Setor graneleiro tem muito trabalho pela frente e taxas incertas
jan, 06, 2023 Postado porGabriel MalheirosSemana202301
Apesar das preocupações em relação a recessão e incertezas geopolíticas – e de certa forma por causa destas mesas incertezas – os navios de carga breakbulk (granéis e carga de projeto) e provedores logísticos têm uma boa perspectiva pela frente devido à serviços de energia renovável, petróleo e gás, GNL, infraestrutura e outros projetos que os manterão ocupados em 2023 e 2024. À medida que o ritmo frenético do mercado pandêmico se dissipa, a questão para o setor graneleiro se torna a disponibilidade e, com isso, as taxas cobradas pelo uso de embarcações MPV/HL (multipurpose and heavy-lift) retornarão aos níveis vistos antes da pandemia.
A disparada dos custos de carga breakbulk e cargas de projeto, o que inclui as taxas de detenção que aumentaram “pelo menos” 40% em algumas rotas comerciais, segundo um embarcado no ramo de projetos, estourou os orçamentos em 2022. A detenção, também chamada de demurrage no setor de carga fracionada, pode ser aplicada quando navios MPV ficam retidos nos portos, algo que acontecou com maior frequência no ano passado. De uma média de cerca de US$ 15.000 por dia antes da pandemia do COVID-19, as taxas de detenção saltaram para até US$ 30.000 a US$ 50.000 por dia – às vezes superando os custos de frete – à medida que as transportadoras tentavam cobrir os custos operacionais crescentes e recuperar os custos de oportunidade.
As taxas diárias de fretamento MPV/HL também continuaram a subir no primeiro semestre, chegando a US$ 23.099 antes de cair para US$ 17.827 em dezembro, de acordo com o Índice Multiuso (TMI) da corretora de navios Toepfer Transport. Esse aumento nos custos levou as transportadoras que vinham usando o setor de breakbulk como uma válvula de escape a procurar alternativas, mas sem encontrar respostas fáceis. “Encontramos uma solução e tudo muda”, disse um exportador de cargas projeto ao Journal of Commerce. “A situação do mercado fez com que [nós] fossemos para o setor de MPV. Mas então passamos a correr o risco de enfrentar congestionamentos nos porto, o que traz consigo o risco de taxas de detenção.”
Embora as taxas para os navios MPV/HL tenham diminuído, o setor graneleiro espera que a demanda estável mantenha os preços acima dos níveis pré-pandêmicos. Os graneleiros antecipam alguma concorrência vinda das linhas de contêineres para cargas que podem facilmente ser transportadas tanto em contêineres quanto em granel, mas também esperam volumes crescentes vindos do setor de energias renováveis, como energia eólica, petróleo e gás, e outros tipos de carga de projeto que não podem mudar de modais.
O setor de energia deverá tentar alcançar os níveis de manutenção e investimentos de capital que foram perdendo momento durante a pandemia, impulsionados por novos projetos relacionados à transição energética global e países que buscam melhorar a segurança energética após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
A falta de investimento na frota já pequena de navios MPV/HL também ajudará a manter a capacidade diminuta e as tarifas acima dos níveis pré-pandêmicos, desde que a demanda persista. Muitos navios estão envelhecendo e o setor graneleiro reluta em encomendar novas embarcações porque as vagas nos estaleiros e os financiamentos se encontram escassos, os custos estão altos e não há um consenso na indústria em relação aos combustíveis alternativos que substituirão os bunkers marítimos tradicionais.
Fonte: JOC
Para ler a matéria original, acesse: https://www.joc.com/article/plenty-work-pipeline-breakbulk-carriers-rates-uncertain_20230103.html
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