Sem ‘plano B’, Tereza Cristina sai em busca de fontes alternativas
mar, 03, 2022 Postado porGabriel MalheirosSemana202209
O plano A da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, para garantir o abastecimento de fertilizantes no Brasil é buscar novas alternativas de fornecedores ao redor do mundo e se precaver de eventuais interrupções nas exportações de potássio e ureia da Rússia. É o que todos os países importadores desses insumos estão fazendo por causa dos reflexos da guerra no mercado de adubos – e não há plano B.
O governo também fala em retirar entraves logísticos nos portos para facilitar o recebimento de fertilizantes nos próximos meses e confia nas orientações técnicas da Embrapa para os produtores reduzirem a adubação sem perder rendimento.
A ministra vai ao Canadá na próxima semana para uma conversa “mais firme” com empresários do segmento de adubos do país, com os quais ela se reuniu por videoconferência recentemente para tentar ampliar as vendas de potássio ao Brasil. O Canadá é o maior produtor mundial do nutriente e cogita reativar minas hibernadas para suprir parte do déficit que pode surgir com os entraves no Leste Europeu.
Há grande ceticismo no mercado quanto à disponibilidade de volumes adicionais de potássio no mundo a curto prazo. Fontes do segmento também teceram duras críticas à declaração da ministra de que há um grande estoque de passagem no Brasil, capaz de garantir a adubação das lavouras até outubro.
Em coletiva de imprensa, a ministra afirmou ontem que buscará diálogo também com o Chile para a importação de potássio. Ela quer também ampliar as conversas com países do Oriente Médio, como Arábia Saudita e Catar, que produzem petróleo e ureia – outro insumo essencial na agricultura brasileira e que o país importa em grande quantidade da Rússia.
A outra preocupação é logística. “Os portos que têm que estar preparados para a chegada de fertilizantes. Já estamos conversando com o Ministério da Infraestrutura e com a Receita Federal para, daqui a dois ou três meses, termos um fluxo mais rápido na chegada dos fertilizantes nos portos, uma prioridade, abrirmos um canal verde”, afirmou.
Sobre a mesa da ministra repousa, por fim, o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), que será anunciado até o fim deste mês, poucos dias antes de ela deixar o cargo. Sem dar detalhes, Tereza Cristina lembrou que a política terá incentivos tributários e recursos para investimentos no ramo, além de maior agilidade na concessão das licenças ambientais, mas sem precarizar o controle da atividade.
Especialistas lembram, no entanto, que as fontes de produção disponíveis no Brasil também são mais limitadas do que sugere o plano.
Assim, ele não só não vai resolver os problemas imediatos e emergenciais como tem chances de não prosperar. Além de limitadas, as fontes de exploração de fertilizantes no Brasil enfrentam forte resistência de ambientalistas. Muitas das jazidas identificadas estão próximas ou dentro de reservas indígenas, e outras têm baixos teores de nutrientes.
Fonte: Valor Econômico
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