior superávit mensal já registrado, de US$ 6,2 bilhões. Este saldo recorde, em plena pandemia, é mais um sinal que a recuperação econômica está em curso e se acelerando. Somam-se a este dado a reação verificada nos indicadores de produção industrial, de vendas no comércio e nas sondagens setoriais de confiança, que já se aproximam, e em muitos casos ultrapassam, os valores verificados antes do choque econômico provocado pela Covid-19”, afirma Paulo Skaf, presidente da Fiesp e do Ciesp.
Trade Imbalance Brasil | Jan 2010 a Set 2020 | TEU
Fonte: DataLiner (Para solicitar uma demo do DataLiner clique aqui)
“Esses sinais indicam que o pior da crise já foi superado. Mais uma vez a economia brasileira se mostra resiliente e dinâmica e aponta para uma recuperação mais rápida do que se previa inicialmente. Para consolidar a retomada que resultará na geração de emprego e de renda, é necessário aprovar as reformas estruturais, como a administrativa e a tributária, e equacionar a questão fiscal”, completa Skaf.
O sentimento de recuperação foi reforçado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, ao comentar na semana passada que a recuperação econômica do Brasil está surpreendendo o mundo. “Chegamos ao fundo do poço e estamos recuperando, com a criação de empregos crescendo em ritmo acelerado”, disse ele.
Segundo Guedes, o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) já apresenta saldo positivo desde o mês de julho. “Estamos criando empregos em um ritmo crescente. Tivemos em abril o fundo do poço, perdemos empregos três meses seguidos, mas já estamos criando empregos há três meses seguidos”, completou.
No acumulado do ano, o saldo ficou negativo em -558.597 empregos. De acordo com o ministro, apesar do saldo negativo, o resultado é melhor do que os das crises de 2015 e 2016.
O ministro destacou que os números de emprego formal são melhores neste ano — de pleno impacto da pandemia do novo coronavírus sobre a economia— do que há pouco tempo, quando o Brasil foi levado à recessão. “Em abril, perdemos mais de 900 mil empregos. Em maio, 360 mil empregos. Em junho, 20 mil. Em julho criamos 140 mil empregos; em agosto, 244 mil empregos e, agora em setembro, mais de 300 mil”, disse o ministro.
Apesar dos bons números, o momento é de incertezas, por conta do cenário global. A segunda onda de contaminação pela Covid-19 na Europa e nos Estados Unidos pode refletir no Brasil. O Ibovespa, por exemplo, abandonou a recuperação verificada nas primeiras semanas de outubro e partiu para um fechamento negativo no mês, em meio a temores de que novos “lockdowns” afetem a retomada da economia global.
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