Sobem as despesas para escoar açúcar no país
mar, 24, 2021 Postado porSylvia SchandertSemana202113
Os custos no Brasil para exportar açúcar têm subido tanto nas rodovias como nos embarques marítimos motivados pelo atraso da colheita de soja nesta safra 2020/21. O quadro pode apertar as margens operacionais de vendedores do açúcar que não trabalham com contratos de longo prazo.
Atualmente, o custo médio do frete para levar açúcar de Ribeirão Preto ao porto de Santos está em R$ 150 por tonelada, 30% a mais que os R$ 115 a tonelada de um ano atrás, segundo o executivo de uma companhia que produz e comercializa açúcar. De Tarumã (SP) a Santos, a alta foi de 20%, a R$ 181 a tonelada, afirma a EsalqLog. Há ainda operadores que apontam altas superiores a 40%.
O aumento do custo reflete a competição por caminhões entre a soja e o açúcar. Houve um atraso de três semanas na safra de soja. Com isso, segundo a EsalqLog, o custo do frete da soja de Cascavel (PR) a Paranaguá está 58% mais alto este mês, a R$ 193,86 a tonelada.
Nos portos, essa competição ainda não gera dificuldades, já que muitos terminais têm hoje flexibilidade para operar com grãos e açúcar. Neste mês, a maior parte dos terminais açucareiros destinou uma parte maior de seus espaços para a soja. Segundo a trading Czarnikow, o grão ocupou mais de 60% da capacidade dos terminais de Santos. Em março de 2020, a parcela foi de cerca de 55%.
Em algumas semanas, o fluxo de açúcar aos portos crescerá com a nova safra (2021/22). Em relatório, a Czarnikow apontou um “possível aperto logístico de abril até agosto”, mas essa perspectiva não é consensual. Dois operadores logísticos e dois executivos de tradings disseram não ver dificuldades para escoar o produto. Um dos traders lembrou que os compradores do açúcar do contrato de março da bolsa ainda não nomearam todos os navios, e que as nomeações podem ser feitas até maio.
Por enquanto, o que se vê é menos flexibilidade dos terminais para volumes adicionais de açúcar, segundo outro trader, que disse não ver problemas de cumprimento de contratos firmados. Já o executivo de uma usina disse que tradingsque atuam mais com contratos spot podem ter mais dificuldade de mercado.
No Porto de Paranaguá (PR), não há competição entre grãos e açúcar porque o terminal leste é dedicado a grãos a granel, e o oeste, ao açúcar. Apesar disso, o presidente da Portos do Paraná. Luiz Fernando Garcia, afirmou que pode haver problemas quando começar a exportação de milho safrinha. “Como eles saem pelo mesmo terminal, é capaz de termos algum atraso”.
O frete marítimo também está em alta, tanto pelo atraso da safra de soja brasileira, como pela alta dos combustíveis marítimos – reflexo da valorização do petróleo – e do maior uso de navios para outros fins, como transporte de carvão.
De acordo a S&P Global Platts, o frete de um navio para 50 mil toneladas de açúcar de Santos a Rizhao (China) subiu 94% em 12 meses, a US$ 51 a tonelada na semana até dia 18. O frete para a soja está em alta mais acentuada e alcançou US$ 57,25 a tonelada de Santos a Qingdao, na China, na semana até dia 22, um recorde histórico. Para o advogado Larry Carvalho, da Rabb Carvalho, especialista em comércio exterior, o frete marítimo deve seguir em alta em abril com o aumento da disputa por graneleiros que operam com as duas commodities.
Confira no gráfico a seguir as exportações brasileiras de milho, soja e açúcar via Portos de Santos e Paranaguá em 2020:
Fonte da matéria: Valor Econômico
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