Tecnologia reduz custos operacionais de logística no Brasil em 20%
out, 18, 2024 Postado porSylvia SchandertSemana202441
O uso de recursos digitais no planejamento das operações tem o poder de reduzir em 20% os custos logísticos e diminuir entre 15% e 20% o tempo de passagem, ou seja, o intervalo entre a recepção e a entrega de uma mercadoria.
As estimativas são da Associação Brasileira de Logística (Abralog). “Hoje é impossível executar uma logística de alta performance sem uso intenso de tecnologia”, afirma Pedro Moreira, presidente da associação.
Sistemas desenvolvidos com base em inteligência artificial (IA) e a ampliação da conectividade que permite a difusão da internet das coisas (IoT) têm cada vez mais impacto nas diversas etapas das atividades logísticas.
No transporte, os tradicionais sistemas digitais que fazem o roteiro do transporte agora estão sendo encorpados com informações em tempo real que disponibilizam dados de tráfego e condições climáticas, ao mesmo tempo em que câmeras de video vigilância disparam alertas quando identificam situações de risco.
Sensores analytics – que possibilitam coleta e análise de informações – monitoram dados de veículos, máquinas e equipamentos para prever falhas e antecipar intervenções. Nos armazéns, robôs já são utilizados para coletar, embalar e despachar mercadorias. Na gestão de estoques, algoritmos de inteligência artificial analisam dados sobre o histórico de vendas, hábitos de consumo e fatores sazonais para prever a demanda futura.
“A gestão inteligente dos estoques tem um grande impacto nos custos logísticos.Produto parado é custo, principalmente em um país onde a taxa de juros beira os 11%”, diz Moreira.
A operadora logística com rotas fluviais e de cabotagem marítima, desenvolveu internamente um sistema de inteligência artificial capaz de estimar o nível dos rios por onde trafega com 15 dias de antecedência. “Essa é uma informação fundamental para quem opera transporte hidroviário. Reduzimos substancialmente o risco de encalhe nos períodos secos”, conta Mariana Yoshioka, CTO da companhia.
Além de comprometer o prazo de entrega de mercadorias, embarcações encalhadas também são alvo fáceis para o crime.
As condições de navegabilidade dos rios brasileiros são bastante alteradas entre os períodos de cheia e os períodos de estiagem. Além disso, as hidrovias do país, em sua maioria, não são adequadamente sinalizadas e não contam com balizamento,ou seja, orientações sobre posição e direção que as embarcações devem seguir. Outro problema é a falta de cartas náuticas digitais.
Esse conjunto de situações amplia as situações de risco no transporte e aumenta a exigência de qualificação dos capitães das embarcações. A Hidrovias do Brasil desenvolveu, com o auxílio de IA, dois simuladores de manobras: um para suas operações na região Norte do país e outro para o Centro-Sul, onde os capitães são treinados com base em situações que refletem as condições de navegação dos diferentes trechos identificados como de risco em cada trajeto.
A DHL Supply Chain desenvolve dois projetos pilotos com câmeras dotadas de sistemas de IA para gerenciar riscos. Em abril, a companhia equipou dois veículos blindados com um conjunto de 12 câmeras cada para realizar vigilância em 360º do entorno. O objetivo é aumentar a segurança e reduzir a exposição a situações de roubo de carga.
As câmeras monitoram o trajeto e, quando detectam movimentações suspeitas,como uma possível perseguição, fotografam a placa do possível veículo perseguidor e disparam alertas para a central da companhia e para a cabine do motorista.“Nosso plano inicial é dotar 40 caminhões com esses recursos”, diz Solon Barrios, vice-presidente de transportes da companhia.
Segundo o executivo, se houver demanda dos clientes por esse serviço, o número de veículos equipados com o sistema crescerá, mas ele mesmo faz a ressalva: “Nem toda carga apresenta alta exposição a riscos de roubo e justificam a adoção da mesma estratégia de segurança”.
O outro projeto piloto com câmeras dotadas de sistemas de IA visa reduzir riscos de acidentes envolvendo funcionários. Nos centros de distribuição, as áreas de circulação dos pedestres são delimitadas e sinalizadas para evitar acidentes com o movimento de caminhões, empilhadeiras e outros equipamentos. No entanto, é comum a distração momentânea. “Principalmente pelo uso de celulares”, diz Barrios.
Em 2023, a DHL instalou 20 câmeras em seu CD em Louveira, no interior paulista, que monitoram os pedestres e, ao detectar alguma situação de risco, disparam uma mensagem automática para a liderança, que deverá fazer um trabalho de conscientização com o trabalhador.
Em uma evolução do sistema que ainda será implementada, a inteligência artificial emitirá sinais sonoros de alerta aos pedestres e os desatentos serão chamados pelo nome para retomarem à faixa de segurança. “Valerá para todos, inclusive para o presidente da companhia”, garante Barrios. O sistema será expandido para todos os centros de distribuição da DHL em 2025.
Fonte: Valor Econômico
Clique aqui para ler o texto original: https://valor.globo.com/publicacoes/especiais/telecomunicacoes/noticia/2024/10/17/tecnologia-reduz-custos-de-operacoes-de-logistica-em-20.ghtml
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