Vale inaugura a primeira fábrica de briquetes do mundo
dez, 14, 2023 Postado porSylvia SchandertSemana202345
A Vale inaugurou nesta terça-feira (12), na unidade de Tubarão, em Vitória, a primeira fábrica de briquete do mundo. A mineradora já tem mais de 30 clientes que demonstraram interesse em receber o produto no ano que vem, a maior parte da Europa e do Oriente Médio, embora haja interessados em outros locais, inclusive do Brasil. Segundo a empresa, os pedidos já garantem a demanda por mais de um ano.
Os testes com carga na primeira planta tiveram início em agosto e apresentaram bons resultados, possibilitando o início da operação da primeira planta ainda neste ano. Uma segunda planta em Tubarão tem inauguração prevista para o início de 2024. Juntas, terão capacidade de produzir 6 milhões de toneladas por ano.
A produção dos dois primeiros anos será destinada a testes nas instalações desses clientes. O produto desenvolvido pela Vale reduz em até 10% as emissões de gases de Efeito Estufa (GEE) no alto-forno e pode possibilitar, no futuro, a produção de aço de zero emissão, quando o hidrogênio verde estiver disponível.
“Estamos oferecendo um produto que apoiará nossos clientes, os fabricantes de aço, a se adequarem às metas de redução de emissões que estão sendo adotadas por governos em todo o mundo, contribuindo para o combate à mudança climática”, afirma, em nota, Eduardo Bartolomeo, presidente da Vale. “Além disso, estamos induzindo a neoindustrialização do Brasil, que será baseada na indústria de baixo carbono, e cumprindo mais uma vez a vocação da Vale de âncora do desenvolvimento regional”, acrescenta.
Também em nota, o vice-presidente executivo de soluções de minério de ferro, Marcello Spinelli, ressalta que o interesse demonstrado pelos clientes deixa a mineradora confiante de que o briquete veio para “revolucionar a produção de aço”. “A descarbonização da siderurgia se dará em etapas. Na primeira, nossos clientes estão buscando formas de aumentar a eficiência operacional na rota de alto-forno, reduzindo o gasto de energia e, consequentemente, diminuindo emissões de CO2. Nesse estágio, o briquete já faz diferença. E na etapa final, quando o hidrogênio verde estiver disponível, o briquete contribuirá para a produção de aço de zero emissão, o que será feito por meio da rota de redução direta, considerada mais ‘limpa’ que a do alto-forno.”
O briquete é produzido a partir da aglomeração a baixas temperaturas de minério de ferro de alta qualidade, utilizando uma solução tecnológica de aglomerantes que confere elevada resistência mecânica ao produto final. Anunciado pela Vale em 2021, o produto emite menos particulados e gases como dióxido de enxofre (SOX) e o óxido de nitrogênio (NOX) quando comparado aos processos tradicionais de aglomeração, além de dispensar o uso da água em sua fabricação.
O desenvolvimento do briquete teve início no Centro de Tratamento de Ferrosos (CTF) da Vale, em Nova Lima (MG), há cerca de 20 anos. A ideia de aglomerar minério de ferro por meio da briquetagem não era nova, mas os pesquisadores tinham dificuldade de garantir que o produto mantivesse a integridade no alto-forno. A Vale desenvolveu uma solução de aglomerantes que resolveu esse problema.
No momento, a Vale está desenvolvendo a versão do briquete para a rota de redução direta. Testes foram realizados com sucesso, e a empresa já iniciou a primeira experimentação industrial, em um reator na América do Norte.
A produção de aço se dá, principalmente, por duas rotas: rota de alto-forno e rota de redução direta. O processo via alto-forno é amplamente utilizado pelas siderúrgicas ao redor do mundo, porém altamente intensivo em emissões devido à utilização de coque (produzido a partir do carvão mineral) como principal insumo. Nessa rota, o uso do briquete pode substituir a sinterização, etapa onde ocorre a aglomeração do minério de ferro, permitindo potencial redução das emissões de GEE dos clientes em até 10%.
Já para a produção de aço via rota de redução direta é utilizado o gás natural como alternativa ao coque. Nesse processo, briquetes e pelotas são utilizados para produção de HBI (hot-briquetted iron ou ferro-esponja) – produto intermediário entre o minério de ferro e o aço –, que por sua vez é colocado em um forno elétrico para produção de aço com menor emissão do que a rota tradicional via alto-forno.
Fornos de redução direta são utilizados em regiões com abundância de gás natural a preços competitivos, como é o caso do Oriente Médio. No ano passado, a Vale fechou acordos com Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Omã para a criação de “mega hubs”, complexos industriais destinados à produção de HBI, inicialmente tendo o gás natural como fonte de energia. No futuro, com a utilização de hidrogênio verde no lugar do gás, o HBI pode viabilizar a produção de aço verde, com zero emissão de GEE. A mineradora também assinou duas parcerias para estudos de viabilidade desses complexos industriais no Brasil e nos Estados Unidos.
O briquete está incluído na estratégia da Vale de reduzir em 15% as emissões de escopo 3, relativas à cadeia de valor, até 2035. A empresa já assinou acordos para oferecer soluções de descarbonização com mais de 50 clientes, responsáveis por 35% dessas emissões. A Vale também busca reduzir suas emissões líquidas de carbono diretas e indiretas (escopos 1 e 2) em 33% até 2030, como primeiro passo para zerar suas emissões líquidas até 2050.
Fonte: Valor Econômico
Clique aqui para ler o texto original: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/12/12/vale-inaugura-primeira-fabrica-de-briquetes-do-mundo.ghtml?li_source=LI&li_medium=news-page-widget
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