Veja os destaques do primeiro dia da conferência DataSmart Shipping – Aplicando Tecnologia para extrair valor

mar, 25, 2025 Postado porSylvia Schandert

Semana202513

O evento DataSmart Shipping reuniu especialistas, profissionais do setor e acadêmicos para debater o futuro do transporte marítimo, destacando o papel fundamental da tecnologia e da inteligência artificial na transformação do mercado.

A abertura foi marcada por vídeos das empresas patrocinadoras FTRade e Horus, preparando o terreno para uma jornada de conhecimento e inovação. Em seguida, Andrew Lorimer, CEO da Datamar, compartilhou uma visão inspiradora sobre como a tecnologia pode impulsionar o crescimento empresarial. Lorimer destacou que a produtividade pode aumentar drasticamente com o uso das ferramentas certas, possibilitando que tarefas que levariam horas sejam realizadas em segundos.

Entre as discussões centrais, emergiu a importância de extrair valor de grandes bases de dados. A análise de dados com o auxílio de IA foi apresentada como uma maneira de obter insights precisos e estratégicos, abrindo caminho para decisões mais assertivas e ágeis.

Outro destaque foi a palestra de Marcos Paulo Silva, CIO da Datamar, que abordou a preparação para 2025, ressaltando o papel dos algoritmos avançados na otimização de rotas e no transporte marítimo autônomo. A digitalização continuará revolucionando a documentação e os processos burocráticos, criando um roadmap para o futuro do setor.

Os desafios tecnológicos também foram amplamente debatidos, com ênfase em:

  1. Modernização de sistemas legados.
  2. Integração de novas ferramentas.
  3. Segurança cibernética.
  4. Adaptação a regulamentações que não acompanham o ritmo da inovação.

A capacitação da força de trabalho foi identificada como um desafio prioritário, demandando estratégias de upskilling e reskilling, programas de formação interna e certificações. A conexão entre o mundo corporativo e a academia foi apontada como essencial para impulsionar a inovação, com destaque para a pesquisa operacional como ferramenta de apoio à tomada de decisões.

O Professor Marcos Santos, do IME, apresentou ferramentas computacionais aplicadas à avaliação de entrada e expansão de mercado para linhas de navegação, demonstrando a relevância de modelos matemáticos e a lisura que conferem aos processos decisórios.

Painel 1

No Painel 1 da Conferência DataSmart Shipping, Rodrigo Lima, Sênior Business Executive do Google Cloud, apresentou como ferramentas computacionais e inteligência artificial estão revolucionando o setor de shipping. Ele destacou o uso do Cortex e do Vertex AI para otimização de estoque, a aplicação de IA Generativa na cadeia de abastecimento para criar rotas inteligentes e otimizar a distribuição de frotas, além de facilitar a visualização de relatórios e análises personalizadas baseadas nas necessidades de cada operação.

Rodrigo também compartilhou cases de sucesso, como o da UPS, que utiliza o Google Cloud para otimizar sua rede logística global com análise em tempo real; o do Mercado Livre, que reduziu o tempo de entrega para menos de 48 horas; e o da Blue Apron, empresa de Nova York que aprimorou a segurança alimentar e a eficiência nas remessas com monitoramento inteligente de rotas e qualidade em todo o processo. Esses exemplos demonstram como a tecnologia está impulsionando a agilidade e a eficiência no setor.

Fabiana Morgante de Alencar, IT & Cyber Security Manager da BTP, destacou como a digitalização e a análise de dados têm aprimorado as operações portuárias, impulsionando a maturidade digital da empresa. Um dos principais projetos foi a implementação do primeiro 5G privado em um terminal de contêineres no Brasil, garantindo conectividade eficiente em um pátio de mais de 400 mil m², permitindo o monitoramento em tempo real de todos os equipamentos e otimizando rotas e processos.

Além disso, a BTP investiu em iniciativas de automação e rastreabilidade, elevando a performance e a segurança das operações. Fabiana também enfatizou a importância do letramento digital e do uso consciente de tecnologias como IA, reforçando a necessidade de cautela com a cibersegurança no manejo de dados sensíveis. Esses avanços não apenas aumentaram a eficiência, mas também reduziram custos e riscos operacionais, consolidando a BTP como referência em inovação no setor portuário.

A palestra de Thiago Santos, Diretor de Estratégia Corporativa do Grupo Unimar, destacou como a tecnologia e a análise de dados são fundamentais para embasar decisões estratégicas no transporte de contêineres. Com 20 anos de experiência na empresa, Thiago explicou o papel do agente marítimo como um facilitador local que mitiga riscos e maximiza oportunidades, comparando-o a um agente de turismo. Ele ressaltou o uso de ferramentas como as da Datamar para mapear oferta e demanda, aplicar análises preditivas e identificar oportunidades, sempre filtrando os dados para evitar o “lixo informacional”. Durante a pandemia, a rápida adaptação às mudanças do mercado evidenciou a importância de respostas ágeis e planejadas.

Após o painel 1, o Professor Miguel Lellis, da Casnav, abordou a otimização da logística marítima através do uso de dados e modelos matemáticos para melhorar o planejamento e a eficiência operacional. Ele destacou a importância de conectar academia e setor corporativo para resolver desafios como a integração multimodal, regulamentações ambientais e gestão de armazenamento.

Miguel defendeu a análise cuidadosa dos processos e dados antes de aplicar tecnologias avançadas e ressaltou a necessidade de focar no retorno sobre o investimento (ROI), garantindo que as soluções tragam redução de custos e aumento de eficiência. Como exemplo, citou um projeto em Portugal que reduziu em 48% o tempo de operação portuária e em 41,85% as emissões de gases.

Painel 2

O painel apresentado por Gustavo Lacerda Coutinho, da Receita Federal do Brasil, discute o uso de tecnologia e bases de dados do governo para melhorar a análise de risco, a facilitação do comércio e a inteligência de mercado. Ele detalha projetos e sistemas como o BatDoc e o SISAM, que visam melhorar a eficiência e reduzir custos nas operações de fiscalização aduaneira.

BatDoc é uma solução simples que agiliza a conferência de documentos relacionados à importação e exportação. Ela compara a documentação apresentada com os dados submetidos ao sistema da Receita Federal, destacando divergências e permitindo uma fiscalização mais rápida e eficiente.

Já o SISAM, um sistema de aprendizado de máquina em uso desde 2015, é uma ferramenta que aprimora a seleção de declarações para inspeção. Baseado em análise estatística e aprendizagem contínua, ele identifica padrões de erro, como erros de classificação fiscal e de alíquotas, contribuindo para reduzir a taxa de seleção para inspeção, que caiu de 10-12% para 2,2-2,3% nos últimos anos.

O painel também menciona o uso de análise de imagens para detectar anomalias nas cargas e verificar discrepâncias entre a carga declarada e a carga real.

Esses projetos destacam o papel da tecnologia na modernização e otimização da fiscalização aduaneira, facilitando o comércio exterior e melhorando a segurança e conformidade tributária.

Fernando Serra, da ANTAQ, falou sobre a Identificação de Riscos na Aduana: Como a Análise de Dados e a IA Detectam Fraudes Comerciais. A análise de dados e o uso de inteligência artificial têm se mostrado aliados essenciais para identificar riscos e combater fraudes no comércio exterior. A ANTAQ, com mais de 20 anos de experiência na coleta e tratamento de dados portuários, desenvolveu sistemas robustos que não apenas monitoram operações em tempo real, mas também fornecem insights valiosos para a regulação e fiscalização.

Com a integração de diversas bases de dados — da Receita Federal ao comércio exterior —, a agência consegue cruzar informações e detectar padrões suspeitos, prevendo problemas antes mesmo que aconteçam. Além disso, a transparência dos dados tem permitido que o mercado e a academia acessem informações de qualidade, gerando estudos e aprimorando políticas públicas.

A combinação de tecnologia, conhecimento técnico e dedicação de equipes especializadas tem elevado a eficiência dos portos brasileiros, transformando dados brutos em inteligência estratégica para um comércio mais seguro e transparente.

Já Lucas Sanches, da WiseTech Global, falou sobre Bases de Dados e Estatísticas Portuárias: Desafios e Oportunidades para Agências Reguladoras

No cenário portuário atual, a qualidade e a precisão dos dados são fundamentais para tomadas de decisão mais assertivas e para a otimização de processos regulatórios. Entretanto, lidar com milhões de registros representa um desafio significativo para agências e empresas do setor.

A chave para extrair valor desses dados está em saber formular as perguntas certas. Não basta apenas ter acesso a grandes bases de informação — é preciso entender o problema e traduzi-lo em consultas bem definidas. Isso potencializa a análise e possibilita resultados mais relevantes.

A tecnologia, especialmente a inteligência artificial, surge como uma aliada poderosa nesse contexto. No entanto, o verdadeiro diferencial está em quem sabe conduzir o processo: entender o problema, criar prompts eficientes e interpretar as respostas com senso crítico são habilidades essenciais para navegar nesse novo cenário.

As agências reguladoras, ao focarem em melhorar a qualidade e a disponibilidade dos dados, não só aprimoram a fiscalização e a transparência, mas também contribuem para um ambiente de negócios mais eficiente e competitivo.

O futuro é promissor para quem souber fazer as perguntas certas.

Painel 3

Na apresentação de Marcelo D’Antona, ele abordou as práticas internacionais de colaboração no compartilhamento de dados portuários e as lições que o Brasil pode aprender com esses modelos. Marcelo destacou a importância de compartilhar informações de forma eficiente entre os diversos atores do setor, citando um exemplo de Recife, onde a falta de informações atualizadas sobre a chegada de navios gerava ineficiência nas operações. Ele mencionou o caso do Port Community System (PCS) de Hamburgo, que, ao integrar dados entre diversos órgãos e países, aumenta a eficiência e reduz custos, além de evitar erros e melhorar a gestão portuária. Marcelo também falou sobre o uso de tecnologias como IoT e gêmeos digitais para otimizar o planejamento e a operação dos portos, citando a experiência de uma empresa que, ao automatizar decisões, conseguiu economizar toneladas de combustível e milhões de dólares.

Marcelo concluiu enfatizando os benefícios de ter um sistema integrado e digitalizado para melhorar a eficiência das operações portuárias, especialmente ao coordenar a chegada de grandes navios. Ele ressaltou a complexidade do processo e a necessidade de adotar tecnologias que possibilitem decisões automatizadas e precisas, sendo essa a chave para otimizar o desempenho dos portos e reduzir custos, como demonstrado na economia significativa observada na experiência de Hamburgo.

Na palestra de Roberto Paveck, especialista do setor portuário, ele compartilhou suas experiências sobre as iniciativas de colaboração e compartilhamento de dados nos portos, destacando a importância de criar um ambiente cooperativo entre as empresas. Roberto enfatizou que, em sua visão, as oportunidades no setor portuário podem ser mais eficazmente alcançadas por meio de colaboração entre empresas do que com novas tecnologias. Ele destacou sua experiência na Autoridade Portuária de Santos, onde liderou a criação de uma norma de inovação (NAP), permitindo acordos de cooperação com startups, sem envolver recursos financeiros, mas promovendo o compartilhamento de dados e informações. Esse ambiente colaborativo resultou no desenvolvimento de soluções inovadoras, como um gêmeo digital do Porto de Santos, que utilizava dados batimétricos de rebocadores, e gerou resultados positivos, com algumas startups recebendo investimentos e reconhecimento.

Roberto também abordou duas grandes oportunidades para o setor portuário: a redução da ociosidade nos caminhões e a implementação de sistemas de Port-Community Systems (PCS). Ele explicou como a logística colaborativa, que compartilha ativos e informações, pode diminuir o problema dos caminhões que retornam vazios, reduzindo custos logísticos em até 20%. Em relação ao PCS, Roberto mencionou os benefícios da integração de sistemas para otimizar o fluxo de informações nos portos, citando exemplos como a redução da burocracia e a economia significativa observada em países como a Holanda e Dubai. No entanto, ele também ressaltou os desafios de criar uma colaboração efetiva dentro do ambiente portuário, onde existem diferentes culturas empresariais e interesses conflitantes, destacando a importância de uma visão compartilhada e de uma autoridade portuária neutra para liderar esses processos colaborativos.

Já Paulo Medeiros, da Procomex, falou sobre “Integração de sistemas governamentais e privados – desafios e oportunidades no Brasil”. Perguntado pelos participantes, ele explicou como o processo de envio de perguntas para a Receita Federal funciona: as perguntas são enviadas previamente à Procomex, que as encaminha à Receita. Durante a reunião, a Receita já traz as respostas para as questões enviadas anteriormente. O objetivo principal dessas reuniões é promover o diálogo e esclarecer dúvidas do mercado, como questões sobre atrasos ou como fazer o envio de APIs, por exemplo. Inicialmente, apenas os mantenedores da Procomex participavam dessas discussões, mas a entidade está aberta a todos e busca responder a qualquer dúvida relevante.

A conferência continua nesta quarta-feira.

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