Portos e Terminais

Sobe para 40 o número de mortos em explosão do maior porto comercial do Irã

abr, 28, 2025 Postado porSylvia Schandert

Semana202519

Subiu para 40 o número de mortos em uma enorme explosão que abalou um dos principais portos do Irã, ocorrida no sábado, 26. O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, visitou neste domingo, 27, os feridos no incidente. O alvo da explosão foi uma instalação ligada a um depósito de ingrediente químico usado para fabricar propelente de mísseis, no porto Shahid Rajaei, na província de Hormozgan, no sul do Irã.

Enquanto os militares do Irã tentavam negar a entrega de perclorato de amônio da China, surgiram novos vídeos mostrando uma cena apocalíptica no porto ainda em chamas.

Uma cratera que parecia ter metros de profundidade estava cercada por uma fumaça ardente tão perigosa que as autoridades fecharam escolas e empresas na área.

Os contêineres pareciam esmagados ou jogados como se fossem brinquedos descartados, enquanto as carcaças queimadas de caminhões e carros ficavam ao redor do local.

“Temos que descobrir por que isso aconteceu”, disse Pezeshkian durante uma reunião com autoridades transmitida pela televisão estatal iraniana.

As autoridades descreveram o incêndio como estando sob controle, dizendo que as equipes de emergência esperavam que ele fosse totalmente extinto ainda neste domingo.

Durante a noite, helicópteros e aviões de carga pesada fizeram repetidas missões sobre o porto em chamas, despejando água do mar no local. Imagens de satélite tiradas no domingo pelo Planet Labs PBC e analisadas pela reportagem mostraram uma enorme nuvem de fumaça preta ainda sobre o local.

O governador da província, Mohammad Ashouri, foi quem informou o último número de mortos, segundo a TV estatal iraniana. Pir Hossein Kolivand, chefe da sociedade do Crescente Vermelho do Irã, disse que apenas 190 dos cerca de mil feridos permaneciam hospitalizados no domingo, de acordo com uma declaração divulgada por um site do governo iraniano. O governador declarou três dias de luto.

Empresa privada diz que incêndio pode ter sido provocado por combustível para mísseis
A empresa de segurança privada Ambrey diz que o porto recebeu combustível químico para mísseis em março. O produto fazia parte de uma remessa de perclorato de amônio da China por dois navios para o Irã, relatada pela primeira vez em janeiro pelo Financial Times.

O produto químico usado para fabricar propelente sólido para foguetes seria usado para reabastecer os estoques de mísseis do Irã, que haviam sido esgotados por seus ataques diretos a Israel durante a guerra com o Hamas na Faixa de Gaza.

Dados de rastreamento de navios analisados pela reportagem colocam um dos navios que supostamente transportava o produto químico nas proximidades em março, como disse a Ambrey.

“O incêndio teria sido resultado do manuseio inadequado de um carregamento de combustível sólido destinado ao uso em mísseis balísticos iranianos”, disse Ambrey.

Em uma primeira reação neste domingo, o porta-voz do Ministério da Defesa do Irã, general Reza Talaeinik, negou que o combustível para mísseis tenha sido importado pelo porto.

“Nenhum tipo de remessa importada e exportada para combustível ou aplicação militar estava (ou está) no local do porto”, disse ele à televisão estatal por telefone. Ele chamou de infundados os relatórios estrangeiros sobre o combustível do míssil – mas não ofereceu nenhuma explicação sobre o material que detonou com uma força tão incrível no local. Talaeinik prometeu que as autoridades forneceriam mais informações posteriormente.

Não está claro por que o Irã não teria retirado os produtos químicos do porto, especialmente após a explosão do porto de Beirute em 2020. Essa explosão, causada pela ignição de centenas de toneladas de nitrato de amônio altamente explosivo, matou mais de 200 pessoas e feriu mais de 6 mil. No entanto, Israel teve como alvo as instalações de mísseis iranianos onde Teerã usa misturadores industriais para criar combustível sólido – o que significa que potencialmente não havia lugar para processar o produto químico.

Imagens de redes sociais da explosão de sábado em Shahid Rajaei mostraram uma fumaça em tons avermelhados saindo do fogo pouco antes da detonação. Isso sugere que um composto químico está envolvido na explosão, como na explosão de Beirute.

Enquanto isso, no domingo, o presidente russo Vladimir Putin enviou várias aeronaves de emergência a Bandar Abbas para prestar assistência.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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