Terminal em Paranaguá tem aumento de omissão de navios
maio, 09, 2022 Postado porGabriel MalheirosSemana202220
O TCP (Terminal Portuário de Paranaguá), o principal terminal de contêineres do Paraná, teve 131 omissões de navios no ano de 2021, quase uma a cada três dias. O número é quase 10 vezes superior à média de omissões entre 2017 e 2019, e quatro vezes maior que as do ano anterior.
Os dados foram informados pelo diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia, à Agência iNFRA, indicando que a maioria das omissões é das empresas que lideram o mercado de transporte de contêineres de longo curso no Brasil, Maersk e MSC, com mais de 60% do mercado.
Ele afirmou que parte dos navios que estavam previstos e deixaram de atender o porto paranaense levaram ou pegaram as cargas nos chamados terminais verticalizados, que são de propriedade desses armadores, em Santa Catarina e em São Paulo. O TCP pertence ao grupo China Merchant Ports, sem armadores no controle.
Problemas para a indústria
A preocupação é com a perda de produtividade do terminal no futuro e, principalmente, de as indústrias do estado terem que usar uma logística terrestre mais cara, o que pode levar a desistência de negócios novos ou até a abandono de plantas existentes.
A Agência iNFRA conversou com o sócio de uma indústria do estado que utiliza um volume significativo de contêineres ao ano, que pediu para não ser identificado por temer represálias. Segundo ele, é “rotineiro” receber propostas de custos de frete de contêiner mais baixos se utilizar os terminais verticalizados.
No entanto, ele explica que teria que “andar mais” de caminhão para fazer entregar o contêiner nos portos concorrentes do que se deixasse em Paranaguá, que está mais próximo da sua indústria.
O industrial também percebeu aumento de omissões que, segundo ele, causam prejuízos na operação (necessidade de pagar custos maiores pelos contêineres que ficam em espera). Mas o prejuízo maior é com a falta de previsibilidade para entregar as mercadorias prometidas aos seus compradores.
Armador aponta que omissões também ocorrem em terminais do grupo
A Maersk explicou que “a cadeia de suprimentos em todo o mundo tem sofrido com restrições operacionais desde o início da pandemia, e isto tem gerado um forte impacto nos itinerários de todos os navios, que ficam dias parados em longas filas nos portos congestionados, chegando ao Brasil com sua programação atrasada”.
A empresa justifica que “as omissões de navios em alguns portos tem sido realizadas apenas com o intuito de retomar o itinerário dos serviços, de modo a minimizar os impactos dos atrasos para os clientes. Por conta disso, são omitidos inclusive portos em que há terminais nos quais o Grupo Maersk detém participação societária”, diz o texto.
Maior previsibilidade
A diretora da ANTAQ Flávia Takafashi, que coordena o grupo de trabalho que foi criado em outubro do ano passado para avaliar as questões relativas à movimentação de contêineres nos portos brasileiros, afirmou que os números recebidos pela agência indicam que os terminais portuários verticalizados tiveram menos omissões que os de bandeira branca até o ano passado.
A ideia, segundo Flávia, é cobrar uma maior previsibilidade operacional dos armadores. Segundo ela, em muito casos, os navios estão atrasados longe do país, mas preferem esperar para comunicar a omissão quando já estão próximos do porto.
Outra providência, de acordo com a diretora, foi mudar os sistemas da agência para que as omissões a partir de janeiro de 2022 sejam comunicadas dentro do sistema da agência, para que se possa ter um maior controle.
Fonte: Agência Infra
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