Taxas para combater emissões no transporte marítimo são adiadas, frustrando ambientalistas
jul, 07, 2023 Postado porGabriel MalheirosSemana202326
A aplicação de taxas sobre as emissões de gases de efeito estufa no transporte marítimo internacional, visando financiar o combate às mudanças climáticas, foi adiada, mas não definitivamente descartada.
Após duas semanas de intensas negociações na Organização Marítima Internacional, chegou-se a um acordo para reduzir em 40% a intensidade de carbono da navegação internacional até 2030, em comparação com os níveis de 2008. A intensidade refere-se às emissões produzidas por carga e distância percorrida.
Além disso, os governos se comprometeram a reduzir as emissões totais do transporte marítimo internacional em pelo menos 20% até 2030, com a ambição de atingir cortes de 30% até essa data. A IMO (Organização Marítima Internacional) também afirmou que o transporte marítimo internacional alcançará a neutralidade de carbono “próxima de” 2050. No entanto, ativistas defendiam um corte de 50% até 2030 e um compromisso firme de neutralidade de carbono até 2050, no mais tardar.
Para incentivar a adoção de tecnologias limpas no transporte marítimo, foi acordado que pelo menos 5% da energia utilizada no transporte marítimo internacional até 2030 deve ser de origem zero carbono, ou quase zero carbono, com a ambição de alcançar 10% até essa data.
Contudo, essas metas foram consideradas insuficientes pelos ativistas para colocar o mundo no caminho correto para limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.
Bryan Comer, líder do programa marítimo do Conselho Internacional de Transporte Limpo (ICCT), afirmou: “Segundo nossas estimativas, o transporte marítimo internacional ultrapassará seu orçamento de carbono de 1,5°C aproximadamente em 2032 com base nesse acordo”.
Ana Laranjeira, gerente de transporte da Opportunity Green, classificou o encontro como uma oportunidade histórica desperdiçada, ressaltando a importância de alinhar as metas de temperatura da IMO com as metas do Acordo de Paris, que são essenciais para uma transição justa e equitativa para as nações mais vulneráveis e para a proteção da biodiversidade global, como os recifes de coral.
A China, Argentina, Peru, Chile, Uruguai, Guatemala, Paraguai, Tailândia, Cuba, Venezuela, Bangladesh, Belarus, Rússia, Equador, Nicarágua, Colômbia e Arábia Saudita foram contrários à adoção dessa taxa nas negociações, segundo informações do The Guardian.
Entre os países que se opuseram as taxas no transporte marítimo estão aqueles que possuem compromissos internacionais com a ação climática, como Brasil, Austrália, África do Sul e Indonésia, bem como os Emirados Árabes Unidos, que são os anfitriões da cúpula climática Cop28 da ONU deste ano.
Já os defensores da taxa incluem os Estados membros da União Europeia, incluindo a Grécia, bem como a Coreia do Sul e o Japão, que são importantes nações marítimas. Os Estados Unidos também demonstraram disposição em considerar a implementação de um imposto, e o Banco Mundial manifestou apoio a essa medida.
No entanto, agora é improvável que qualquer taxa seja acordada antes de 2027, no mínimo, o que resultará em atrasos no potencial de benefícios para os países em desenvolvimento.
Fonte: The Guardian
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