Uruguai visa 14 metros de profundidade no Porto de Montevideo

A dragagem do canal de acesso ao porto de Montevidéu a 14 metros de profundidade é uma aspiração do Uruguai desde as administrações passadas. Também é um compromisso explícito do país com empresas como Terminal de Graneles Montevidéu, UPM 2 (Paso de los Toros) e Terminal Cuenca del Plata/Katoen Natie. Esses grupos investiram milhões de dólares para realizar embarques e operar no principal porto do país.

Durante o governo de Tabaré Vázquez, o Uruguai negociou com a Argentina o aprofundamento do canal para 14 metros. O então ministro dos Transportes, Víctor Rossi, anunciou que o país vizinho havia autorizado tal profundidade, mas o então presidente da Administração Nacional de Portos (ANP), Alberto Díaz, conduziu um projeto de obra com profundidade de apenas 13 metros.

Na terça-feira, 3, o presidente da delegação uruguaia na Comissão Administrativa do Rio da Prata (CARP), Alem García, enviou a documentação digitalizada solicitada pela República Argentina sobre o aprofundamento do canal de acesso ao porto de Montevidéu para 14 metros.

Segundo o El País, a informação prestada à Argentina foi elaborada por um grupo de trabalho interministerial, formado a pedido da Delegação do Uruguai junto à CARP, integrado por funcionários dos Ministérios das Relações Exteriores e de Transporte e Obras Públicas, a Administração Nacional de Portos (ANP) e três unidades da Marinha Nacional (Serviço de Oceanografia, Hidrografia e Meteorologia-SOHMA, Prefeitura Naval Nacional e Escola Naval).

A delegação argentina já acusou o recebimento do material. No entanto, a Argentina indicou que dispõe de um prazo de 30 dias para verificar se a “informação prestada está completa” e caso contrário solicitará informações complementares à delegação uruguaia por meio da CARP.

Consultado pelo El País, Alem García recusou-se a prestar declarações, limitando-se a afirmar que se espera uma resposta favorável da República Argentina, uma vez que foram fornecidas todas as informações relativas ao projeto de aprofundamento do canal de acesso ao porto de Montevidéu.

No material entregue ao governo do país vizinho constam as plantas da área a ser dragada, os volumes de material a retirar, as áreas de depósito, os resultados da batimetria efectuada pelo Serviço de Oceanografia, Hidrografia e Meteorologia da Marinha (SOHMA) em tempo recorde e estudos de simulação da Escola Naval, entre outras informações técnicas.

Em relatório intitulado “Interesses Marítimos”, a presidente da Liga Marítima Uruguaia, Silvia Etchebarne, alertou que a disputa com a Argentina pela dragagem do canal de acesso ao porto de Montevidéu requer mediação política.

Esta mediação, disse ela, iria destravar a situação entre os dois países para minimizar os tempos de aprovação por parte da Argentina e começar com os trabalhos de dragagem correspondentes. “Tudo parece indicar, no melhor dos casos, como visto na história recente da dragagem do canal, que até 2025 o Porto de Montevidéu não alcançará os 14 metros anunciados no início desta administração em março de 2020”, disse o advogada especialista em questões logísticas.

Etchebarne afirmou que, caso a ANP opte por uma licitação internacional, os prazos do edital podem ser muito significativos, assim como seus custos. A ANP estimou que o custo da dragagem do canal será de US$ 200 milhões.

Fonte: El País

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