Transporte marítimo para Rússia deve ficar sem seguro
dez, 29, 2022 Postado porSylvia SchandertSemana202252
Coberturas de seguro contra riscos de guerra para navios cargueiros estão sendo canceladas para embarcações que operam na Rússia, Ucrânia e Belarus.
A partir de 1º de janeiro, os Clubes de Proteção e Indenização (ou apenas Clubes de P&I) American, North, UK e West não vão mais cobrir alguns riscos na região de conflito, segundo comunicados recentes divulgados em seus websites.
Esses clubes estão entre as maiores seguradoras P&I, que oferecem cobertura a cerca de 90% dos navios que cruzam os oceanos.
Resseguradoras – que são as companhias que seguram as seguradoras – já haviam decidido deixar de operar na região em função das graves perdas que registraram, tanto em função da guerra quanto em função do furacão Ian, que atingiu a Flórida há alguns meses.
Os clubes de P&I são importantes instituições no transporte marítimo e têm um histórico de assumirem alguns riscos no setor que seguradoras tradicionais muitas vezes rejeitam.
No dia 23, a P&I UK afirmou que suas dificuldades estavam relacionadas à falta de disponibilidade de resseguro. “As resseguradoras dos clubes já não estão mais dispostas a garantir resseguro para exposição ao risco de guerra nos territórios de Rússia, na Ucrânia e Belarus”, disse a instituição britânica em nota.
A P&I American afirmou no mesmo dia que seus resseguradores, que antes aceitavam coberturas de risco de guerra, notificaram que não mais faria contratos na região.
Navios cargueiros normalmente contam com seguros P&I, que dão garantias em casos de danos a terceiros e também a danos ambientais. Há outros tipos de contrato para a cobertura de danos físicos ao casco e ao maquinário dos navios.
A decisão de abandonar coberturas para o transporte que passa pela zona de guerra envolve alguns, mas não todos os contratos oferecidos pelos clubes P&I, segundo três fontes do setor.
“Isso está sendo impulsionado pelo resseguro”, disse Stephen Rebair, vice-diretor global da North of England, acrescentando que os resseguradores estão limitando sua exposição à região. Esse movimento tem vários reflexos, segundo afirmam algumas fontes do setor. Afretadores passam a ter mais dificuldade para segurarem os navios, os preços no setor sobem e, em alguns casos, a cargueiros podem acabar cruzando os oceanos sem a cobertura de uma apólice.
Entre as empresas que oferecem resseguro para o setor estão players globais como Hannover Re, Munich Re e a Swiss Re. As empresas não quiseram fazer comentários sobre o assunto.
No início do mês a agência “Reuters” informou que uma nova cláusula proposta nos contratos estava circulando pelas resseguradoras. A cláusula em discussão excluía riscos relacionados à guerra tanto para aviões quanto para navios na Ucrânia na Rússia e em Belarus.
Em meio a essas restrições, o governo do Japão cobrou da seguradoras que aceitem continuem oferecendo seguro marítimo para embarcações que transportam gás natural e liquefeito pelos mares da Rússia.
Fonte: Valor Econômico
Para ler a matéria original, acesse: https://valor.globo.com/mundo/noticia/2022/12/29/transporte-maritimo-para-russia-deve-ficar-sem-seguro.ghtml
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