Trump promete exportar mais petróleo, mas efeitos sobre exportação brasileira podem ser limitados, diz especialista

Enquanto o mundo faz estratégias e busca formas de promover fontes renováveis de energia, o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reafirmou nesta segunda-feira (20), em seu discurso de posse, os planos de aumentar os estoques americanos de petróleo. Ainda que os preços estejam recuando, hoje, a cotação para os próximos meses vai depender de outras decisões do presidente americano, conforme especialista ouvido pelo Valor.

Trump manteve o script do que vinha prometendo ao longo da campanha e repetiu a frase de efeito: “Perfurar, bebê, perfurar.”

O presidente, agora empossado, disse que irá declarar, hoje, emergência energética nacional, medida para reduzir os custos para os clientes e aumentar a produção.

“A crise de inflação foi causada por gastos excessivos e pela escalada dos preços da energia. Por isso, estou declarando, hoje, emergência nacional de energia. Nós vamos perfurar, bebê, perfurar”, disse Trump no discurso de posse.

O presidente americano completou: “Os Estados Unidos vão ser um país industrial novamente e teremos algo que nenhum outro país industrial tem. Teremos a maior quantidade de petróleo e gás possível e nós iremos usá-los. Vamos reduzir preços, encher nossas reservas estratégicas novamente e exportar energia americana para todo o mundo. Seremos uma nação rica novamente com esse ouro líquido debaixo dos nossos pés novamente.”

Os preços do petróleo do tipo WTI, cotação mais utilizada nos Estados Unidos, amanheceram em queda e permaneceram voláteis durante o discurso. A commodity iniciou o dia perto dos US$ 76,59 e oscilava entre US$ 76,30 e US$ 76,96 ao longo da tarde.

O petróleo Brent, negociado em Londres, também recua nesta segunda-feira, cotado aos US$ 79,95, queda de 0,25%.

Preços nos próximos meses

A atividade petrolífera será reforçada nos Estados Unidos com o governo Trump, conforme Décio Oddone, presidente da Brava Energia, mas ainda não é possível prever os efeitos sobre as cotações da commodity:

“A médio prazo, o reflexo sobre os preços globais vai depender de como vão ficar as sanções, especialmente ao Irã, à Rússia e sobre a relação com Venezuela”.

Oddone, que foi diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP) entre 2016 e 2020, diz que o aquecimento da indústria de petróleo pode ser positiva para o Brasil, mas que haverá um esfriamento dos projetos de energias renováveis em todo o mundo, com destaque para países que tenham influência americana.

“Por enquanto, o efeito sobre o Brasil é limitado. Não vejo competição entre o produto brasileiro e o americano, são petróleos diferentes. O Brasil ainda é forte na Ásia.”

Por Kariny Leal

Fonte: Valor Econômico 

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